A Minha Sanzala

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19 de dezembro de 2006

Palavras

Caminho como se caminha num dia de ausência de mim. Alheio-me donde estou, para onde vou ou mesmo de quem sou.
Soletro palavras que sinto saírem do coração mas que sei são palavras ditadas pelo ondular zulmarinho que se espraia em mim. São palavras que voam livres sobre o azul do zulmarinho, sob o azul celeste do céu. Palavras que têm asas, não conhecem limites. Palavras vazias, palavras cheias. Em que ficamos? Não ficamos, simplesmente. São palavras que têm de ser ditas, porque se as não disser acabam mortas por não poderem ser livres e voarem nas suas asas. Nada quebra uma palavra que não o facto de a não dizer.
Olho à minha volta. Vejo-te como sempre a meu lado. Calada. Séria. Inexpressiva como são as sombras. Sabes que só lastimo não ter dito todas as palavras no momento certo. Matei-as ao calá-las.
As minhas palavras têm de voar alto porque são palavras com asas, expelidas do meu peito, sentidas com o meu coração. São palavras com desejo de serem livres, saborearem o sol, sentirem a maresia, acariciarem a brisa.
Ó dúvida!

Sanzalando

2 comentários:

  1. Viva Carlos:

    É isso, e vou mais longe, por enquanto é um "artigo" que não paga imposto.
    Palavras livres só podem provir de homens livres.
    Que esse estado de coisas nunca acabe... essa é a verdadeira essência do ser humano.
    Um abraço,

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  2. O que seria da vida, se fosse navegada apenas nas certezas? As dúvidas são o tempero que nos leva ao sonho e à liberdade.
    SJB

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