A Minha Sanzala

no fim desta página

14 de março de 2006

Uma estória verdadeira (71)



Arrumámos as coisas no quarto. Quem terá sido quem dormiu neste quarto? Isso importa alguma coisa depois de tantos anos? A mim não, pelo que saltei já essa parte. Eu conhecia quem cá morava mas nunca tinha passado para além da porta. Banhinho quente e refrescante, que é como quem diz, banho refrescante com água assim naturalmente morna. Fomos dar mais uma volta. Era noite. Foi só como que assim um estudar do terreno. Deu para eu pensar que a cidade estava congelada desde o dia que eu sai. Eu sei que parece importância maior da minha parte mas foi isso que eu senti e se eu não dissesse a verdade estava a mentir pelo que eu digo-o. Tal e qual. Mentira. Tem rua nova que é avenida de quatro faixas que circunda toda a cidade, desde a estrada para Tombua até mesmo no cemitério, passando pela Igreja nova e quase no quartel da Tuga. Pelo menos é assim que vem na lista telefónica. 5 estrelas eu digo dessa coisa nova. Estava a cidade iluminada com os seus candeeiros e não dava para ver muitas coisas assim como com a natural luz, mas deu para ver que o parque infantil está cercado a toda a volta para obras. Mais tarde me disseram que era para abrir no dia dos 30 anos que é daqui a 10 dias. Lan foi ter connosco ao jantar. Ou a gente é que foi ter com ele? Igual, que o jantar decorreu na mesma, no restaurante simpático que fica pertinho da ponte velha da Praia das Miragens. Ponte que me lembro de um kota bem velhinho ter-me dito noutras eras que viu ali descer um de tal D. Luís de qualquer coisa. Pois a ponte servia os escaleres que ajudavam os passageiros dos vapores a vir até terra. Tempos em que não havia o porto comercial. Dados nunca confirmados por mim que sempre acreditei nas palavras dos kotas mesmo daqueles que não tinham andado na escola e não sabiam do Capelo Ivens nem do Paiva Couceiro, e naquela altura eu estava mais virado para outras coisas do que saber as coisas da História. Jantámos bem sim senhor, que o serviço é quase bom. Falta só limar umas arestas e prontos. Depois fomos verter uns escoceses ali debaixo das casuarinas, a seguir ao Clube Náutico num bar muito simpático de nome Murianga. Dedos de conversa que duraram bons pares de horas até que alguém se lembrou que amanhã também é dia e não vale gastarem tudo hoje. Ainda deu para estar com o Xonas, camba de outras eras e que continua igual que nem os anos passam por ele, mesmo na porta do trabalho dele. Vais ver ele desvia dos anos. Uns quantos dedos mais de conversa e mais um encontro marcado para o jantar.
lá consegui meter as fotos.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Sem comentários:

Enviar um comentário

recomeça o futuro sem esquecer o passado