A Minha Sanzala

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15 de novembro de 2007

páginas em branco

Me transporto por aqui e por ali, carregado de sonolência que me acaricia as pálpebras e me afoga o apetite de ler. Fecho os olhos como para ver se estou acordado, ou não, já que não consigo ter uma certeza como que absoluta. Na verdade quando os quis abrir novamente eles não me obedeceram.
Agora penso que estava a sonhar um sonho em letra especial e desenhos que mostravam uma vida já vivida, como se fosse um livro aos quadradinhos. Comecei a ler, de início por curiosidade, depois com ansiedade e avidez, com lágrimas e com sorrisos, com paixão e com tristeza, por sonhos perdidos e por ilusões. As palavras e desenhos apareciam impressos ao mesmo tempo que eu olhava para uma folha em branco como se eu estivesse a reviver o reflexo da minha própria estória.
Eu podia sentir o perfume da terra molhada das primeiras chuvas de verão, eu podia sentir o calor de cada beijo, o sentimento de cada abraço. Leio sem pensar, vivendo cada palavra e desenho, até que dou por mim a ler algo que não identifico, alguma coisa que não me pertence, momentos que eu não tinha vivido.
Encontrei vários desses quadros, tristemente muitos. Entrei em matutação e conclui que eles representavam pedaços em branco da minha vida, momentos que não havia vida, eram assim como espaço publicitário entre vidas.
Tentei apagar mas isso não me estava atribuído, eu só os podia ler. Não podia apagar ou corrigir. Deixei cair uma ou outra lágrima sobre as páginas deste livro que eu lia de olhos fechados e sucedeu então que iam aparecendo muitas páginas em branco.
Sanzalando

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recomeça o futuro sem esquecer o passado