A Minha Sanzala

no fim desta página

30 de setembro de 2007

como é bom

Me sento aqui e recordo como é bom passear ao longo do zulmarinho, marcando o meu caminhar com o ritmo do marulhar e inspirando o sabor salgado da maresia.
Como é bom contemplar a luz do sol ou da lua se reflectir de forma imaginária no espelho ondulado desse zulmarinho que trás os recados desde lá do outro lado da linha recta que é curva.
Como é bom sentir a areia fina das mil cores sobre os pés.
Que bom que era eu agora saborear o sabor salgado… e imaginar-te a meu lado no teu suave caminhar de silêncio.

Sanzalando

ESTRANHO, MAS HABITÁVEL (pacote1)



Sanzalando

29 de setembro de 2007

perfume de tempestaade

Me sento aqui e procuro na profundidade da minha memória o suave perfume duma tempestade tropical. Me chegam à imaginação imagens de sombras reflectidas num relâmpago, sons da terra e do céu em compassos dispersos. O céu parece vai explodir em cada momento.
A chuva cai violenta sobre o meu corpo que tilinta de frio, mas que deve ser mais é medo.
Tudo me vem à memória, excepto o perfume que procuro.
Dizem-me que é cheiro a terra molhada, mas para mim, recordando outras horas é mesmo um perfume que só se cheira em dia de tempestade tropical.
Já não tenho memória com sabor a perfume!






Sanzalando

ESTRANHO, MAS HABITÁVEL (pacote1)




Sanzalando

28 de setembro de 2007

por amor

Me sento por aqui com a alma por lá, o que quer dizer que estou onde não estou ou coisa que o valha. Mas eu te explico: eu estou aqui, onde me sento, mas eu viajo pelas ondas do pensamento, pelo que já nem sei mesmo onde é que eu estou ou deveria estar.
Na verdade, de tanto ter pegado nas minhas asas, de tanto ter viajado por essa magia enorme que é o pensamento, que elas às vezes parecem quer desistir de me levar. Me custa cada vez mais começar um voo e o meu coração sofre em cada aterragem de regresso.
Às vezes mesmo apetece é largar as asas e caminhar com os pés em terra firme.
Mas afinal de contas eu lhe faço por amor.
Mas sempre ouvi dizer que por amor tudo se dá e tudo se troca, por amor rimos, choramos e sofremos. Por amor fazemos loucuras.
Mas afinal de contas o que tem o amor para nos fazer ser assim?

Sanzalando

Porque hoje ainda não é sábado!



27 de setembro de 2007

equilibrista

Me sento aqui e transcrevo em sons as palavras que saem soltas e livres do pensamento. Não faço filtragens porque me libertei dessa prisão. Falo as palavras tal e qual elas são, tal e qual lhes imaginei. É, vais ver sou um anarquista pela negativa. Não gosto e lhe digo, não consigo e demonstro, não acredito e se nota. Mas assim eu acho que desmonto o presente e não construo o futuro. Na verdade nem sei o que isso é. No ontem já não posso tocar, no presente é o que se vê, no futuro fica a interrogação.
Mas hoje eu penso que a vida é assim percorrida como entre duas linhas, assim como as cordas dum equilibrista no palco dum circo. Damos os nossos passos sempre à procura do equilíbrio entre o que pensamos, o que sentimos, o que fazemos e o que nos deixam fazer. Nunca estas parcelas são assim coincidentes pelo que tal como esse do equilibrista precisamos de ter uma ajuda que nos dê a estabilidade. Muitas vezes não lhe encontramos, nem sempre lhe conseguimos.
Assim me sento por aqui e lhe procuro.

