A Minha Sanzala

no fim desta página

31 de janeiro de 2008

Adeus anunciado (4 de 4) - FIM

Aqui estou acenando um adeus tantas vezes ensaiado.
Aqui estou como tantas vezes aqui estive.
Há dias em que te sussurro para que deixes o teu perfume sobre a minha almofada, outros há em que te grito o meu amor em silêncio.
Há dias em que te penso deixar-me em paz.
Há dias em que brindo à vida, ao amor, ao sorriso, outros em que nem um copo consigo erguer sem deixar fugir uma lágrima.
Há dias que sigo sonhando que daria o que quer que seja para conseguir fazer desaparecer o que nos separa e outros que gasto na memória dum reencontro tantas vezes adiado.
Há dias que vejo flores e canto canções, outros há que são salgadas as memórias.
Há dias para tudo e outros há para nada.
Arthémis, obrigado por partilhares connosco tantas imagens de rara beleza.
A todos aqueles que aqui passaram, uns deixando um sinal, outros nada, porem voltavam no seu silêncio a calcorrear os caminhos das palavras, os sonhos de fantasia, as magias da esperança, só lhes posso dizer obrigado e lhes pedir desculpa por parar aqui por uns tempos.
Há dias em que é preciso saber parar, respirar, descansar e arranjar forças para um dia poder voltar.

voltarei


Sanzalando

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Obrigada por aceitarem a partilha de imagens, que fiz convosco durante todos estes meses.
Até um dia!
ÁRTHEMIS

30 de janeiro de 2008

Adeus anunciado (3 de 4)

Aqui estou eu saltitando de ideia em sonho, de ilusão em realidade.
Aqui estou eu como tantas outras vezes aqui estive.
Há dias em que viajo sem sair do meu sofá, outros em que o avião da imaginação me espera. Há dias que recordo nomes e lugares, outros que estou na escuridão da solidão. Há dias que traço rumos e outros em que os modifico sem parar, acabando numa folha em branco. Há dias em que estou onde meus sonhos me levaram, outros que não consigo nem ver onde estou. Há dias em que a fábrica das coisas não pára e outros em que o vazio impera. Há dias em que novos odores, novas sensações, novas texturas há para descobrir, outros em que acordar não está nos planos.
Há dias em que eu penso que o maior tesouro é a liberdade.





Sanzalando

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29 de janeiro de 2008

Adeus anunciado (2 de 4)

Aqui estou eu dançando nas palavras que não têm vontade nem de sair.
Aqui estou eu como tantas outras vezes aqui estive.
Há dias em que apetece renegar tudo até a dignidade de ser humano, há dias sem circunstância. Há dias em que o esquecimento é rei e há dias em que acredito que a vida me tem tratado bem.
Há dias em que apetece lutar com unhas e dentes por ventos e sonhos. Há dias em que apetece esquecer que conheci o teu olhar e o teu perfume. Há dias que sinto saudades do teu olhar, outros em que parece que tenho uma revolução hormonal.
Há dias em que me apetece cantar-te canções de amor, outros há em que me apetece cantar-te gritos de silêncio.
Há dias em que apetece tudo, outros há em que aparenta ser a morte a mais colorida das saídas.



Sanzalando

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28 de janeiro de 2008

Adeus anunciado (1 de 4)

Aqui estou eu vestido de sorrisos, maquilhado de ilusões e penteado de sonhos. Aqui estou eu como tantas vezes aqui estive, transpirado de energia, afogado em suspiros e calçado em nostalgias.

Já fiz canções sem escrever versos, já esculpi imagens sem usar barro, já sorri com os olhos sem ter acordado.

Caminhei manhãs por palavras, chorei mares de saudade, gritei silêncios calados.
Aqui estou eu, como tantas outras vezes aqui estive.
Há dias em que nos custa acordar e caminhar em carreiros de sonho e ilusão. Há dias em que custa sonhar e outros que apetece oferecer os sonhos. Há dias em que a noite é infinita. Há dias em que apetece morrer por uns minutos. Há dias em que apetece gastá-los no riso dos amigos. Há dias que custa olhar o espelho e outros que apetece dançar à frente dele.
Há dias de melancolia, de nostalgia e de esperança.



Sanzalando

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27 de janeiro de 2008

Recorrendo a um ontem

Falado em 12-09-2004


Até que o Sol teima em continuar a dizer que inda não terminou a sua época. Como assim está, aproveito estas madrugadas de manhã alta para pôr o meu sol no lugar que ele deve ter. Arrumar ideias e pensar em pensamentos novos. Cada dia é um dia.

