A Minha Sanzala

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4 de janeiro de 2005

Uma carta à cidade

"Fio": Os da cidade e os do mato!!!

carranca
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Hoje, 18:45
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Conversas de Café
Eu gosto muito de ser do mato. Melhor dizendo, gosto mesmo de ser do deserto apesar de ter nascido no mato. No deserto a vista alcança mais longe porque não tem barreiras de cimento a tapar o horizonte, tem sol que não é filtrada por nuvens de fumos de escapes de carros último modelo que engarrafam as estradas que não servem para andar porque os outros não deixam, tem vento com pequenos grãos de areia que picam como que fossem alfinetes e na cidade se está vento tens de olhar em frente senão vais chocar com miles de pessoas que caminham no sentido oposto ao teu.Eu gosto muito de ser do mato. Melhor, do deserto apesar de ter nascido no mato.Para conhecer todoas as pessoas do deserto só preciso de saber o apelido - a memória já vai faltando para alguns nomes e caras - enquanto os da cidade para se conhecerem têm de fundar Associações dos antigos moradores do Bairro Popupalr número dois, dos antigos alunos do liceu não sei quantos, dos frequentadores da esquina da Lello e por aí adiante.Eu gosto muito de ser do mato. Melhor, do deserto apesar de ter nascido no mato.Não tenho depressões porque os cajos que são da cidade pessam que são mais intelectuais que eu, porque viram primeiro que eu o filme Marron Brandão e coisas dessas, mas afinal eles esquecem mais depressa porque a seguir tiveram que ir a correr para o Chá das Cinco ver o Rafael a cantar, comprar o último livro das Caçadas de algum caçador que nunca saiu do conforto do sofá da casa que tÊm no mato, mas como eles, os da cidade não sabem, ele escreveu todas as histórias inventadas e eles acreditam - está no livro....Eu gosto muito de ser do mato. Melhor, de ser do deserto, apesar de ter nascido no mato, porque posso arrotar que não tenho miles de olhos a castigarem-me, posso beber á vontade que qualquer um sabe onde me levar se eu perder o norte e não ficarei desesperadamente estendido numa esquina qualquer a curtir os efeitos, utilizando como almofada os líquidos estagnados e fermentados do estômago que são espelidos involuntariamente.Prontos, gosto de ser de onde sou!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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