A Minha Sanzala

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14 de março de 2005

Prisões 4 - Verdade II

"Fio": Prisões

carranca
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Verdade II Hoje, 15:31
Forum: Conversas de Café
Dizia eu lá para trás que a verdade era uma armadilha. Pois bem, resolvi, para continuar, baralhando e dando de novo algo sobre a verdade.
Quando parei de me preocupar com a verdade, senti todas as correntes que me prendiam a se quebrarem. Só quando parei de me perguntar:
o que ela diz é verdade?
será que ele mentiu?
consegui realmente abrir-me para o mundo. O que é que tem se me mentem? Uma outra grande libertação foi libertar-me de me importar. Eu não ligo. Podem mentir. Podem inventar. O que me importa?A verdade não vale nada.
O momento é que me importa.
Importa-me sentar com uma amiga e me deliciar com o que ela conta sobre a sua noite anterior. E todos os seus detalhes sórdidos, incluindo o sexo e os seus preliminares. E, depois disso, uma outra amiga que estava ao meu lado, uma amiga que tinha acompanhado enciumada e atiçada toda aquela cena (que foi mais discreta do que possa parecer, mas uma mulher repara, óbvio, sempre), disse, entre os dentes, irritada, que era óbvio que aquela história era inventada. Ela só estava a querer atirar-se a mim!
Esse comentário já é tão mesquinho para mim que até sinto dificuldade de compreendê-lo. Libertei-me da prisão da verdade há tanto tempo que me espanta ver quanta gente ainda anda acorrentada ao chão. E as pessoas, claro, também se assustam comigo quando digo que não me interessa se é verdade ou não, que nem ao menos pensei nisso, que nem ao menos considerei essa possibilidade, que não considero essa possibilidade agora nem nunca considerarei porque ela é totalmente irrelevante, totalmente simplória e mesquinha. E me olham como se eu fosse um bicho, eu sim, o simplório, o otário, o que cai em qualquer conto. E não entendem que eu não ter me questionado se a história era ou não verdade não quer dizer que a tenha engolido, isso também seria simplório.
Por agora páro por aqui e voltarei se me apetecer a falar de verdade.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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