Sanzalando

ESTRANHO MAS HABITÁVEL (pacote1)



26 de setembro de 2007

na vanguarda

Me sento por aqui e sinto uma vontade enorme de caminhar na borda do zulmarinho, descalço, como que a querer regressar às minhas origens. Aqui não me chega a maresia, não ouço o suave marulhar nem vejo os reflexos do sol a lhe espelhar pequenos pontos brilhantes.
Mas me apetece regressar a esse suave caminhar, deixar que ele me molhe os pés e que me salpique uma ou outra lágrima. Me apetece espraiar na areia de mil cores e ficar ali a levitar de sonho em sonho até ao sonho final.
Mas a verdade é que não me deixam ver o zulmarinho. Me mandam ver pinheiros e matas, estar longe do seu ar salgado e húmido.
Mas se eu pudesse eu ia ver o mar, levava um redbull, um ipod e um telemóvel.

Sanzalando

ESTRANHO MAS HABITÁVEL (pacote1)



25 de setembro de 2007

sonhos

Me sento por aqui e tento analisar um sonho. Decomponho-o nas suas múltiplas parcelas. Quer dizer, eu tento, mas ele é de puro cristal, substância delicada, brilhante depois de polida, composta por múltiplas camadas conforme são as ideias, numa rede de filigrana em forma de desejos.
Já percebi que o tenho que segurar com todos os cuidados, mãos firmes e delicadas, pois um pequeno abalo e se parte em mil pedaços que se desfazem em fumo.
A rapidez com que se pode destruir um sonho é inversamente proporcional à dose de paciência com que se foi construindo, inicialmente em forma de labirinto num acto de solidão e silêncio.
Consigo ver-lhe pequenos traços ainda em forma de rabiscos como que a querer dizer-me que está em construção. Os sonhos não param de crescer.
Aqui sentado não vou mais desconstruir os sonhos. Acho mesmo vou tentar vive-los.

Sanzalando

ESTRANHO MAS HABITÁVEL (pacote1)



24 de setembro de 2007

até eu

Me sento como é hábito sentar. Não falo. Nem uma única palavra me chega aos lábios. Vazei-me de ideias. Tremo. Não é de medo nem pânico. Simplesmente tremo por causa da febrícula que se instalou em todos os fins de tarde. Não sei o que se passa mas algo se passa. Eu sinto-o. Acho melhor ver o que está a acontecer. Amanhã verei num amanhã qualquer que eu tiver tempo. Não... não pode ser nada. Não é nada!
Amanhã deve ser outro dia, acho eu se fosse o La Palisse.
Deixa para lá...
Anima-te...
Encara de frente...
Coisas simples de dizer. Coisas difíceis de ouvir!
Ah! já tenho saudades do vento do perfume da maresia, do suave marulhar do zulmarinho nos dias de calmaria.
Até já tenho saudades de mim!

Sanzalando

ESTRANHO MAS HABITÁVEL (pacote1)



23 de setembro de 2007

delírios dum domingo

Me sento algures por aqui. Faz tempo escondi o sorriso atrás duma máscara de dor, desalento, tristeza e outras coisas assim mais cinzentas. Não foi voluntário porque é coisa que a gente nem tem capacidade de escolher. Acontece e marcam na forma de cicatriz, tatuagem da alma em decomposição.
Eu sei que um dia ainda vou rir deste tempo, um dia ainda vamos rir de tudo o que eu te falei, esquecendo estes dias cinzentos baços.
Não penses que foi teres deixado de me interessar e estar a caminhar para o divórcio de ti. Não foi a tua indiferença, como mandam as regras, que me derrubou do meu pedestal, que me atirou para o lado cinzento da vida. Foi mesmo a natureza dos acontecimentos.
Não, não te estou a renunciar nem a anunciar uma rotura. Faz muito tempo que decidi dedicar-me em vida a ti e essa decisão não lhe retirei. Talvez até te possa ter adiado por uns tempos. Talvez eu queira esconder dos teus olhos este meu lado cinzento e te fale ainda com as palavras suaves que tu me retribuis com os teus silêncios.
Não, não te estou a anunciar a minha ruína nem a minha suavidade é ficção nem cheia de engano nem tentativa desesperada de tu me receberes.
Deixar de te falar foi coisa que pensei, mas não me cansei de repetir-te o meu amor por ti.
Não, um dia ainda nos vamos rir como já rimos tantas vezes.

