A Minha Sanzala

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27 de junho de 2007

Caminhos (1)


Olha só como é que eu estou. Assim mais ou menos como que entalado entre o céu e a terra, encarcerado sem liberdade, e vejo como única saída possível é fugir para a linha do horizonte. É por isso que eu caminho sobre o zulmarinho, subindo e descendo ondas, parando nas passadeiras para que os barcos passem, pulando sobre rios de água gelada que lhe correm na indiferença da mistura. Quando quero descansar paro à sombra duma nuvem. Aqui parado consigo ver as aves que parecem me imitam, só que caminham no céu usando a sua leveza de ser. Elas me olham e devem imaginar coisas deste que caminha sobre o zulmarinho na direcção da linha recta que é curva. Eu devo ter dito em voz de pensamento que sorte eles têm de poder voar, porque ali naquele deserto de mar eu ouvi um voz quase muda me dizer que não é por voar que se é livre, pois não pode voar mais alto que as nuvens altas, portanto era um prisioneiro do céu. Na minha voz de pensar retorqui, porque não sou de ficar calado, que a prisão dele era mais larga, mais ampla que a minha, bastando lhe dar uso nas asas. E recomecei a marcha sem saber se houve resposta ou não, em direcção à linha recta que é curva que me parece sempre à mesma distância independente do comprimento dos meus passos.
Cada passo eu vivi um pensamento. Posso conhecer a terra mas não lhe sei os segredos. Posso conhecer o céu, mas não lhe consigo tocar. Uma toupeira conhece melhor a terra que eu, pois lhe está mais perto do coração. Mas ela não lhe pode ver porque os olhos não lhe permitem ver. A toupeira é prisioneira da terra também.
Mudei a velocidade dos passos encurtando o seu cumprimento e segui rumo à linha recta horizontalmente curva.
Fui bafejado com a visita de golfinhos. Lhes imaginei a sorte de nadarem livremente por aquelas águas. Mas meu pensamento deve estar surdo porque devo ter dito em voz alta uma vez que o delfim que parecia quem era o mandador daquele rebanho me olhando nos olhos me respondeu que só podia sair daquela água para morrer, pelo que era um prisioneiro deste zulmarinho por onde caminho.


Sanzalando

8 comentários:

  1. Viva Carlos:

    Há aqui qualquer "coisa" que juntaste ao template do blog que está a mandar o IE "abaixo" e a impossibilitar os comentários.
    Eu estou a fazer este porque interrompi que aparecesse toda a página no monitor.
    Á tua atenção.

    O texto está giro.
    Neste zulmarinho podes ver golfinhos... no fim da "recta que é curva" acho que isso não é possível... ou é?

    Um abraço,

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  2. Amigo Jotacê:
    Sabe, as suas palavras não se aparentam nada com um texto em prosa. Cada frase, cada vírgula, cada som, assemelham-se a uma bela poesia. Uma bela poesia que o habita no pensamento. São versos lindos! Versos que, com o trato que lhe dá, valorizam toda a imensa ternura e dedicação pelo zulmarinho que sempre foi seu. Olhe, estou perplexo, atónito, deslumbrado. Um dia, alguém irá recordar aqui o que escreve, sei lá, talvez deliciado e, como eu, cada vez mais com palavras indecisas perante o que comentar.
    Talvez, ficasse melhor remetido a um silêncio respeitador,venerador, sonhador, vendo uma realidade bem expressa de que não poderei nunca escrever tão bem.
    Um Bem-Haja sincero.
    Abraço amigo
    pena


    Nota: Deixei dois pedidos de desculpa ao meu amigo WF que não tratei de maneira adequada. Aqui fica mais um: DESCULPE!
    pena ou poliedro, tanto faz.

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  3. JAMostardinha
    obrigado pela diga. Já fui testar noutro PC, num portátil e com ligação à net por dial-up e não tive maka, como se diz na minha terra. Deve ter sido um temporário problema do blogger, Se te ocorrer de novo me avisa que eu 'limpo' mais o template

    Abraços e cá te espero um dia para a prometida loira geladinha

    Pena/ Poliedro
    Com satisfação o vou lendo, aqui e lá no outro canto.
    As suas palavras são sempre elogiosas, arranje lá uma ou outra para malhar neste autor, não se vá ele convencer que aprendeu a escrever

    Abraços de grande amizade e simpatia

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  4. Oi anjo estava aqui conhecendo seu blog, nossa me encantei parabéns é bem criativo esse mundo azul. Quero lhe oferecer meu award para blog encantador, vc merece. E pedir se achares que mereço, um votinho no site Flor de Luz, estou em votação lá. Esta no post o link, e tem uns presentinhos la em forma de agradecimento. Anjo vou te linkar ta, quero estar todo dia aqui. bj

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  5. Vais ver que todos nós temos as nossas prisões, uns lhe as conhecem outros outros fingem não as conhecer. O que interessa mesmo é a inteligência de ser livre dentro da própria prisão, agarrando o infinito da imaginação que sempre atravessa a nossa existência e nos abre portais sem princípio e sem fim. Seremos mais tristes que os outros, pois conhecemos os limites, as paredes que nos contêm???.. poderá ser, mas vivemos numa certa paz desse conhecimento.
    SJB

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  6. Viva Carlos:

    Parece que tudo está bem... desta feita a página "correu" lindamente.

    Não sei se irei ai abaixo, a minha filha está a acabar as férias e isso torna as coisas mais dificeis, mas tu podes cá vir com a familia um fim de semana e ficas cá em casa.
    Da outra vez foi visita de "médico" :-)

    Um abraço,

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  7. Mas que raio.. quem é este "pena ou poliedro" ? faz-me lembrar os tempos de antigamente.- perplexo, atónito ,deslumbrado, repeitador venerador, que diabo ainda não percebeu que até o próprio autor está incomodado.Toca a criticá-lo para ele se aprimorar ainda mais.

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  8. anónimo :


    Ponto 1 : O autor não sabe escrever mas faz um esforço para aprender .

    Esta afirmação é falsa !...logo...

    Ponto 2 : O poliedro é um chato (por ser uma pessoa autêntica).

    Deve deixar de ser chato e passar a ser uma pessoa cínica (com total desprezo pelos seus princípios e estilo de decência comunicativa ?)

    Ponto 3 : Percebo o comentário do anónimo .
    Os panegíricos são do antigamente ( mais propriamente do século XIV)

    E creio que (excepto na simplicidade e destinatário) a forma encaixa no estilo (fora do tempo ?)

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