A Minha Sanzala

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3 de agosto de 2006

Girar ao contrário

Anda, vamos fazer a nossa caminha em direcção ao nada, que pode ser muito ou pode ser pouco, pois como sabes aqui a gente conta só é a capacidade de conseguir sonhar. Umas vezes sim outras nem por isso, mas é assim que a vida corre, a vida se vive no tempo que se vive e no que não se vive. A gente quer estar sempre no primeiro, por isso não percamos tempo e caminhemos, passos firmes nesta areia mole de mil cores.
Não vá um ódio te encontrar e te levar ao mundo. Há que ter muito cuidado com os ódios. Eles viajam no planeta a uma velocidade que quando tu olhas ele já te agarrou e te levou. Záz e já está. Deves estar sempre muito atenta e ser rápida para os evitares. Sabes, os ódios não têm uma forma definida. Eles são assim como os camaleões, porém mais completos porque também ficam com a forma, não só a cor. Como te dizia, os ódios correm numa berrida estonteante de mais de mil metros por segundo e se te ocupam num instante mais instantâneo que uma foto. Se não os consegues soltar bem rapidinho te fazem uma chuva tropical dentro de ti, com raios e trovões, e te fazem girar o mundo ao contrário.
Os ódios nunca estão paradinhos, serenos e quietos. Eles avançam num avançar constante e progressivo e a recuperação pode ser muito lenta e perigosa. Me acredita que sabes que eu só te falo verdades. Podes mesmo não ficar curada e viverás assim com chuva tropical dentro de ti para sempre, sentirás uma dor surda, cega e muda sem pausa para a reabilitação.
Quando passeias neste vai e vem, sentindo a maresia te entranhando estás mais ou menos imune a ele. Mas se olhas na tua volta e vês alguém que caminha num caminhar que não sabes nem como definir, ar perdido, esbatido num pálido a roçar a transparência ofuscante de ausência de cor, um olhar que não vê, uma voz que mais parece um gemido, te cuida que esse aí foi entranhado por um ódio.
Me acompanha e conseguirás evitar os ódios, mas continua desperta e não te distraías. Já reparaste que falta uma palavra na minha boca hoje?
Sanzalando

4 comentários:

  1. Por vezes me sinto eu próprio uma ilha cercada de ódios por todos os lados!

    E não é moleza construir uma ponte de ligação com a verdadeira amizade e fraternidade...

    Um abraço

    Nelsinho

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  2. Viva Carlos:

    Mas é esse "movimento" que faz a vida ter interesse.
    Nada há pior do que a monotonia...nem que seja boa.

    Um abraço,


    Novo artigo no EG a merecer o teu comentário.

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  3. Nelsinho:
    infelizmente vemos ódio em cada segundo. Nós é que temos de ter a capacidade de não ser contagiados. Custa mas tem de ser. Só assim a vida é vivida e não gasta.

    JAMostardinha:
    assim o é. Nada pior que a monotomia.

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  4. ódio que passa de pessoa pra pessoa, um lugar contaminado por um leva a todos..assim como aquela história da maça podre certo?! Mas quantas forças vamos precisar para não sermos contaminados, já que somos seres humanos bem fracos por sinal!Tão duro quanto necessário.
    Adorei os escritos
    abraços

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