A Minha Sanzala

no fim desta página

4 de janeiro de 2006

Uma estória verdadeira(32)


"Fio": Um café na Esplanada
carranca
Respostas:
1999
Visualizações:
50319
Uma estória verdadeira (32) Hoje, 17:20
Forum: Conversas de Café
O kadengue que foi connosco e não lhe interessa essa conversa de pré-cotas lhe atira a linha de cana de pesca para longe depois de pôr a isca que nem eu sei bem o que era pois que no meu tempo só se ia à pesca no sentido figurado da rede. Vais ver, miúdo, hoje os peixes estão de férias que nem te pica unzinho para te encher de alegria. Mas também o que conta isso se tu mesmo estás a gostar de estar ao lado destes mais velhos que parecem têm a tua idade. Mana mais velha mas não tanto parece engoliu um disco riscado pois só ri parece não acabam as anedotas. Ouve-se no imaginário o sino a tocar para meter combustível nos estômagos mais que vazios. Regresso à volta da mesa e se agarram as muitas merendas do pic-nic e num auto-serviço se vai aviando umas e outras até que mermão com barba cor de cinza se agarra no violão e recanta músicas de serenatas de então. Intercala com uma e outra nova que lhes desconhecia. Mermão, acho mesmo que desconseguia ver-te como professor e ver-te bem como tocador dessas músicas de intervencionada intervenção. Cai assim uma gota desse mar que ficou retida no olho, resvalando pela cara. Te gosto cada vez mais, mermão. Lhe acompanha noutra voz a filha aí do camba mais novo. Direitos de lhes representar eu pedi mas me disseram que não. Que eu não tenho jeito. Ponto final parágrafo no assunto porque eles mesmo sabem que é mesmo essa a razão. Se passou assim, música atrás de música até que no final da tarde lá estava o arrumar das gimbambas que os barqueiros estavam aí para o retorno ao continente que lá ao longe se une nesta ilha que é península.
Arrumadas as coisas nos carros é hora de ir beber o último copo onde havíamos começado o dia. Mesa grande rodeada de muitas cadeiras, lá se sentaram os que podiam, que os outros ficaram mesmo em pé. Na hora de voltar do Mussulo vais ver toda a gente faz aqui paragem obrigatória para retemperar forças da viagem da festa. Acabou agora mesmo o campeonato de futebol e o meu clube não é campeão. Vejo festas no ecran de uma televisão e desconheço mesmo quem foi que ganhou. Pergunto numa outra família que estava ali mesmo a ver a bola. Me responderam perguntando qual era mesmo o meu clube. Eu lhes respondi e eles me disseram mesmo assim, então perdemos! Daí fui na casa de banho verter as águas e no regresso os mesmos me perguntaram se eu tinha ido aliviar o líquido da derrota. Rimos e ali naquela mesa de quem eu não conheço vertemos mais uma para afogar a nossa tristeza de termos perdido, se bem com clubes diferentes.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Sem comentários:

Enviar um comentário

Podcasts

recomeça o futuro sem esquecer o passado