A Minha Sanzala

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19 de janeiro de 2005

Um pôr-do-Sol

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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18-01-2005 18:27
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Conversas de Café
Senta aqui, mermão. Fica aí sentado que eu hoje fico em pé olhando o pôr-so-sol. Mas desquece de pedir as birras geladas, pelo menos a minha.Porque te falo de costas? Mermão, tem dias que não apetece nem mostrar a cara. Tem dias que a gente fala, fala, fala e não diz mesmo nada. Assim, mermão, para quê dar a cara? Olha aí só nessas mesas à volta. Se fosse gira-discos daqueles de discos pretos de 45 ou 33 voltinhas num minuto, petecia dizer mesmo que estava riscado de alto a baixo. Lhes ouves as conversas? Pois vais ver as palavras estão que nem cheias de teia de aranha. Ouve-lhes os palavrões, os gritos, lhes vês os gestos? Parece uma peça de teatro em cena vai para muitos anos. Me petece mesmo dizer que não convertem o Papa ao Islão.Manda aí outra, mermão.Pois é, mermão há dias que petece mesmo virar as costas e ficar a sentir o perfume que vem desse zulmarinho que tem agora tons de dourado por causa do sol que está a se deitar nele, apontado o início dele mesmo.Mermão, essa algazarra toda que tás a ouvir e que desliguei me fez lembrar uma coisa que te conto à minha maneira porque não sei contar colado com cuspe."Uma dona está na cozinha, a fazer um ovo estrelado, serena, pensando em num sei lá o quê mesmo, quando o marido chega e começa a lhe gritar:- Cuidado! Cuidado! Joga mais óleo! Antes que ela tivesse tempo de fazer ou dizer mesmo alguma coisa, ele continuou: - Vai colar no fundo! TEM CUIDADO! Vira, vira, vira! A mulher começou a ficar nervosa e ele continuava: - Olha o cabo da frigideira! Meu Deus! O sal! Não te esqueças do sal! Então ela protesta: - Ouve aqui mesmo! Por acaso tu achas que eu não sei fritar um ovo? - Eu sei que tu sabes, meu doce - respondeu ele - Eu só quero que tu saibas como eu me sinto quando conduzo e tu estás do meu lado!"Pois, mermão, a vida tem dessas coisas, por mais que expliques tem bué que desconsegue ver mais além que o umbigo herniado do egocentrismo académico. Pois é, não sei o que te disse mas cheirou a bonito.Manda lá vir uma outra birra geladinha, aqui para o parapeito da esplanada que parece quer entrar no zulmarinho.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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