A Minha Sanzala

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16 de novembro de 2005

retratos soltos

Sigo pela ruas sujas de poeiras milenares misturadas com flores e folhas secas, interrompidas aqui e ali por buracos geometricamente anárquicos, por debaixo das árvores seculares, pisando o chão salpicado de sombras, luzes e surpresas, olhando para as paredes das casas aquecidas pelo sol, para os becos escuros de estradas irregulares, para os buracos precariamente tapados com terra, para as nesgas de céu por entre os prédios, para a fumaça sufocante dos carros, para os meninos de rua, para os mendigos, atento aos esbarrões das pessoas, aos sinais fechados, aos azuis e brancos mais que lotados, tentando não perder cada segundo do meu olhar, fixando cada pormenor, cada rosto, cada olhar, numa aparente tarefa hercúlea. Sigo pelas grandes avenidas onde tudo se vende, desde pilhas às mais sofisticadas coisas supérfluas, pelos mais estreitos becos onde passar é já de si um acontecimento. Sigo absorto na capacidade de apreensão de cada milímetro.
No meio disto tudo, deste mundo de cores, cheiros e movimentos digo uma simples frase:
- também tu aqui?
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

4 comentários:

  1. Também gosto dessa tua capacidade de ver/retratar pelo coração...
    E por vezes as imagens pintadas em letras trazem côr a olhos adormecidos...
    Tazaver né?
    Armanda

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  2. Tá bem! E depois por onde devias andar e sentires e olhares e tacteares e ouvires e saciares o gosto das coisas e saberes a mar e amar? É mesmo nas formas corpóreas da tua eterna namorada.

    Fifer

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  3. Andei por Luanda com as tuas palavras...
    Bj Bé

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