A Minha Sanzala

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22 de setembro de 2005

Usando as garrafas...fazendo novo Zulmarinho - XV

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Usando as garrafas...fazendo novo o Zulmarinho - XV Hoje, 19:38
Forum: Conversas de Café

Silêncio...No vazio do quarto, ensurdecido pelo som melancólico de uma banda qualquer de adolescentes, afundo-me no silêncio do meu interior, procuro-me.
Passam-se os dias à velocidade vertiginosa de 24 horas por dia e eu continuo sem novidades de uma simples garrafa que leva dentro dela parte de mim. Não tenho a menor ideia onde ela andará, em que mares navegará. Se ela se tivesse partido ou afundado eu teria conhecimento, pois as desgraças sei-as sempre.
Reflicto no que se tem tornado esta vida. Divagando e confuso fecho os olhos para melhor ver os pensamentos. O tempo arrasta-se e confunde-se com o vacilante pulsar do coração, cansado ou apenas exausto de passar uma vida a bombear sangue pelas minhas entranhas, alimentando um corpo que trás dentro de si arrependimento, ódio autofágico das incertezas, das decisões não tomadas nas horas certas, sempre desejando que o segundo a seguir passe, esquecendo que existe o segundo presente.
Os sons da cidade me despertam do torpor e caio em mim, sem ruído ou sobressalto. Parece-me ouvir o som do zulmarinho no seu vai e vem constante e ritmado das 7 ondas. Será essa uma das ondas que me trás o que eu digo que não me interessa?
Essa música que ouço seria interpretada de forma diferente se tivesse sido tocada noutros tempos? Seria ela subestimada com toda certeza, mas hoje ela faz sentido, todo o sentido do mundo. Toda uma época que é feita de mudança. Mudam-se os corpos, mudam-se os pensamentos, mudam-se as correntes e as modas. Mudam-se, que eu não me consigo mudar. Mil tentativas feitas e nem uma resultou. Volto sempre ao interior de mim e igual ao anterior.
Neste escuro da vida, qualquer fresta de luz faz-me lembrar o teu sorriso, lindo na sua frieza, apaixonante na sua malícia, inebriante na sua maldade. Pudesse eu definir-te!
És tudo o que eu queria e ao mesmo tempo és quem mais me faz mal.
O que posso eu fazer para me livrar deste tumor no cérebro que nenhum exame é capaz de detectar, que não ocupa espaço, sem afectar nenhuma função importante para que eu possa viver em paz? O teu ar, o teu perfume, tudo de ti está sempre dentro de mim.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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