A Minha Sanzala

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27 de dezembro de 2005

Uma estória verdadeira (26)


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Uma estória verdadeira (26) Hoje, 20:43
Forum: Conversas de Café
Os desencantos são poucos porque já lhes estou a dar o desconto por ver que toda a máquina está a funcionar e que daqui a pouco tempo tudo estará diferente e os desencantos serão estórias de outras eras, motivos de conserça em salão, café e coisas do antigamente. Algumas poucas horas dormidas na velocidade contrária à do trânsito que me espera e já é hora de preparar a jornada. Assim mesmo como posso estar de cara sem olheiras, ter força para acompanhar dona amiga na ida ao Benfica ver os artistas de rua ou a rua dos artistas que está combinado para um buraco na agenda? Vais ver não vai ser hoje que o tempo está mais apertado que cinto em gordo. Se começa o dia com ida ao prédio do Jacaré que mais não é que o Jacaré da Lacoste, ver se está tudo a correr conforme o tabelado. Uma falha. Aqui não está a ser cumprido o horário de entrega. Só mesmo depois do almoço, me disseram num sorriso como que a quase garantir que também nessa hora a minha vinda vai ser em vão. Seguimos depressa, porque o tempo aqui é medido sem ser no relógio, para o prédio onde tem mesmo que deixar a identificação. Desta vez parece tudo foi mais fácil. Parecia era já da casa. Cartão com mola na lapela e lá sigo pelo cuidado jardim até que na escadaria lhe vejo alguém que eu pensava ia ter uns quase dois metros de altura. Tantas as estórias que ouvi dele contarem nestes muitos anos que passaram, que, sem nunca lhe ver a foto ou me lembrar de a ver, lhe fiz um retrato virtual. Saiu mesmo foi um desenho todo errado. Pequeno, sem peso, seco de ossos, cabelos grisalhos, sorriso fácil e verbo simples e rápido. Afinal os heróis são mesmo como a gente, pensei para mim. Lhes falei das minhas coisas, lhes ouvi as respostas que estava à espera e que eram tal e qual eu queria. Lhes falei de outras coisas. Lhes falei do musseque vertical, falei de tantas outras coisas. Em todas recebi respostas. E lhes disse, parecia eu estava já a fazer parte deles, que lhes ia cobrar as promessas que me estavam mesmo ali a fazer. Resposta rápida numa aposta que quem não cumprir vai pagar jantar. Despedida já não foi mais de aperto de mão, foi mesmo de abraço. Troca de cartões e números de telefone. Ficou combinado encontro já no início do próximo ano. Me vieram mesmo que trazer até nas escadas. E eu não levei nem gravata nem milhões de notas de cores diversas. Foi mesmo só registos de cabeça, transferidos em resmas de papel branco com ajuda de uma impressora sem valores. Ideias, unicamente. Resplandecentes, penso eu e pelos vistos eles também.
As vias de comunicação, com aposta forte nos caminhos de ferro, vai resolver muito problema. Realojamentos. Educação. Saúde. Justiça. Transparência.
Eu lhes vou cobrar e eles sabem que eu vou mesmo.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

1 comentário:

  1. Não há duas sem três! E eu preocupado se sobrar para mim. Se calhar julgas que a amizade é só para beber birras, falar mal e não é estarmos solidários com aquilo que consideramos justo e certo. Não te esqueças. Talvez eu e tu e mais gente é da boa colheita de 56. Força na pena que é como quem diz, na verga, que o livro vai sair.
    Um abraço, maroto

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