A Minha Sanzala

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23 de setembro de 2006

05 - Estórias no Sofá - Num Bairro periférico - 3 de 4

Um dia, um vizinho pescador, que rondava a idade de Antero também morreu. Esse sabem foi de coração. Não foi só de morte falecida. Esse tinha razão para ter morrido. Morreu na cama do hospital porque o coração se cansou de ir todos os dias enfrentar as ondas e de ver os peixes a se reduzirem no pequeno barco.
Velório mais composto que o de Antero se é que se pode fazer comparações nestas coisas de funerais e afins.
A família de Antero compareceu em peso. Mas ao pé do morto falecido do coração só foi mesmo a Mariana. Que interesse tem ir ver o Zeferino ali frio e morto, parece foi o que pensaram os cinco galfarros, mais vivos de corpo e de maneiras de gente da cidade.
André, o mais velho dos filhos de Antero ficou na porta da velha capela a observar a mãe que se ia despedir de Zeferino. Lágrimas muitas mas menos gritos do que quando foi o Antero na mesma excursão. Aí André viu que a mãe, quando se baixou parecia ia dizer um segredo ao morto, deixou uma carta lá perto da cabeça falecida. Mas o que é isto que os meus olhos estão a olhar, terá ele pensado. Coisa que não fazia muitas vezes, diga-se. A curiosidade foi enchendo dentro da cabeça parecia queria explodir como pote de barro. Resolveu também ir se despedir de Zeferino. Afinal ele às vezes lhe pagava uma ou outra bejeca lá no velho carvoeiro, merecia este sacrifício. Disse um segredo na orelha do Zeferino, quer dizer, parece foi dizer, mas só tirou mesmo o envelope que rapidamente escondeu no bolso das calças.
Como o funeral era só mesmo na manhã do dia seguinte, foram para casa descansar que não eram família para estar ali a guardar o corpo toda a noite.

Sanzalando

2 comentários:

  1. Olá Carranca!

    Vim e fiz o update do que estava perdendo durante o tempo que fiquei meio por fora!

    Grande abraço

    Nelsinho

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  2. Eu sei que sempre que ouderes fazes o update.
    Um grande abraço amigão

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