Sanzalando

ESTRANHO MAS HABITÁVEL (pacote1)



22 de setembro de 2007

segredos

Enquanto eu me sento por aqui e te falo com palavras e silêncios o que me vai na alma, diz-me se alguma vez me desejaste, se alguma noite pensaste em mim? Diz-me se ouviste os segredos que te contei inconscientemente, ao fechar os olhos? O que sabes de mim? Quantas das minhas lágrimas guardaste no baú das tuas memórias? Diz-me, sem ser no teu silêncio.
Já sei que me dizes que o melhor segredo guardado é aquele que nunca foi revelado.

Sanzalando

ESTRANHO MAS HABITÁVEL (pacote1)



21 de setembro de 2007

amor em pausa

Me sento por aqui como quem faz cara de pensador a pensar.
Me lembrei então que um dia eu queria escrever uma estória que podia ser um conto ou um romance. Escrevia, apagava e voltava a escrever. Uma eternidade de vezes, conto agora as vezes que o repeti. Pouco a pouco fui criando personagens, inventei situações. Parecia tudo tinha pernas para andar à velocidade da luz reduzida na capacidade dos meus dedos martelarem o teclado do computador.
Mas um dia, há sempre um dia para tudo, escrevia eu sem parar quando assim num repente tudo se esbranquiçou e parece que eu estava a pensar não com o cérebro mas com uma borracha. As ideias se tinham esfumado. Estava limpo. Liso como uma folha de alumínio cromado. Nem uma só passagem me vinha à mente. O romance, a estória de amor, o conto ou a novela, estava ali à minha frente em pausa sem que houvesse uma tecla para a fazer crescer como tantas vezes eu a tinha idealizado, mentalmente construído.
Pensei que era coisa de passagem. Parei e fui apanhar ar. Foi um ar que se deu.
Agora, cada vez que eu tento pensar longo, em grande, volta a acontecer o meu. Borrachei o meu cérebro, só pode. Vou fazer mais como então?
Entristeci como deves imaginar. A incapacidade de pensar longo deixou-me de mãos atadas.
É assim como que deixar um amor em pausa.


Sanzalando

Porque hoje ainda não é sábado!

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20 de setembro de 2007

observando um rx

Inspiro fundo e paro de respirar.
Click e já está, pode respirar.
Fracção de segundo em que entro na obscuridade que me envolve. Luz projectada nas minhas costas a me mostrar a memória recente do ataque de tosse.
Sensações que conversam comigo, se incorporam no pedaço de chapa translúcida, contornando silhuetas, nuvens dum céu cinzento. Uma zona negra e outra mais cinzenta. Tempestade no horizonte, gaivotas em terra, lágrimas vertidas embrulhadas em medo. Controlo, sinais de melhoria temporal dum temporal que parece ter passado.
Sem palavras se articularam obscuridades num reflexo de mudança de vida com vida.

Sanzalando

LAND ART, thirty six

19 de setembro de 2007

os amigos

Todos os momentos são preenchidos de palavras ou silêncios.

Desde que eu possa filtrar as minhas palavras nesta minha voz ciciada, tu sabes que eu estarei aqui a falar-te as minhas estórias, acontecidas, por acontecer ou apenas desejadas. Muitas delas, mesmo não se notando são magias da minha mente, fantasias do meu agrado, nuvens de fumo se erguendo no ar fechado deste canto solitário, pensamentos nascidos ali nos lados do coração, à esquerda duma aurícula, a caminho do versículo na sombra duma trabécula.

Muitas das estórias compartilhadas estão no estendal das palavras presas em molas de silêncio, pintadas em cor de utopias em telas de vivências e com muitas personagens em fato macaco de ajuda desinteressada. Tantas vezes foi necessário o apoio dessas distintas índoles, que só mesmo quem nunca tenha tido uma circunstância adversa não lhes reconhece a existência. Quem nunca sentiu o calor de um tudo bem? Ou de um como estás?



