A Minha Sanzala

no fim desta página

24 de abril de 2005

Prisões 36 - As prisões dos outros (I)

"Fio": Prisões

carranca
Respostas:
166
Visualizações:
3422
As prisões de outros (I) Hoje, 18:30
Forum: Conversas de Café
Há prisões que partem de conceitos e preconceitos. Duns e de outros encontro-me livre. Assim, na tentativa de libertar prisioneiros, usando neurónios, dedos e livros procuro as soluções para oferecer. Assim, começando sempre por um início tento fazer uma definição perceptível à não intelectualidade morosa e complicada de palavras por vezes sem significado.
Para muitos o acto médico é um simples exercício profissional, uma actividade para a qual se põe em prática os conhecimentos do saber médico. Este olhar que o define como acto técnico não permite revelar o componente sócio-cultural em que se subscreve.
Assim sendo, é necessário identificar os seguintes componentes:
- a intencionalidade tanto do médico como do paciente, explicita e implícita, que de uma ou outra maneira têm a haver com os conceitos e expectativas de vida e morte, assim como as interpretações sobre o corpo, a saúde e a doença;
- as práticas codificadas no saber médico dinamizadas a partir das intencionalidades do médico e do paciente;
- a ordem preestabelecida sobre a experiência, demarcando o espaço interior próprio e temporalidade definidas.
Todos estes componentes se articulam simultaneamente, para transcender o simples acto, o que nos permite reconhecer, em consequência, como um acto complexo.
Apesar desta complexidade, o acto se repete invariavelmente como um ritual, no interior do qual os participantes têm definido a sua actuação segundo a ordem preestabelecida.
O ritual se inicia no momento em que o paciente entra no gabinete médico, no momento em que a pessoa se converte em paciente.
Através de uma verdadeira objectividade o médico tenta limpar-se do campo intermédio da subjectividade, como que actuasse a partir de analogias, com a finalidade de diagnosticar com precisão, chegando à 'inquestionavel' verdade que legitima o diagnóstico como garante primordial para a cura.
No gabinete, este delírio guia o acto médico, o ritual que mais não é que o encontro do médico com a doença, marcado pela ausência de uma verdadeira interacção entre dois sujeitos, sabendo que a doença desfaz o ser humano.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Sem comentários:

Enviar um comentário

recomeça o futuro sem esquecer o passado