A Minha Sanzala

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4 de outubro de 2005

Usando as garrafas...fazendo novo Zulmarinho - XXV

Há algumas perguntas ainda que preciso de me refazer. Há algumas respostas em que não me sinto com capacidade de produzir pensamentos, não encontro solução nos livros do tempo. Simplesmente não sei responder. Eu sei que a nossa vida não se resume a perguntas e respostas objectivas e que não é possível apostar nos livros na vida real. Eu sei. Eu estou dentro das horas, eu estou lúcido da realidade. Tanto quanto outros que conheço. Mas fazer-nos perguntas, muitas vezes, gera um movimento e todo movimento indica uma direcção. Vou descobrir, em cada segundo, para onde devo caminhar. Para que possamos ter futuro. E também irei esperar um dia de chuva para poder chorar sem ser notado, sem que tu me vejas atolado nas toneladas pesadas de um arrependimento.
De tudo o que eu te disse, o que realmente é importante é que eu fiz uma opção. E ela não te incluiu. E o problema é que tu sabes. Como sabes também as condições condicionantes dessas opção, as certezas absolutas que nunca tive, o filme animado que sonhei ter filmado, a utopia de uma visão.
Se vim até aqui, tanto tempo depois, quase um nada afinal, não foi por insistência, mas sim, e apenas, por necessidade, por afirmação das dúvidas, pela incerteza de tantas certezas que estavam erradas.
Onde é que isto tudo vai parar? Esta questão, inclusive, é a que move a minha vida e minha razão de viver. A minha capacidade de não conseguir ler o futuro com as páginas lidas no passado. Além do mais, eu sei que manter uma vida de incertezas não é uma tarefa árdua, uma missão impossível assim, porque meia vida já a vivi assim.
Meia vida é muita coisa, se pensares bem. É o tempo suficiente para que uma outra vida seja formada, tempo para que se mude uma vida ou, no meu caso, tempo demais para uma vida que não muda.
É certo que fiz muita coisa. Formei-me, ganhei prémios, saltitei cidades, fiz amizades, fizeram-me inimizades, declarei-me um ateu-graças-a-deus, quiseram bater-me, bebi demais, fui chato, conheci fadas e duendes e até concertos de banda de rock assisti, dei broncas, escrevi de tudo e até poesia! Esta para exercitar minhas pretensões literárias para que, quando resolvesse escrever-te uma mensagem, eu tivesse pureza para o fazer. E ficou tudo registado aqui no cérebro que tu tens vindo a invadir qual doença incontrolável. Está lá tudo documentado que, de vez em quando, povoa os meus sonhos.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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