Olhando o zulmarinho que parece a calmaria a chamar os seus amantes para umas carícias molhadas: Corpos despidos de roupa e preconceitos massajados pela suavidade do seu sal; relaxados nos pressupostos de recalcamento de anos sangrantes e ideias bizarras; cabelos dispersos pela ondulação na anarquia lógica dum emaranhado de sonhos.

Vejo daqui de cima que este zulmarinho é o fim de um início que promete acabar com choros, com os complexos de fatalidade de anos escravizados de pesadelos, cobardias e desfaçatezas.

Bebo pelo zulmarinho da esperança esquecendo que antes do parto há as contracções dolorosas que por vezes leva a gritar que DESISTO.



Sanzalando

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25 de janeiro de 2008

de novo!

Aqui estou eu com vontades de me apaixonar perdidamente. De novo!
Aqui estou com vontade de ler um livro que me leve a sonhar. De novo!
Aqui estou à espera de te ver impressinar-me. De novo!
Tenho vontade de experimentar todas as sensações que já vivi. De novo!
Tenho vontade de te ter. De novo!
Na verdade estou cansado de encontrar-me na parte crítica, destrutiva e conformada. Estou cansado de sentir o sabor amargo e negativo. Estou com medo de fazer parte, por contágio, das pessoas criticas, destrutivas e conformadas. Estou com medo de ser contaminado pelo sabor amargo e negativo.
Não quero fazer parte desse grupo de inconsciência colectiva que se multiplica e se destrói no arrastamento de inocentes pensamentos e sonhos.
Aqui estou com vontade de renascer. De novo!
Sanzalando

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24 de janeiro de 2008

momentos

Pé ante pé, pensamento em pensamento, vou seguindo o meu caminho de palavras. Não te vou mentir e te dizer que não estou confundido. Quando um dia eu te poder dizer que tudo está sob controlo eu estarei no sítio certo da hora.
Acredito que nunca te disse que parece acabou o meu estado de luto e aos poucos vou conseguindo olhar para mais do que as minhas palavras e dos meus sonhos.
Mas não lhes conto esses meus sonhos, nem lhes esqueço… momentos meus.



Sanzalando

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23 de janeiro de 2008

do alto

Aqui estou eu, sereno, sentado sobre as nuvens, contemplando o que me rodeia, ao mesmo tempo que tenho os olhos nos violadores de ilusões e nos que se riem das suas vítimas.
Aqui sentado, observo de alto, a tristeza do desencanto, olhos inocentes que lacrimejam o esquecimento e os pontos de dúvida na interrogação dos dias.
Aqui sentado, me recomponho no espaço dos desejos.
Sanzalando

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22 de janeiro de 2008

34 - Estórias no Sofá - Luara

Álvaro era mesmo um adolescente confundido.
Seu ritmo de vida não dava tempo para lhe entender as mudanças no corpo e na cabeça. Seu destino era mesmo só desfrutar. De tudo e de todos.
Cresceu num meio de gente estabelecida, conhecida nos trapézios do dinheiro e cinturas de poder, era membro daquela sociedade que mesmo que não faz nada, manda.
Mas, como toda a gente, um dia havia de chegar o dia de Álvaro decidir mesmo o que queria ser, definir a sua vida. Ele que nunca lhe tinha passado pela cabeça ser mais alguma coisa que um irrequieto adolescente. Nunca tinha perdido tempo a se analisar num olhar de amanhã. Tem mesmo de ser? Parece ele ainda se perguntou e adiou muitas vezes. Nesta mesma altura começou a sentir a necessidade de lhe gostarem, fora aí da camada protectora.
As raparigas lhe produziam um desejo incrível, umas sensações parecia ia estava doente. Os seus corpos e suas curvas lhe causaram muitas dores no pescoço, porque ele não cerimoniava de lhes seguir com o olhar, não se reprimia mesmo se parecia estava louco.
Seus olhos se começaram a fixar em Luara, a rapariga mais bonita daquela escola, de todas as que ele um dia tivesse visto, que com os seus olhos cor de mel, lhe parece olhar também para além dos olhos. Luara lhe respondia de sorriso a um gesto e Álvaro contorcia-se de tremores para controlar o corpo que queria ir de foguetão lhe abraçar. Ele não estava doente nem louco, estava mesmo era profundamente adolescente na hora de mudar de vida.
Aos poucos, os encontros das aulas se foram completando com outras saídas, outros lugares. Luara lhe deixava louco na sua beleza natural. Um dia, como que o corpo lhe empurra a cabeça, ele lhe pergunta se quer noivar. Estavam na Praia. O calor, o marulhar e a maresia lhe davam a volta à cabeça. O tempo da resposta, demorava uma eternidade, ao mesmo tempo que gotas de suor se começaram a enfileirar para lhe escorrerem pela cara abaixo.
Luara divagava sobre a cor do mar. Álvaro já nem sabia ele era azul ou cinzento, branco ou castanho. Acho mesmo ele queria ter asas e voar dali. Seus olhos procuravam outros corpos onde repousar os olhos, mas estes nada viam pois esperavam na ansiedade de ouvir a resposta que viesse ali dos lábios de Luara.
Luara era linda e ela mesmo sabia disso. Lhe fazia sofrer num falar inacabável. Instantes eternos foram aqueles. Ele que estava habituado a desfrutar da vida a seu gosto estava agora amarrado a umas palavras que não eram da sua boca, que a família não tinha controlo nem poder. Luara, desde faz muito tempo era dona do seu nariz, lhe fazia agora ali sofrer até que num toque certeiro lhe rematou:
- Sabes Álvaro, quando a gente acabar a Universidade me perguntas outra vez?