Sanzalando

LAND ART, thirty five



Sanzalando

18 de setembro de 2007

ó princesa

Aqui estou num para frente e para trás a gastar o tempo. É verdade que eu insisto em não pensar num futuro se tu não lhe pertenceres. Não me interessa o onde e o quando, porque eu estarei em qualquer lugar desde que seja contigo. E com isto me esqueci de viver o hoje como já tinha me esquecido de viver o ontem recente. Mas lá bem no fundo eu sempre tenho a esperança que haja um verdadeiro hoje, que ainda não é este agora, onde eu te possa viver com todas as ganas e formas do verbo amar.
Aqui me encontro numa vida feita conto e eu sempre soube que os contos têm um final feliz e eu me imagino a correr atrás de ti, ó princesa.

Sanzalando

LAND ART, thirty four



Sanzalando

17 de setembro de 2007

em cores de lágrima

Aqui estou eu sentado a pensar nas palavras com que caminho. Bem, pensar é uma forma de dizer porque elas saem directas do dentro para fora na velocidade vertiginosa das sílabas. Vejo o caminho e no que foi ontem nada lhe posso fazer por já foi, no de amanhã nada posso fazer também porque não sei mesmo qual vai, porque há-de ser. Assim percorro o caminho do hoje sabendo que os grandes amores e os grandes sofrimentos são mudos. Quando começam a ter a forma de palavras é porque já não são assim tão grandes, ou pelo menos a gente vê que eles nos pesam menos. E aqui estou eu sentado escrevendo em cores de lágrima as palavras que te digo. 

 Sanzalando

LAND ART, thirty three




Sanzalando

16 de setembro de 2007

divagações dum original

Me sento por aqui, onde faz um vento fresco e a loucura serena aparece a rodear-me como um saco de nostalgia. São estas carícias que me fazem sentir mais fora que dentro de mim, e me fazem rever os livros que nunca escrevi, as frases que nunca te disse, a ternura que nunca te retribui.
Me apetece permanecer de olhos fechados e ter a impressão que só vivi este segundo, sentimento de uso único, o reconhecimento de memória.
Me sento por aqui e penso nas mudanças, nas minhas mudanças e me perco nas minhas distracções, no ter uma estória de mudanças que cabe num instante, divagações de um original.

Sanzalando

LAND ART, thirty two


Sanzalando

15 de setembro de 2007

um dia... farei um ponto final

Me sento por aqui e calcorreio os meus caminhos, quilómetros de sonhos e imaginação, de angústia e lágrimas, de esperança certa, dúvidas concretas. Não sei se tenho os olhos abertos ou fechados, porque lhes vejo de qualquer forma e com grande nididez.
Neste caminhar vou ditando as palavras que me saem do sentir ou me chegam nas ondas desse zulmarinho que aqui termina e que aparenta estar-me distante.
Eu sei que as palavras ou os silêncios me humedecem os olhos porque envolvem o perímetro do seu corpo em sílabas de saudade e nostalgia.
Eu sei que vocifero uma cascata de interrogações, parêntesis, exclamações, aspas e eteceteras, num acompanhamento do trânsito que circula de modo arbitrário.
Ah, se eu pudesse falar só em monossílabos… passaria inadvertido pelos caminhos que imagino.
Um dia, quando aprender a conjugar os verbos, a arrepiar as palavras, a lhes dar uma cor e com elas fazer círculos, falarei as palavras mais grossas para não se perderem no vento.
Um dia, quando eu souber fazer a pontuação, farei um ponto final.

Sanzalando

LAND ART, thirty one



14 de setembro de 2007

por aqui

Por aqui estou vagueando nos caminhos das minhas ideias soltas. Ainda faz sol, que não é o mesmo sol que eu queria sentir, mas esse ficou adiado para mais tarde retornar e eu não posso andar ao sol. Por isso não caminho na beira do final do zulmarinho e limito-me aos caminhos do pensamento.
Bem, se eu tivesse uma moeda comprava agora um ramo do céu, um metro de mar, uma ponta de estrela e um rio de sol, fazia um quadro e te oferecia com as minhas lágrimas.
Por não a ter, aqui me tens na solidão das palavras e na intensidade dos silêncios

Sanzalando

Porque hoje ainda não é sábado!


