A Minha Sanzala

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19 de janeiro de 2005

Continuo no parapeito

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Conversas de Café
Mermão, desculpa só mesmo continuar de costas a olhar o zulmarinho, bebendo umas e outras birras bem geladinhas.Não, mermão, não estou doente, não estou cansado, não tenho xateação com ninguém. Quero mesmo, mermão, olhar só na linha recta que é curva do horizonte e ver se consigo alcançar o início deste zulmarinho que é a minha perdição de alegria e de sonho que comanda a vida.Tás a perfuntar, avilo, se este zulmarinho não é do meu gosto. Te desconsigo dizer que não gosto dele, prefiro mesmo é só o início dele. Tás a perguntar, avilo, se eu tenho alguma coisa contra esta areia que o zulmarinho acaricia. Te respondo, mermão, que nada tenho contra ela, que só lhe posso querer bem. Mas, mermão, gostar gostar é mesmo da areia que está lá no início deste zulmarinho. Vê se comprendes, mermão, gostar muito de uma coisa não obriga a ter raiva ou não gostar de outra. São coisas, mermão, que o coração sente e transmite lá na massa cinzenta e custa depois a passar para a mão e escrever. Mermão, é só sentimento.Olha só a côr deste zulmarinho. Pode ser igual, mermão, mas eu gosto mais da côr do início dele. Que lhe posso fazer?Mermão, manda aí mais uma geladinha que a goela secou. Dá um aperto no peito. É sentimento, mermão. Se calhar é mesmo paixão.Mermão, enquanto fico aqui no parapeito olhando a linha recta que é curva, bebendo umas e outras, vou imaginando degraus a ultrapassar para ver de perto o início deste zulmarinho.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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