A Minha Sanzala

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3 de junho de 2007

um vitral no zulmarinho


Te senta aqui a meu lado e descansa os pés, repousa a cabeça na areia de mil cores e vamos viajar na magia dos sonhos sonhados com a imaginação e o querer.
Olha só o final do zulmarinho até parece um vidro azul de tão quieto que está. Vais ver está só a reflectir na vida dele.
Se eu tivesse aqui umas tintas, dessas que dizem ser tinta de água, eu lhe pintava uma paisagem e lhe ia chamar de vitral. Depois, quando ele ia acordar, assim mais ondulado, o vitral se mexia e parecia aqueles brinquedos de ver numa posição uma coisa e noutra outra coisa.
Estás a ouvir o que eu te estou a dizer ou estás a pensar que te estás nas tintas para o que eu te digo?
Como tu sabes, às vezes a vida te indica um caminho, que não é propriamente aquele que tu queres seguir, mas tens que lhe agarrar, mesmo que seja só por necessidade. Se já tentaste aquele que tu caminho que tu pensas é o teu e por razões que a razão desconsegue explicar não deu certo, então entras na realidade, baixas a cabeça e segues por essa necessidade. De cabeça baixa e braços caídos segues o caminho e logo alguém te diz que não te preocupes porque há de chegar o dia que vais pelo caminho escolhido. Olha-lhes nos olhos e pensas nesse consolo tonto, sabendo que a realidade é mesmo assim.
A tua cabeça baixa não quer dizer que desististe, pode dizer mesmo que o peso do que pensas te verga mas não quebra.
Os teus olhos deixam cair uma ou outra lágrima, a tua boca solta um raro lamento. A tua cabeça fervilha de ideias que começar de novo.
Olhas para trás e te perguntas quantas vezes podes começar de novo, e não consegues achar a resposta.
Segues o caminho com cabeça baixa e braços caídos, mas não te roubaram a capacidade de sonhar, a força de lutar pela escolha do caminho. A estrutura mental não desabou, só tens mesmo é que lhe mudar de roupa e começar de novo. Sei que jamais serás a formiga a caminhar no carreiro, como uma ovelha por esse caminho. É, lá dentro está a força da razão de ser.Já viste como o vitral mudou de forma assim num repente que até parece mais bonito nas formas do início do zulmarinho.


Sanzalando

4 comentários:

  1. O que escreve parece uma chamada de atenção. Um apelo. Um terno chamamento por alguém. Um vitral é sempre um vitral. Algo de majistralmente belo. Refere aspectos similares que, na melodia das palavras expressas com sensibilidade, me fazem lembrar um verdadeiro vitral muito significativo para mim, encantado na sua construção doce, singela e pura da minha melhor amiga.
    Parece imaginação, afecto, que tenta falar. Tenta conversar. Num diálogo de sonho. Num sentir profundo. Gigante mesmo, é como o defino.
    Sempre olhei as pessoas nos olhos.
    Quando conquisto a sua expressão, lhe leio o olhar e, o entendo, baixo-os respeitosamente. Por respeito. Por estima. Por consideração.
    Esse vitral, o magnífico, não me deixou indiferente. Diferente é, ou assemelha-se muito à diferença. Acreditem ou não, é diferente por não me ser indiferente. Somente saltei-o para não o enfrentar. Era deslumbrante. Por isso, evasão ou paixão? Não sei. Sinceramente não sei. Sei que baixei os olhos respeitosamente e segui o trajecto do meu olhar de nada, que não confundi.
    Interpretem isto como melhor o sentirem.
    Este sentir veio do fundo da alma. Da minha alma que nunca me abandona ou distraí. Acompanha-me por onde vou. Onde estou e se calhar...não devia estar?
    Desculpe este momento de evasão. Sinto-o, como pura evasão.
    Com respeito.
    Obrigado por me deixar dizer isto sem significado visível.
    Obrigado.
    pena

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  2. É meu amigo ! Mas, porque tem o meu caleidoscópio as cores quentes de África ? Porque não surgem cores claras de azul bébé ou rosa? Gosto de ler tu ! Me baralhas na tua sabedoria e fico pensando nas frases no alcance delas. Tu...escreve sempre.

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  3. Ficar nas tintas com a cabeça a fervilhar com mil idéias. Apenas idéias que antes mesmo de se concretizarem, já estão cansadas de tanto serem arquitetadas.
    Deixar estar, apenas uma trégua, um lugar para descansar. Deitar a cabeça e sonhar a magia dos sonhos, sem pressa de acordar, porque ao acordar tudo estará como estava antes, nada mudou.
    O vitral ainda é o mesmo, não mudou a forma e nem é mais bonito, apenas é o que é.
    Deve haver um significado oculto para ser dessa maneira.

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