Sanzalando

13 de setembro de 2007

resta-me a nostalgia

Me sento por aqui, ao lado do kit de salvação. Nove pastilhas para tomar em jejum. Era melhor uma taça de saladas de fruta, tem mais cor e um outro sabor. Mas se tem de ser o que vou eu fazer para contrariar? Resigno-me.

Algumas nostalgias não nos esperam. São as que nos atacam na hora de ir dormir, te apunhalam a imaginação no silêncio da noite e povoam os sonhos com fantasmas indesejáveis.

As nostalgias desses tempos passados, por terem sido bons, doem como punhaladas no peito. Mesmo que a gente pense que lhes ultrapassou no calendário da vida.

Me sento aqui e agora ainda sinto o perfume dessa nostalgia.

Quando se apaga a luz, quando o silêncio ocupa o vazio do quarto, quando o sono está pronto a vencer-me, invadem-me os momentos perdidos na memória, a gente boa, os risos e gargalhas reconhecíveis, as vozes e as frases identificáveis. Ao acaso me assaltam outras recordações em doses intravenosas.

Não me queixo, porem me resta a nostalgia.



Sanzalando

LAND ART, thirty



12 de setembro de 2007

LAND ART, twenty nine


sonhos, ideias e esperanças

Me sento por aqui e vejo os dias a passarem lentamente e me fundo no seu ritmo suave e por vezes confuso.

Os dias são assim desgarrados mas consoladores ao mesmo tempo. Estes dias são um acumular de imagens e palavras que se perdem na intricada rede de mim e se perdem até ao momento inesperado em que confusamente regressam para me baralhar. Nesse acumular se encontra o meu passado e parte do meu presente, separados pelas ilusões que abundam no meu coração. Ambos, passado e presente, se cansam em solidariedade para formarem o meu futuro, um tempo ainda inexistente, cheio de sonhos e tristes realidades.

Aqui sentado sou um templo de sonhos, ideias e esperanças.

Aqui sentado ainda me estico para ver se te toco em carícias.



Sanzalando

11 de setembro de 2007

Imaginário Olhar

Me sento por aqui. Olho para lá da persiana que abri e fico a ver o vazio duma rua deserta. Estou com os braços cruzados, assim como quem está só à espera. Se o olhar tocasse eu diria que sentia os olhos dela sobre mim. Mas assim é só uma ideia que sinto. Mas sabe-me bem.
Termino o cigarro que cada vez mais me sabe pior, para além de tudo o resto.
Penso no que faço aqui de braços cruzados e olhar despido. Mentalmente lhe fixo os meus olhos nos dela. Descruzo os braços, me afasto da janela e tenho a sensação profunda da derrota.
Volto à janela assim como que a querer gravar este momento para a eternidade. Sinto-lhe o olhar. Deixo-me adormecer sobre a suave carícia deste imaginário olhar.

Sanzalando

LAND ART, twenty eight



10 de setembro de 2007

deambulando

Estou por aqui sentado, deambulando a mente pelos caminhos dos sonhos e imagens de ficção mental.
Para muitos é a vida um caminho ondulante, uma estrada de rosas e espinhos, tortuoso e escarpado, de difícil acesso. Para outros um abismo. Espero que estes outros sejam poucos.
Me sento num descanso sem fim à vista, por isso lhe invento direcções, metas. Lhe introduzo correcções, formulas secretas, 3,14 da vida.
Me sento e deambulo por mim.

Sanzalando

LAND ART, twenty seven



9 de setembro de 2007

um dia...

