A Minha Sanzala

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22 de dezembro de 2005

Uma estória verdadeira(23)



"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Uma estória verdadeira (23) Hoje, 18:14
Forum: Conversas de Café
Olha mesmo se eu tenho algum encontro combinado para hoje. Havia de ser o bom e o bonito. Ou dizia a tudo que sim ou dizia que não. Hoje parece dia de não haver meio termo. Ou termo no sentido de palavra. Capacidade para pensar hoje mesmo é nula. Mas …
Apanho boleia e resolvo ir, palas tuas ruas menos congestionadas a caminho do aeroporto. Não, não é para apanhar avião para destino nenhum. É mesmo só para ir ver um treino de futebol e encontrar miúdo que joga ali e lhe conheço de outros lugares, mesmo do meio do Oceano Atlântico. Miúdo de muitas estrelas quer com a magia da bola nos pés quer como amigo. Bob me reconhece e parece que esfrega o olho só para ter a certeza que não é miragem nem pesadelo que lhe está na frente, mas uma imagem real que corresponde à minha pessoa de mim mesmo. Abraço prolongado no tempo. Palavras ditas, soltas e simples. Olhos de cumprimentos com respeito, admiração e amizade. Como é bom ter amigos assim. Lhe bombardeio com perguntas. Me responde com olhar de emigrante na simplicidade que lhe reconheço faz mais anos que muitos. Fica combinado um encontro para mais falações. Mais lições. Assisto ao treino. Meu amigo que é mesmo treinador me dize que lá na tugália se eles trabalhassem como estes miúdos aqui te digo que não havia nem brasis nem outras terras. Dá-lhes só condições e vais ver onde vão parar. Olho para ele embevecido. Será mesmo que quando chegar na Alemanha eles vão ter essas oportunidades e condições. Pelo sim pelo não, já me foi dado uma camisola, comprado um boné e um cachecol. Só falta agora mesmo fazer a festa. Mas lá nos outros lugares eles vão ter condições também? Perguntei eu a pensar mesmo no meu Kimbo. Vais ver que sim, foi muito importante este apuramento. Mesmo até para a identidade Nacional, rematou ele como que a dar-me treino que eu compreendi. Ficou marcada nova visita, mesmo no Final da final da Taça.
Mais um encontro na agenda que parece que também vai ter de ser revista e aumentada.
Regresso a casa. Não me lembro se tenho alguma coisa combinada pra jantar. Lhe acho que sim mas mais vale prevenir que remediar.
Chego e não há programa. Mas vai passar a haver. Casal amigo telefonou a dizer que vai passar aqui para me ver e apertar meus ossos.Mais coisa menos coisa, chegaram a horas. Bebe-se um café. E se acompanha com um digestivo. Conversa atrás de conversa, ela é a minha reaça preferida e ele amigo de peito deste tempos de gatinhar. Ela era a criança vaidosa na sua mini saia e mini honda. Ele, que sabe sempre tudo e raramente tem dúvidas, continua igual que nem ele mesmo e quase sempre com razão. É por isso que eu lhes gosto e não tem razões de ordem discutórica para a retórica. Lhes gosto e ponto final, com ou sem parágrafo. Outros tempos que se viam com outros olhos. Falámos, conversamos coisas de ontem e de hoje e se calhar também do amanhã. Todas as conversas que possa ter são poucas. Quero saber tudo porque tou sedento de saber. Quero estar mesmo que seja nos esgotos da verdade desde que seja aí que se saiba. Foi bom esta visita que me fizeram. Me encheram a alma de alegria. Ficou combinado outro encontro um dia destes. Vais ver mesmo vou ter que esticar os dias para caber tudo neles. Acho mesmo vou virar homem elástico, pois vais ver eu não consigo arranjar tempo para tudo e mais ainda vou ter que voltar mais depressa para pagar as dívidas de prometimentos não cumpridos.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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