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21 de janeiro de 2008

espero

Espero. Espero o próximo milénio. Mais noite menos dia, qualquer coisa assim.
Espero até que um dia eu consiga dizer ao menos que desisto por agora.
Espero até que a pele se endureça de tantas noites a olhar as estrelas e ver qual delas me indica o caminho.
Espero até que o encarcilhar da pele de tanta água dos rios que passam a ponte da esperança me terem encharcado e já não me deixar mexer.
Escrevi mensagens, gritei, mostrei-me presente e o tempo não deu comigo.
E eu espero mesmo quando me dizes para intervalar, arrefecer-me, voar por céus mais tranquilos. Espero porque sei que um dia vou receber nem que seja um adeus feito de forma tímida.



Sanzalando

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20 de janeiro de 2008

recorrendo a um ontem

falado em 11-09-2004



Bebo sim. Que mal tem beber se é para ter a garganta assim como que oleada. Te falo melhor e só te conto as verdades, mesmo que elas não tenham existido.

Conterra, senta aqui e me ouve com ouvidos de ouvir e olhos nos olhos para eu ver que estás a ouvir.

Mermã, o zulmarinho está a entrar no tom mais escuro de Outono. Eu sei que aí, onde ele começa, tá a ficar clarinho, verdadeiro zulmarinho que até parece continua com o céu. Mas aqui no fim dele está a ficar mais escuro, parece ele está a dizer é tarde. Fica assim mais sem graça.

Mas te dezia que eu bebo para ter a garganta lubrificada e me lembrar de outros cafés, outras saudades. Outros tempos em que a dor no cotovelo não doia nem nas palavras. Sim, mermã, a dor sai dos cotovelos, vai nas mãos e de ricochete ela volta até no cérebro. Com o zulmarinho sendo zulmarinho as pessoas não vestiam tanta roupa e eu lhes via a silhueta sem ficções e outras maquinações. O Zulmarinho era mesmo zulmarinho e sol brilhava mais doirado. Agora, mermã, bebo para ver se ele clareia e só tem cacimbo nele.

Conterra manda poesia linda que fala do nosso mar, do início deste mar.

Sanzalando

Porque hoje é um novo dia


18 de janeiro de 2008

arqueologia do silêncio

Aqui estou, num dia que não me apetece falar.
É, não apetece nem abrir a boca para me dizer um olá. E se estiver numa onda de silêncio vou fazer mais o quê?
Pois, para não variar vou olhar no dentro de mim e ver-me na intimidade do silêncio.
Que é que vou encontrar?
Está-se mesmo a ver que mais não é que uma lagoa de água salgada. Grande que até parece tem marés.
Mas porque é que vou encontrar uma lagoa assim dentro de mim?
Por não saber, vou fazer de arqueólogo do meu silêncio e vou escavar as causas. Começando nas margens estou certo vou encontrar uma estratificação perfeita que não estando etiquetada não pode dizer-te assim no já a data da sua formação, mas se olhar na minha história eu vou encontrar a precisão de cada estrato, o ambiente de cada deformação.
E essa água como veio nascer aqui assim tão salgada?
Já sei, não lhe posso provar porque se misturaram, mas são lágrimas do meu choro por chorar.





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17 de janeiro de 2008

viajando de sonho

Aqui estou eu, viajante de sonhos, navegador de causas, vestido de céu e abraçado a nadas, à espera do teu sorriso, à espera de poder enveredar por ti num emaranhado de desejos, trapézios de sorriso e vazios de tempo.
Observo-te ininterruptamente na esperança de te alcançar neste amor irreal, acariciar o teu ar como se fosse o teu rosto, brisa que me deleita num cantar de ouvido sussurrante.
Aqui estou afundado nos teus mistérios à procura de afectos que me tragam o sabor da eternidade.
Aqui estou navegando nas calemas de palavras à espera dum significado.
Os sonhos são filmes que idealizei…

Sanzalando

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16 de janeiro de 2008

outra vez mais o tempo


É o tempo. Esse mesmo que faz com que haja encontros e desencontros. Esse mesmo que esculpiu as rugas da minha cara, a debilidade do meu corpo. Esse tempo que me rodeia e está na minha mão.

Já sei que o sonho está parado por falta de tempo. Adiado por tempo indeterminado. Horas incertas dum lugar que se detém.

Me ensinaram que não há tempo perdido, que há intervalos sem tempo, mera casualidade sem medida, porque nunca temos tempo suficiente para nada.

Afinal de contas porque é que o tempo não se sincroniza com a vida?


Sanzalando

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15 de janeiro de 2008

33 - Estórias no Sofá - os pés

- Aka! Estou cansado de tanto andar.
- Nota-se, nota-se. Mandas com um fedor que até se nota a léguas daqui.
- Falou a santa inocência, a pureza. Quem está livre de fungos que atire a primeira pedra. Por acaso consegues sentir o teu odor? Por acaso és meu gémeo e andaste tanto quanto eu, por isso deves estar a cheirar é o teu cheiro.
- Kiá Kiá kiá, eu sou gémeo?! Deixei de ser pé como tu?
- Piadolas. Tas aqui tas a ter joanetes para ver quanto elas doem.
- Vá lá, não te zangues que eu não dei pé para isso. Não te disse nada de grave. Rir também faz bem. Olha, que o que agora me apetecia era um bom banho relaxante, descanso e umas horas de planta para o ar para esquecer estas traulitadas nos acidentados passeios.
- Concordo contigo. Faz-nos falta um bom banho quente. Esta coisa de fazer desporto ao fim da tarde deu em maltratar-nos com violência.
- Pois foi, desde que lhe disseram que tinha que pôr os pés na terra, resolveu correr todas as tardes. Prefiro mais os tempos em que ele tentava dançar e pontapeava a parceira. Conhecemos tantos pés nessa altura…Agora nada, eu ao teu lado e mais o passeio a martelar-nos.
- Sim, sim… mas também não era nada bom quando nos pisavam… ainda me lembro bem duns que estavam numas sandálias e deixavam à mostra umas unhas que bem se me gravaram aqui no dorso.
- Vã lá, não te queixes… que às vezes as nossas unhas parecem vão a um funeral
- Lá estás tu… vê lá te doa o dedo gordo de tanto pensar.
- Põe-te mas é ao ar que trasandas… cheiras a sapatilha.
- E tu… tas vermelho até pareces pé de atleta…
- Olha lá, pensas que és o pé da imaginação?
- … se fosse, dizia ao gajo lá de cima que em vez de correr devia fazer ski aquático.

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14 de janeiro de 2008

como na primeira

Me disseram que se eu repetisse muitas vezes uma palavra ela deixava de ter sentido.
Eu, carregado na minha esperança dum dia voltar a ter a minha vida, quando só eu me ouvia, repeti o teu nome uma quantidade inumerável de vezes. As vezes que eu consegui manter-me fónico, as vezes que eu pensei serem necessárias para que deixasses de ter significado, para que fosses um nada em mim.
Mas tudo continuou igual, como se eu tivesse só dito uma vez, a primeira.


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13 de janeiro de 2008

recorrendo a um ontem

escrito em 08-09-2004

Senta aí mermão. Senta também mermã. Eu bebo e vocês ficam aí só assim sentados a pensar comigo. Vamos manter este silêncio pondo a conversa em dia.
Se apetecer chorar, a gente chora! Se apetecer rir, a gente vai rir! Um dia, quando a morte levar a gente a gente vai ter tempo de sobra para arrumar ideias, tirar o pó dos neurónios, pôr os livros todos por ordem. Vamos ter tempo para pôr os pontos nos is. Até lá, mermão e mermã, muitos rios vão correr debaixo das pontes, muitos céus vão estar aí para a gente admirar eles, lhe ver as estrelas ao lado de quem as quer ver connosco.
Bebo uma geladinha porque me apetece. Uma antes da próxima. Não pensem que ficarei numazinha apenas. Loira é para ser bebida em série.
Aproveitemos este silêncio cortado pelas ondas deste zulmarinho que tem início lá do outro lado.
Tás a ver aquela Lua ali? Não é o satélite da Terra. Não. Podes crer que eu não te estou a enganar. Ela é mesmo o reflexo no céu da minha amada. Olha só bem para ela e fica em silêncio, ouvindo este murmulhar de espuma branca que vem beijar a areia.



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11 de janeiro de 2008

tempo de areia

Aqui estou num vão de qualquer coisa a pensar que ela ficou e eu não fiquei com ela. Mas ela está nas minhas palavras e se por acaso não estiver é porque as minhas palavras são um engano, são vazias de conteúdo. Sem a sua voz em mim as minhas palavras são sons sem sentido. Sem o seu aroma o meu respirar é um gesto aborrecido. Sem o seu brilho os meus olhos apenas vêm formas disformes, confusas e indeterminadas dum borrão. Sem ela não valia a pena continuar a falar.
Aqui estou parado no tempo dum qualquer relógio de areia.

Sanzalando

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10 de janeiro de 2008

palavras em silêncio

Aqui estou na procura de palavras que estão em toda a parte. Até a opinião dos mudos é transmitida por palavras. A escuridão, o silêncio, a tristeza, a alegria, o novo e o velho, tudo é descrito em palavras. E eu procuro as palavras. As que não foram ditas por ninguém, as que não se perderam nas florestas políticas, as que não se afogaram em promessas, as que não se estrangularam em opressões mentais.
Procuro palavras para ilustrar as minhas ilusões, para decorar as minhas fantasias e descreve-las com gestos de minhas mãos.
Procuro palavras entendíveis na margem dos pensamentos, nos calabouços da indiferença, nas prateleiras da desconsideração.
Procuro palavras simples que tenham a solução.
Como não encontro palavras livres hoje remeto-me ao silêncio.



Sanzalando

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9 de janeiro de 2008

te espero

Apetece-me vestir a memória com as tuas estórias num preencher de tempo como que a te brindar à espera, essa eterna espera que se anoiteceu na minha vida. Apetece-me manter na noite de glória em que te reencontrei nos meus cânticos de amor. Apetece-me inventar um Janeiro eterno e comigo feliz a teu lado.
Assim te espero escondido neste desejo esquecendo-me que tardas em chegar-me.
Assim te espero de pele arrepiada numa carícia que não surge.
Assim te espero sempre numa espera carregada de esperança.



Sanzalando

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8 de janeiro de 2008

construindo

Não é preciso viver em espaços incendiários em que as almas esculpem desespero.
Não às alucinações dum morrer de tédio nos ausentes braços dum amor de decepção.
Não ao conhecimento vazio das almas mortas que escondem vidas embrulhadas de lágrimas. Não às mudanças dos infernos dos tempos aprumados em relógios infalíveis.
Aqui estou a olhar-te com a imaginação, fingindo que te ouço bater o coração.
Aqui estou em busca de reforços na cabeleira da vida criando ilusões atrás da sombria ausência que te sinto.
Aqui estou, nem que espere mil anos, noites de chuva e dias de sol, aguardando.
Aqui estou construindo rios de nostalgia e almas fumegantes tentando recuperar o tempo que esbanjei sem dizer um adeus até mais logo.
Aqui estou até estar ali.
Sanzalando

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7 de janeiro de 2008

desconstrução

Edifico palavras sobre palavra até que encontre a minha verdade. Olhos bem abertos para não perder a vista deste amor que me cega. Braços bem abertos para caberem todos os abraços que me acariciam.
Ilusões. Quando as perder olharei as estrelas e tentarei outra e tantas vezes.
Sorrirei, sempre que for possível e se tal não acontecer, chorarei.
Construo-me para que cada dia eu consiga caminhar para o objectivo.
Sanzalando

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6 de janeiro de 2008

recorrendo a um ontem

Falei assim em 07-09-2004


Senta aqui, mermã. Sei que só queres cacau quente. Mas senta aqui perto, para eu não ter que falar alto que nem gramafone em dia de feira. Me conta lá, mermã, se este mar zulmarinho não trás o cheiro lá do início dele?

Eu sei está gelado este mar, assim como sei ele vai aquecendo na descida.

Mas vês como ele parece tá a me chamar? Ele me quer agarrar como se fosse um polvo tentacular que quer me levar nas fundos dele para eu esquecer que ele tem início lá mesmo onde está a minha amada que eu amo de amar que dói até de morrer. Mas todos os dias eu venho aqui cheirar ele, sentir esse gelo que trás dentro dele, e ele todos os dias vem em movimento ritmado que parece que tem maestro lá atrás a mandar ele vir rebolar na areia. E todos os dias me sento aqui e fico olhar nele, no pôr-de-sol que parece que é incêndio dentro dele. Esse zulmarinho tanto me ama que parece que ódio é pouco para descrever o sentimento dele.
Anda, senta aqui ao pé de mim. Ouve o cantar das kiandas que estão lá longe, dentro dele. São lindas as sereias desse mar que tem início lá para os fundos da terra. Sempre a descer. Não tem como enganar. Mermã, segura na minha mão e vê como ela está tremula de não poder agarrar todo esse mar e encostar no peito e lhe beijar.
Mermã, se não tivesse gente que vive desse mar, te digo que eu bebia ele todo de um sorvo e corria direito à minha amada que está no início deste mar.
Bebe o teu chocolate quente e dá-me o teu calor.

Sanzalando

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5 de janeiro de 2008

Faz de conta é Sábado em Dezembro



Como o Natal é quando a gente quer aqui vou continuando a deixar umas sugestões para nos oferecermos.

Hoje cabe aqui a referência a um revolucionário sistema de através da porta USB selecionar e engarrafar os melhores vinhos franceses. Vão por mim...




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Sanzalando

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4 de janeiro de 2008

é verdade

Aqui estou no silêncio dos sonetos que não declamei e na companhia dos sonhos com que te encontrei.
É verdade que me escondo na melancolia cada vez que não te encontro e que as minhas palavras soam distante quando te penso.
É verdade que cada vez que digo que vou domesticar o meu choro eu te encontro ainda mais distante.
É verdade que eu tento aprender novas melodias para te acariciar, desenhar novo sorriso para te estampar na minha cara quando te reencontrar.
É verdade que tento esconder a minha timidez quando acordado sonho contigo.
Tanta coisa que é verdade desde o ano passado!

Sanzalando

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3 de janeiro de 2008

olhando para as palavras do vento

Aqui estou. Olho e reparo em nada. Houve mudanças? Porquê essa cara de espanto? Mudou o ano e depois? Mais alguma coisa mudou? Não me parece. Não vejo alterações e sei que ainda não estou cego de amor.
Já sei, está um vento forte que até parece me quer dizer alguma coisa. Ou será que me está a cantar uma canção de enamorar? Não lhe consigo entender porque desconsigo de ver as legendas que deveriam correr em rodapé. Tento me aproximar ainda mais e a única coisa que sinto é um quase arrancar do cabelo pela força com que ele resolve dizer-me as coisas.
Afinal de contas está tudo ainda na mesma!
Sanzalando

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2 de janeiro de 2008

silêncios

Acendo um cigarro que já não fumo, olho sem saber para onde utilizando apenas o simples reflexo de fazer alguma coisa que esconda a humidade do meu olhar.
Não fumo nem quero que me vejas a chorar.
Tento pronunciar algumas palavras. O pensamento é mais veloz que a articulação de letras, que a construção de palavras, que a formulação de ideias.
Expiro o ar cansado que me circulou neste pesado corpo.
Olho continuando sem saber para onde.
Num repente penso:
- Não quebres o silêncio se não fôr para o melhorar!
Sanzalando

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1 de janeiro de 2008

1º dia

Está a começar esse de 2008. Ainda está a esfregar os olhos de depois de acordar, ar pachorrento e preguiçoso. Mas acontece é que meu espírito caótico me impede de recordar um só desejo feito no seu recente nascer tal o turbilhão de ideias que ferveu naquela hora. Única coisa que consigo ver bem é que a vida me tem tratado muito melhor quanto menos eu lhe faço pressão. Acho ela não consegue aguentar a rédea curta, a marcação prevenida e a táctica concebida.
Assim mesmo por decisão unânime ficou acertado que eu não lhe farei pressão e ela me deixa seguir o curso dos ventos e marés, me deixa sorrir nas horas que me apetecer, me deixa virar nas curvas do destino que eu escolher.



Sanzalando

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recomeça o futuro sem esquecer o passado