Me sento por aqui e me escuto num silêncio gritante.
Até há pouco tempo, eu antes que voava de sonho em sonho, quase me encontrava demolido no frio da descrença e desilusão. Sentia-me como que numa dor incurável dum golpe seco.
Me lembrei de ti, teu perfume, teu vento, cheiro de chuva e pôr do sol instantâneo e me consegui levantar.
Olhei-te como sempre te quis ver, clandestinamente sem ser visto, fiquei de boca aberta de espanto e renasci-me na vontade, mesmo que ainda não tenha força para amar-te com a intensidade que tu mereces que te ame.
Aqui me sento a contemplar-me nesta cruzada de paixão platónica.
Um dia vou amar-te tanto que até tu me amarás.

Sanzalando

LAND ART, twenty six




8 de setembro de 2007

Eternamente até um dia

Para aqui estou sentado, olhos postos em nada. A minha mente vagueia vagarosamente por entre espaços de silêncios, sem os perturbar. Choro ou rio-me? Nem eu sei o que me apetece. Bem, lá no fundo sei que me apetece gritar-te que quero ser o sol que antecede as tuas noites e o desejo que acende as tuas manhãs.
Mas como sempre tu não me ouves, ou não me fazes um sinal, o que vem dar ao mesmo. Já sei que não tenho ar para ti, que estou cansado demais para os teus verdes anos. Enfim, cotei-me precocemente.
Mas mesmo assim, eu aqui estou a olhar-te na minha clandestinidade, carregado de querer-te. Se calhar é um estar sem forças para te negar. Se calhar é ser-se persistente até à nossa eternidade.
Sentado aqui, arrasto-me por ti. Sempre!

Sanzalando

LAND ART, twenty five



7 de setembro de 2007

A preto e branco

Me sento por aqui vertendo café atrás de café, acordado no sonambulismo e tropeçando nas ideias.
Me apetece contar-te o filme da minha imaginação, mas desfaço essa ideia porque não sei pôr nas palavras o terror das imagens. Sei que me faço um filme a preto e branco, de orçamento reduzido e de um actor só.
Os figurantes e figurões são desenhos animados.
Já sei que esta minha ideia é uma ideia cimentada, porque é cinzenta e betuminosa. A música é o rufar dos tambores como que a dizer na voz do apresentador do circo que foi assim que a irmã da Marlene se espatifou no chão num salto de trapézio.
Me apetece mas não te conto porque já consigo esboçar um sorriso nesta cara marcada pelo tempo de incerteza.
Acho agora que o mundo voltou a rodar certo, contra a rota da angústia.
Ainda me falta engolir o silêncio gigante que está preso na garganta.
Me sento por aqui e guardo a vontade que tenho em beijar-te para um outro dia.

Sanzalando

Porque hoje ainda não é sábado!


6 de setembro de 2007

reconstruindo o passado

Me sento na sorte de um acaso.

Recordo-me de construir castelos na areia das mil cores. É, quando ia passear na areia, esperar as mukandas que me chegavam desde lá do outro lado do início do zulmarinho, construía castelos de areia e depois fazia bolas de areia como que a me preparar para a brande batalha, que só ia existir na minha imaginação.

À volta do castelo construía sempre um muro com um túnel de acesso bem escondido, pois assim ficava mais protegido, pensava eu.

Ainda hoje brinco de castelos de areia, mesmo que não possa tocar na areia que fica de baixo do sol. Brinco quando encontro pessoas da minha memória, brinco quando estou na solidão da minha caminhada. Mesmo que não se consiga ver o castelo de areia construído numa praia qualquer, ele existe, mesmo que seja só na minha cabeça. Às vezes parece ruína destruída por uma onda mais atrevida e desmancha prazeres. Mas ele existe e acho vai existir sempre.

Mas acho que ele tem um muro mais forte a lhe rodear a toda a volta. Acho mesmo é a continuação do muro que comecei a lhe construir ainda eu tinha esperança de lhe encontrar o biquini azul a lhe mirar do alto do seu ar de autoridade.

Tantas vezes esse muro foi derrubado que cada vez eu lhe construí mais forte.

Me olhando por aqui, eu vejo que construí esse muro, sem dar conta, tão forte que ninguém mais lhe consegue atravessar. Com esse muro mesmo, eu me sinto mais protegido mas ao mesmo tempo eu me sinto assim mais como que sozinho. Vais ver, me esqueci de deixar uma porta onde possa entrar a companhia. Não lhe vou destruir assim num repente mas acho lhe vou fazer uma porta, mesmo que seja estreitinha.



