A Minha Sanzala

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14 de dezembro de 2005

Uma estória verdadeira (16)


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Uma estória veradeira (16) Hoje, 00:58
Forum: Conversas de Café
Noite bem dormida. Nem zumbido daquele malvado, que dizem é fêmea que pica mas desconsegui lhe ver o sexo, que parece andava à minha procura foi suficiente para me retirar do merecido descanso e de manhã não vi nenhuma marca no corpo.Banquete de pequeno-almoço ainda não são 8 horas. Mas vou hoje mesmo aonde? Acho mesmo vou só passear por essa Luanda, assim como antigo colono que se metia no mar sem saber onde é que vai aportar. Vamos ver meu corpo de estar parado aguenta andar mesmo sem destino pré-fabricado. Passo por Alvalade. Que raio de nome haviam de arranjar para dar a uma zona. Mas ninguém não é perfeito e eu não estou aqui para discutir nomes seja de quem for seja de que lugar seja. Depois foi descida e passeada no Mukulusso. Pensei ainda me estão a enganar com esse nome, vais ver é asneira e depois como eu vou sair dessa. Mas que não me enganaram é verdade mesmo. Lhes conheci ruas e ruelas. Lhes tropecei nos buracos já que olhos olham para cima e pés não vêm senão quando lhes falta um bocado do passeio. Mas não estou nem preocupado com isso, porque lhes vejo andam a arranjar quase em todo o lado. Vais ver, qualquer dia não sabes nem onde estás já que vai ficar uma cidade igual que nem as outras. Mas esta tem a vantagem de ser como é também por causa das gentes que tem, por causa do calor que tem, sendo a sua identidade devida à luz da atmosfera e da sua cor, numa linha que se conjuga nas linhas quase rectas das avenidas e os labirintos dos seus bairros que lhe engolem quase na totalidade. Paro na Sagrada Família e me sento na escadaria que este corpo não foi feito para andar assim feito turista de pé de chinelo. Só mesmo está habituado a popó que não é para dar show mas apenas que se eles inventaram a máquina foi mesmo para eu lhes dar uso. Camiseta e calção faz calor que apetece mesmo tirar tudo. Mas não sou doido e doidamente tenho de aguentar. Lhes tento contar os carros que andam na velocidade zero à volta da referida Igreja. São mais que muitos. Prefiro olhar as caras. Ver os rostos e tentar descobrir o que lhes vai lá dentro. Dotes não foram feitos para isso. Vi gente alegre porque gargalhavam entre eles, vi gente que me pareceu triste porque não lhes vi sorrisos nem falas. Mas se nesses eu visse alguma dessas coisas eu ainda ia lhes dizer que vi malucos que riam e falavam sozinhos.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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