A Minha Sanzala

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16 de maio de 2006

Carta de amor à beira mar


Como é que eu vou adivinhar que existo se hoje, quando caminhava na areia que se chama à beira-mar eu me olhei no zulmarinho e ele estava tão transparente que eu não consegui nem ver o meu reflexo nele. Olha se não tem reflexo não pode ter flexo. Logo eu não existo. Mas se não existo como é que ficam meus pés marcados aqui na areia das mil cores?
Já estou a ver que hoje caminho sem sentido. Não, não desmaiei. Simplesmente os meus neurónios estão assim como que paralisados de transparência. Olho-me com olhos de ver ao perto e ao longe. Olho-me para dentro de mim. Existo? Claro que sim. Tenho sonhos? Claro que sim. E se olhares assim como que fixamente para lá da linha recta que é curva e que parece está a limitar essa quantidade de zulmarinho que a tua vista alcança, vais ver que se vê bem o meu sonho. O meu sonho não está à mão de semear, está a umas braçadas de mar.Porque me conheço como nunca poderei ser, como nunca quererei ser, o meu sonho se transformará em realidade e o meu riso voltará ao rosto de onde nunca devia de ter saído. Outros contos, outras léguas, outras milhas. Serei como a areia e o mar, a tua pele sincera debaixo do teu sol. Os teus beijos inocentes de um amante usado e experimentado. O teu sabor o teu odor. O néctar da verdade que exalavas por todos os cantos.


Sanzalando em Angola
Carlos Carranca e Amigos

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