A Minha Sanzala

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17 de dezembro de 2004

continuando a estória

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Conversas de Café
Comde mesmo eu ia?Mermão, te falei do cair da noite, te falei do dobrar da esquina e do canto da sala. Te conto com a verdade de que não sei esconder, que eu estava mais assustado que susto em dia de trovoada. Apaguei a luz outra vez e fiquei assim com os olhos todos abertos como quem num quer perder mesmo nada do acontece no mundo, limitado que estava na casa. Assim como num repente, pulei do sofá, susto mesmo quase de morte morrida, com os berros que comecei a ouvir. Maginas mesmo como eu estava, mermão. Nem perfume de zulmarinho era capaz de arrefecer o bate bate que queria sair do peito. Procurei e não é que era os berros das minhas camisas de côr berrante dentro do guarda-fatos e gavetas do psichet. Tava a ver mesmo, mermão que tinha que ir para dentro do zulmarinho buscar a paz que me estava já a faltar. Para descontrair, mermão, comecei a pensar nas primas lá do oriente, nas do ocidente, do norte e do sul. Mas estava mesmo com nada. Acho mesmo que a atenção arterial central e periférica tinham atingido o vermelho que não é saia. Fui na cama, roupa vestida, só sapato foi tirado, num tevisse que levantar e ir a correr num licenciado qualquer pedir licença para viver. Estava mesmo quase a adormecer, mermão, quando ouvi assim um barulho de rasgar pano, um tzzzzzzzzzz, que ao mesmo tempo assustava e fazia eu voltar ao estado de panico de quem vê os últimos minutos da vida a correr por ela toda. Levantei num rompente, e depois de vasculhar tudo, mesmo debaixo da cama, descobri que tinha sido mesmo o romper da aurora.Aí mermão, agarrei-me numa loira gelada, escutei o marulhar desse zulmarinho e adormeci para acordar hoje e te poder contar que afinal as pequenas coisas de um dia só são mesmo desse dia.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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