A Minha Sanzala

no fim desta página

31 de março de 2008

Suadamente

Acho hoje passei uma das piores noites da minha vida desde que eu regressei a falar-te. Acordei empapado em transpiração e sem conseguir dizer um ai, por mais esforço que eu fizesse. Pior mesmo mais que tudo foi que depois não consegui repegar no sono para me recuperar deste abrupto e assustado acordar.
É verdade que o silêncio e a escuridão da noite tornam tudo muito mais gigante. Eu senti medo de ter sonhado com a realidade. Olhava-me e via-me como se o meu olhar estivesse equivocado e o sonho é que era real.
Por isso passei o dia sentindo-me vulnerável, como que suspenso na altura duma queda eminente.
Constantemente me lembro de ter acordado suado, olhar-me e ter tido medo.
Ainda tenho medo de chegar aos 100!

Sanzalando

JCC4

28 de março de 2008

Caminhos

Olhei o tempo e me parei nele como a lhe querer dar uma nova oportunidade. Faz conta mesmo eu lhe estou a fazer um balanço de 2007, como já lhes fiz doutros anos. Lhe marquei de lápis vermelho como o tempo das duras provas, das decepções, das emoções, aprendizagens e outras sacanices.
Na soma simples das coisas se verifica que a soma das coisas más é superior à das coisas boas e que as coisas más se tornaram em coisas boas, devido ao alto conteúdo educativo que lhes consegui retirar. De todos mesmo eu acho é eu me ter tornado humanamente mais rico.
Mas mesmo graça a deus é já estamos noutro ano que não é esse de 2007 e os fracassos e êxitos fazem parte da história da minha estória.
Mas a verdade é que o silêncio da acumulação dos anos se vai notando num crescendo infinito de silêncios milenares, piruetas invisíveis de saudade e desterro.




Sanzalando

JCC3

25 de março de 2008

Preciso-te

Já não consigo reprimir a tentação de pensar-te, de olhar-te através da memória e das recordações, todas as manhãs de todos os dias.
Somente por casualidade não te vejo e não te tenho visto com o olhar de sentir presente. Resta-me a tua imagem que gravei no meu álbum de paixões. Mas esta eu preciso alimentar com a tua presença, de modo que ela não me morra como tantas outras que acabaram no emaranhado de teias amarelecidas do esquecimento.
Pode ser por uns breves instantes, assim como um reflexo num vidro de relógio de parede, um perfume vaporizado na passagem dum volta atrás.
Enfim, eu preciso ver-te para recarregar com novos contornos a tua imagem com que te penso.
Já não consigo usar apenas a imaginação e o paralelismo das utopias.
Já não consigo ritmar as minhas pulsações.
Já não consigo calar o inconsciente.
Preciso-te!



Sanzalando



JCC(2)

22 de março de 2008

Introdução a outros caminhos

Um lábio que não toca no outro vai secando assim como um olhar que não se troca com outro se vai fechando.
Um corpo que não sente outro vai-se apagando assim como um coração que não se entrega com toda a alma vai morrendo num finar de silêncios.
Sem hora e sem dia, sem saber a cor das minhas palavras, sem ouvir os meus silêncios e sem perder os meus sentidos, aqui estou num vaguear de ideias em que decoro os meus passos.
Podia dizer-te que se ela se foi, eu fui com ela! porque sem ela as minhas palavras são um engano, são palavras vazias de conteúdo, lágrimas choradas em regras gramaticais. Porque sem a voz dos seus sons eu sou um organigrama de sentidos latos. Porque sem a sua imagem os meus olhos mais não vêem que formas confusas e indefinidas. Porque sem o seu aroma até me aborrece respirar e sair desta obscuridade.
Sem ela e sem a paixão não sei se sei dizer alguma palavra.
Por tudo isto te digo, sem hora e sem dia marcados, vagabundarei por palavras que traduzam-te o meu silêncio.




Sanzalando

JCC (1)

recomeça o futuro sem esquecer o passado