A Minha Sanzala

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22 de junho de 2010

Diálogos duma só voz (XII)

- Que é feito, que faz tempo o teu silêncio estava a inundar as pedras da calçada?
- Tavas banhado em saudades? Estava a fugir do calor e a me esconder no âmago de mim.
- Complicado! Se tás te chateio, se não estás te estranho. Vida dura esta de te ver embanhando nesta areia a olhar para o longe como se ele fosse aqui.
- Complicado é chorar lágrimas negras, ver tudo escuro pela frente e não ter palavras para gastar num conforto de amigo.
- Te desentendo.
- Até eu... mas um dia eu vou conseguir ver as minhas palavras escritas na parede de vento e serem levadas até mesmo no lá, ponto de interrogação na exclamação da minha vida.
- Soleaste demais hoje, pelo que vejo...
- Somos humanos e temos às vezes que carregar as baterias, ver para além do agora e ter sempre as palavras certas mesmo quando a boca desconsegue de dizer som algum.
- Hoje falas parece latidos de dor e mágoa num misturador de sentimentos.
- Hoje te falo no silêncio das pedras de palavras que deviam ter sido ditas mas faltaram sair da boca na hora zero. Hoje te silencio as palavras que não soube balbuciar a uma amiga que delas precisava e que sofre mais que todas as minhas mágoas juntas até hoje.


Sanzalando

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