Sanzalando

LAND ART, twenty four



5 de setembro de 2007

Nos sonhos sonhados

Me sento nalgum canto deste mundo e me ponho à procura onde acaba a magia e termina a curiosidade. Não lhes conheço o segredo nem os mistérios que mantém viva a fantasia e os sonhos.

Falo e não paro de falar mesmo quando o que me apetece é estar calado. Sou mau ouvinte, mesmo só tendo uma boca e dois ouvidos. A proporção é inversa do uso que lhes dou.

Mas me sento e gosto de falar na procura dos caminhos que trilhei e que vou trilhar. Mas sempre mau ouvinte, o que é às vezes uma pena.

Mas o importante é saber o que fazer pois quase todo o mundo sabe, menos eu. Eu não sei o que fazer, nem como fazer, desconheço os códigos dos sonhos.

Eu sei que eu sabia, mas algo me fez esquecer, me cortou a capacidade de descortinar a realidade da ficção.

Hoje me sento e caminho nos sonhos sonhados.



Sanzalando

LAND ART, twenty three



4 de setembro de 2007

LAND ART, twenty two


Chuva de Estrelas

Me sento por qualquer sítio destes e me ponho a ver as estrelas. Encontro os meus passos já dados, revejo o meu passado. Me fascina olhar assim o céu quando não tenho engenho de lhe pintar novas estrelas.
O que pensámos ser, o que somos e o caminho que percorremos. Assim, sem mais nem menos perguntas. Olhar só por lhe olhar.
Construímos caminhos, escrevemos relatos de vida, sonhamos castelos de cartas que hoje só restam as memórias.
Viajar ao passado, ao passo dado na forma de um regresso como se fosse um caminhante das estrelas.
Quando houver uma chuva de estrelas te lembra que é uma chuva do meu passado. Mas não te assustes, porque por mais intensa que seja a chuva, nenhuma estrela cairá sobre nós.
Por muito que haja passado, não muda o curso das estrelas.

Sanzalando

3 de setembro de 2007

jogos

Me sento algures por aqui, na procura de palavras, enquanto assisto ao esgotar da paciência, ao acabar da imaginação e ao silêncio que me invade como capim de beira de estrada.
Eu sei que estás aí, nesse lugar para lá da linha recta que é curva, que ainda que eu ignore as coordenadas, consigo sentir dentro de mim como se fosse o teu sorriso trocista.
Jogamos o jogo das escondidas em que sempre tens acabado como vencedora, feliz.
Eu, preso no tédio, respiração ofegante, procuro encontrar-te num espaço que seja o meu.
Mas a verdade é que do ponto mais alto da minha mente, ao lado do vazio feito precipício, encontro-te numa cascata multicolor de partículas fluidas em que eu possa te descrever.

Sanzalando

LAND ART, twenty one



2 de setembro de 2007

Ôco Domingo

Me sento por aqui num vazio estado de tempo. Ôco para alguns. Ao menos assim estaria também livre da gravidade. Da força, entenda-se.
É Domingo e me apetece espreguiçar no doce fazer nada.
Posso?

Sanzalando

LAND ART, twenty


Sanzalando

1 de setembro de 2007

Porque hoje ainda é sábado!

Às voltas no tempo

Caminho por dentro de mim. Calcorreio passos nas palavras já ditas e o tempo é uma coisa inexplicável que nunca me espera e nunca se detêm. Lhe vejo como essencial da vida e imponente no destino.
Coisa rara, quando estás no meus pensamento os dias corem velozes e a monotonia não se instala. Quando não te consigo nem pensar o tempo é tempo lentificado e os dias são compridos num interminável tempo.
Mas o tempo não é bom nem mau. Sou eu que com o meu caminhar em pensamentos faço com que o tempo já não tenha tempo de me dar tempo.


Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado