A Minha Sanzala

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31 de maio de 2011

juntarei pedaços

Caminho vagarosamente na areia da praia a remoer pensamentos, imaginar memórias, a reviver sonhos e a idealizar caminhos. É assim sempre antes de adormecer na vida com a intensidade que ela me merece, sentir a dor da saudade como que a provar-me que estou vivo, ouvir o música dum marulhar como que a levar-me para lembranças que não se apagam e a sentir a dor dum amor que doí remoendo.
Já sei que estás a pensar que eu vivo para sentir, que me desafio dum sério estado de ser para um ser estado sério de estar. Se sou assim vou fazer mais como para ser doutro modo? Se não for hoje vai ser noutro dia, porque quem te gosta que nem eu , mais tarde ou mais cedo vai estar que nem eu. E isso que importa?
Caminho vagarosamente com medo de gastar o tempo que se evapora em cada tempo que passa e desabotoa-me filmes vividos em sonhos sonhados.
Um dia, junto todas as ideias, todos os sonhos, todos os pensamentos e memórias, como se fossem pedaços de mim, e faço um álbum que atirarei ao ar a ver se um ar lhes dá e lhos leva para lá da minha imaginação horizontal.



Sanzalandói

30 de maio de 2011

a vida

Não me aqueceu nem me arrefeceu. Hoje foi assim um mar de cores neutras, um ar que se respirou, um dia que se gastou. Nem pouco mais nem menos.

Sanzalando

29 de maio de 2011

O cacimbo e a minha mãe

Cacimba que nem deixa ver mais que um pouco. Acho deve ser mesmo o cacimbo e não a minha falta de vista. O mar me parece é azul, apesar de não ter o brilho de mar que podia ter se não fosse tempo de cacimbo.
Meus chinelos de pneu me arrefecem os pés e os meus calções de domingo me fazem tremer. É mesmo tempo de cacimbo para eu ainda teimar em pensar que o sol vai nascer como nasce quando não é tempo de cacimbo.
Meu cabelo parece está molhado acabado de lavar mas está só é molhado desse cacimbo que cai e não faz nem um barulho.
Tempo de cacimbo é assim e me faz ir para dentro de mim e conversar-me em conversas de pôr em dia assuntos pendentes de importância máxima, faz anos que é assim. No cacimbo a minha mãe tem frio e não me deixa nem sair de casa.
É cacimbo e eu me lembrei da minha mãe e por isso não vou sair de casa nem vou ver se o mar está azul cinzento pardo.


Sanzalando

Pôr do Sol - 2

Sanzalando

28 de maio de 2011

repensar

Cansado me atiro sobre a areia e disparo os olhos para longe, mesmo para lá daquele linha recta que é curva e que mais eu não consigo atingir. Cansado, repenso pensamentos velhos que novos ir-me ia dar muito trabalho criar, e me pergunto se ainda acho que estar longe de ti me faz mal ou estar-te perto me irrita, se já atingi alguma meta desenhada nos papeis da imaginação em cores garridas de desejo, se olhando para tantas imagens de um qualquer antes eu já a consegui ver-te num agora.
Afinal de contas estar cansado cansa, dói e não me leva a leva a lado nenhum pelo que me levanto da areia, dou uns passos por espaços perdidos, abano a cabeça, ergo os olhos em direcção à lua que esbatida pelo sol marca presença neste fim de tarde, e digo-me que hoje não repenso porque não tenho respostas para me dar.


Sanzalando

25 de maio de 2011

meu abrigo

Me abrigo das gostas desse mar que bate nas rochas e quer fazer com que eu parece estive a chorar. Ele sabe que eu às vezes parece sou de ferro mas na verdade sou feito de carne o osso e também choro porque sofrer faz doer. Mas também quando passa é um sabor danado de bom que nem tem palavras que a gente encontra para dizer parece é uma fotografia.
Me abrigo mas não deixo de ver o mar, esse gigante azul que me liga até num outro lado parece até o meu cordão umbilical. Mas nem devagar vou mudando o foco do meu olhar, nem rápido vou mudando a velocidade dos meus pensamentos. Somente vou mudando a intensidade das minhas lágrimas e a largura do meu sorriso.
Me abrigo das gotas salgadas apenas porque não me quero ver gargalhar com a cara de idiota que um apaixonado pode fazer.
Eu continuo apaixonado


Sanzalando

24 de maio de 2011

tem dias e dias

Tem dias que o dia não tem tempo para mim, assim como tem dias que eu não tenho tempo para dar ao dia, e estes tempos tem destes dias em série que até parece é mau olhado que me olharam na alma. Vou fazer mais como para esquecer os dias que não têm tempo e os tempos que não têm dias para mim? Viver cada tempo como se fosse o tempo final duma interrogação indefinida na constância do tempo.
Nestes dias deixei de ter tempo de planear o tempo porque acaba tudo por acontecer ao acaso e eu acabo de fazer o que é importante mesmo que no momento não exista importância certa em relação ao tempo inexistente.
São dias, horas, minutos ou segundos. Fracção dum tempo indefinido num vazio temporal que deixo esgotar com vontade de ter tempo para com tempo planear qualquer contratempo. 
Afinal de contas a minha idade é um número que limita a minha falta de tempo amanhã, pelo que o dia de hoje não posso perder tempo dum tempo que não tenho e fechar os olhos a fingir que vivo o sonho que sonhei numa tarde com tempo.
Como eu gostava de ter tempo para com tempo recordar a primeira vez. Tantas são as primeiras vezes que já não sei se o tempo teria dias para me dar tempo.
Tem dias.


Sanzalando

23 de maio de 2011

Tanto mar

Me sentei na arei e disparei o olhar para o vazio.

Tanto há para ver que não sei por onde começar, então, mais uma vez adiei. Me sento aqui e olho já quase sem ver, apenas gasto os raios de luz que me tocam a retina e não memorizo nem fotografo na imaginação novos sonhos.
Hoje me sentei apenas para ver um quase nada do tanto que há para ver.

Sanzalando

22 de maio de 2011

dar tempo ao tempo

Passeio na areia morna que limita o zulmarinho. Os pensamentos vão e vêem numa rapidez que nem me deixa decorar a ordem com que surgem, nem lhes catalogar o conteúdo. Nem dou conta que já estou no regresso, que gastei minutos ou horas e se calhar algum até era importante e merecia ser guardado. Mas hoje estou só para lhes pensar e sei que se algum surgir com importância ele mais tarde vai voltar à flor da cabeça. Mas também não é todos os dias que gasto assim o tempo sem dar tempo ao tempo que passou.

Sanzalando

20 de maio de 2011

único que sou

Vejo o mar que está no azul dele mesmo. É mesmo zulmarinho assim como que está e assim me embala em pensamentos atrás de ideias que me levam a sonhos, recordações e memórias. Acho que fui o único que empurrou uma porta que dizia puxe, que carregou no botão para subir quando queria era descer num qualquer elevador armado em inteligente, que tentou abrir uma porta quando está escrito encerrado em garrafais letras, que tentou acender uma luz quando sabe que a luz foi abaixo. Acho que esse é único e sou eu. Pelo menos neste momento em que contemplo o zulmarinho posso ser o culpado de tudo que até nem me vou importar. Porque fui eu quem deixou o outro zulmarinho que começa lá para lá do horizonte e ainda hoje acho sou o único que chora no silêncio das palavras que não ouço.
Olhando este zulmarinho, assim azul que nem este e me faz lembrar o outro que é mesmo o meu, pergunto que quem é que se habitua ao maravilhoso depois vai gostar do mais ou menos? Eu não e por isso eu olho este como quem vê aquele e me deixo levar por pensamentos que transportam a ideias que levam a sonhos, a recordações e a memórias.


Sanzalando

19 de maio de 2011

minha velha cadeira

Me deixo estar sentado na minha velha cadeira onde fotografo as memórias que vou recordando. O marulhar quase me adormece e me entrego letargicamente ao voar sobre pensamentos e verdades que eu acredito serem verdadeiras mesmo que não tenham acontecido, me deixo ser mais puro sendo tal e qual sou, sem necessidade de maquilhar ideias ou preconceitos. Me deixo sonhar de lábios cerrados em silêncios mentais filmes que vivi num ecran de pensamentos.
Sentado na minha velha cadeira sei que os amigos permanecerão para além da vida e que o chão que piso não é aquele que me irá levar ao estado de pó. Pelo menos é assim que eu sentado na minha empoada cadeira imagino o amanhã e vejo as imagens de ontem.
Não é a velha cadeira que herdei do meu avô e que era feita de velho barril de vinho naufragado numa loja qualquer. É mesmo a cadeira da memória que povoa desde a minha nascença até ao hoje que poderá ser um dia qualquer, como qualquer é a maquina que fixa a minha verdade memorial.
Um dia, quando a velha cadeira já não me aguentar, eu imaginarei que ela partiu para um lugar melhor com todas as imagens que eu lhe imaginei em cima.
A minha velha cadeira que nunca te conheceu, mas tanto sabe de ti, que acho que se a deixo por aqui ela te falará de tantas coisas que nem eu.


Sanzalando

18 de maio de 2011

azul flor do tempo

O mar está azul revoltado. Cheira mais a maresia e dá mesmo a sensação de estar de olhar frio. Eu fico-me por aqui a lhe olhar como que perdido num tempo que perdi faz tempo em ter esperança de ter melhores dias, quando não tinha tempo a perder e achava desesperadamente não ter tempo por ser tarde demais.
Aqui ficado acredito no que me é mais fácil acreditar. Fico a ver o mar cor de flor e não perco tempo a me olhar, a não ter abraços nas manhãs de cacimbo, a não ver os filmes de fim de tarde numa qualquer esplanada fechada por causa do tempo.
Fico-me por aqui com o coração a bater em batida lenta sem medo de madrugadas, trovoadas e outras cacimbadas manhãs de calor abafado. O mar azul revoltado está frio porque perdeu o tempo de ser bom e passou a ter um tempo discreto, da época.


Sanzalando

17 de maio de 2011

um beijo que não sei se dei

Tropeço silabas na encruzilhada de parágrafos. Me disseram que era normal quando se vai buscar imaginação na memória. Acreditei e quando dei por mim estava a sonhar e como sempre era sobre e contigo que eu sonhava. Acho que tenho de pôr a memória de lado, olhar apenas para o que os olhos vêem, sentir apenas o que os cinco sentidos sentem e esquecer o futuro baseado no ontem.
As silabas parecem deixam de ter sentido e os parágrafos se misturam num engarrafado trânsito de ideias doidas. Penso que tropecei em ti, no sentido real da expressão. 
Olhos nos olhos e deixo-me ficar assim num entardecer que o tempo cinzenta de forma gradual e triste.
Hoje, quase parece dia oficial do cacimbo, eu estou embrulhado em silenciosas ideias vazias.
Um beijo te dou, em memória perdida dos tantos que te devia ter dado faz agora mais que muito tempo.



Sanzalando

16 de maio de 2011

vento e a cidade

Mergulho no mar da imaginação, procuro imagens de memória e acabo sorrindo com um brilho nos olhos. Felizmente a praia está deserta porque apenas eu tento aqui segurar o vento, fazer com que ele não invada as ruas desertas da minha cidade adormecida no tempo. Seguro o vento e as areias do deserto que com ele viajam. As minhas amarras, as cordas que me seguram, são férteis pensamentos que trago na imaginação decorados numa memória que já não sei se é real ou apenas isso mesmo, imaginação. Mas sorrio porque me lembro do teu sorriso de Mona Lisa quando nem ainda sabia quem era esta, porque recordo o teu olhar brilhante que brilhava como que nem dois diamantes quando nem sabia o que era isso. Para o que me havia de dar neste dia de vento leste. A tua imagem, a tua fotomemória, o teu sorriso e o teu olhar. Deve ser sueste, ou outro cardinal que para isso não tenho preferências.
Tu, o vento e a cidade, as minhas constantes memórias. Sopra vento que eu te seguro antes de chegares na cidade.



Sanzalando

15 de maio de 2011

espreguiçado

Espreguiçado na areia que ainda não é escaldante sonho com o cacimbo que devia cobrir-me como um lençol, mas eu me mudei e agora estou num calor que ainda não é tempo dele. Mas afinal de contas eu não sou um ser de silêncios que é compreendido por mim e pelo meu eu? Portanto tenho cacimbo, tenho sol quente, chuva, vento e frio quando me apetece. Basta só meter-me no meu silêncio e ir buscar na memória um estado de alma.
Mas estava eu a te dizer que me espreguiço na areia, me enredo na memória dos sonhos que decorei e me lembro que até os falsos sabem abraçar e sorrir e a gente não lhes consegue distinguir, portanto para quê vou mais esconder as minhas saudades?
Espreguiçado na areia te penso com a força que te pensava anos lá para antigamente.
Espreguiçado me deito numa memória...

Sanzalando

14 de maio de 2011

palavras mudas

Vou na onda do mar, boiando pensamentos leves e livres, construindo castelos de fantasias e sonhos de desejo, enquanto penso que tenho de deixar de achar que qualquer detalhe me quer dizer alguma coisa de ti. Levemente sonho que não sou nada, que não te digo nada nem com os silêncios de palavras afogadas neste marasmo de tarde de praia.
Corpo esculpido de formas arredondadas, bronzeado desuniforme porque não cuidado, pensamentos naufragados na praia, estendidos por cansaço, tentando esquecer que tudo o que penso é sobre ti, ideia velha de muitos anos que me atormenta na nostalgia de não ter já força para mudar.
Estranha forma de me achar que sou um nada quando tu é que és importante, nem que seja apenas para mim.
Vou na onda do mar, coração batendo lenta e despreocupadamente, perdendo fé na forma de minutos.
Vou na onda do mar, sendo igual mim, calado em silêncios de palavras mudas.

Sanzalando

13 de maio de 2011

sentimentos ao vento de fim de dia

Me atiro para cima da areia e me pergunto o que é que eu faço agora. Mesmo antes de dizer um ai por me ter magoado na queda, porque a areia não é assim tão fofa como me parecia, eu já me arrependia da ousadia. Deitar na areia num fim de tarde de vento é o mesmo que estar à espera de fazer uma limpeza de pele pelo sistema abrasivo. Eu precisa era de limpar os meus sentimentos e não a minha estimada e suave pele. Confesso, eu preciso de mimos, chocolates e abraços, e aqui na areia da praia em fim de tarde eu não vou nem conseguir nem se quer imaginar. Custa imaginar quando o vento não está de feição. Já sei que são as coisas mais tolas que me encantam e as mais belas que me apaixonam. A queda na areia já não fofa duma praia ao fim da tarde deve ter-me toldado as ideias, modificado as palavras, baralhado as memórias.
Me levanto da areia da praia e paro de pensar em perguntas que gostaria de me fazer. É fim de tarde, é quase hora de imaginar o teu pôr de sol que em tempos eu não ligava nenhuma porque teria tempo mais tarde e agora é como é.
Venha vento abrasivo me limpar os sentimentos.


Sanzalando

11 de maio de 2011

delírio

Quase me esquecia de respirar. Estava assim a ver o mar, olhos disparados num horizonte que daqui não se vê, se imagina e me esqueci do tempo. Estava mesmo perdido no tempo que até deu para saber que tem quedas que servem para a gente a se levantar mais feliz. Não explico, mas que tem isso não tenho nem uma dúvida. 
Delirei neste perdido tempo que até me sinto outro agora. Vais ver tenho de me perder mais vezes no esquecido tempo de ver o mar com olhos de imaginação.

Sanzalando

10 de maio de 2011

perdidamente

Translado o meu corpo inerte dum pensamento para outro. Divago num vagabundear de ideias como medo de me fixar numa. É assim a minha vida e por isso é que me dizem que o amor dói e se não doer não é amor. É assim que deixo a minha lucidez por aí num descampado assoreando baías, embelezando imagens, criando expectativas e desvirtuando realidades. Talvez seja esta minha escondida loucura que me dê coragem para fazer coisas que a minha seriedade não me permite nem imaginar.
Talvez eu nem seja um ser existente, pedaço de átomo que imagina que tem um corpo, esbelto, magro, ginasticado e ornamentado por farta cabeleira delirante a pensar que tem pensamentos reais a partir de sonhos virtuais.
Translado um corpo num pensamento inexistente com medo de pensar que um dia eu possa ser realidade sem te ter a meu lado como o corpo deseja e a mente desconsegue. Amor de verdade não acaba assim dum momento para outro por isso vagabundo-me por aí num perder-me sem fim.

Sanzalando

9 de maio de 2011

minha praia

Sentado na areia da minha imaginária praia, que, por pura coincidência, é igual que nem a praia da minha infância, me vou elevando de imagens em imagens como se fosse uma escadaria de sonhos. Alguns parecem que estão embrulhados em papel de prenda e decorados com vistosos laços que formam corações e sabem a beijos desejados e transcritos em versos de amor. Outros, avulsos, sabem a mar, sabem a inocência, sabem ao gosto naif da vida desenhada num qualquer pedaço de areia de maré baixa.
Sentado na minha praia curo as feridas dos pesadelos, seco as lágrimas das desilusões e me embalo à espera desse futuro que não sei se terei tempo de lhe ter.

Sanzalando

8 de maio de 2011

por aqui

Num não spot de pensamentos me deixo levar pelo desconhecimento da causa da minha tristeza e agonizo num choro silencioso, numa calada vontade de gritar, numa tentação de fugir sem saber para onde. Por aqui, na beira da praia, luto interminavelmente os meus conflitos internos como se fosse o último dia do resto da minha vida.
Por aqui, à beira da praia, me deixo levar para dias em que tu tinhas um brilho que só me lembro de imaginação ou em pedaços de memória fragmentada.
Por aqui, na praia, saboreando a maresia me perco nos momentos que podiam ser teus.
Por aqui me tenho num sou que já não existe.




Sanzalando

7 de maio de 2011

porque será?

Circulo de pensamento em pensamento à espera de encontrar um último. Viajo por dentro de mim desde o começo, passo pelo meio e me detenho no fim que é um agora. Lembro-me de tudo, das gargalhadas, das lágrimas, da insignificância, da importância, ignorância e sabedoria. Eramos um eternamente na eternidade que acabou por causa dum outro amor. Eramos um que iriamos construir um mundo ao nosso jeito de ser e acabámos separados na maneira de viver.
Circulo de pensamento em pensamento e ainda me detenho em ti. Porque será?


Sanzalando

6 de maio de 2011

5 de maio de 2011

esperar

Me deixo estar num relaxamento mental à espera que um dia surjam ideias que possa dizer-te, falar-te ou apenasmente viver-te.
Quantas vezes escondo uma lágrima somente para não pensares que é por ti? Quantas vezes me desligo do mundo para não pensares que és o meu mundo?
Quantas vezes me calo apenas porque não me apetece falar?
É assim, vou fazer mais como?
Esperar.



Sanzalando

2 de maio de 2011

desertamente

Eu sei que tenho uma qualquer explicação porém não tenho motivo. Não me apetece pensar, falar ou olhar-te. Apenas isso e por isso me calo num deserto de silÊncios.

Sanzalando

1 de maio de 2011

Mãe

Me sento por ai num deus dará de lugar, como sempre, com o velho jornal mal lido e o meu café arrefecido. 
Vejo o mar, sinto-lhe o perfume e inspiro frases de memória que mais tarde esquecerei e me recordo que as coisas que não aprendi na escola me têm sido ensinadas na vida através do tempo, na viagem que faço através de mim, com sonhos e ilusões trespassadas na alma, como tu tantas vezes me ensinaste. 
Aqui, num algures da minha vida, me arrasto com a alma livre procurando palavras que possa revelar um coração paradoxal.
Aqui, num Maio de vida, em que tento ser mais que um vazio, procuro paralelos mundos em que a magia das pessoas não se escondem num divã, não se atrapalhem num rosto triste nem se transformem em lágrimas fáceis de chorar.
Aqui, degrau da longa escadaria que ainda me falta percorrer, acredito que o bom tempo virá e que quando os sonhos se acabarem ficam as coisas reais e quando não tiver mais palavras ainda me sobra o silêncio para desfrutar.
Aqui, na minha solidão interior, na minha desarrumada memória, prateleiras de sonhos e desilusões, encontrei o rosto da minha mãe e chorei. Chorei passados, malfeitorias e outras travessuras e não consegui sorrir com uma alegria que te tenha dado. Sei que foi apenas porque desarrumei a vasta memória que tu tão pouco conhecias e tantas vezes te surpreendias. 
Aqui, no meu silêncio interno, procuro dar-te um beijo e dizer-te que foste tão importante para mim que muitas vezes me esqueci de olhar-te porque sabia que me olhavas sempre, esqueci de dar-te um presente porque sei que tu me ias perguntar para quê se te bastava ver o meu sorriso no olhar.
Aqui, mãe, só te quero dar um beijo porque sei que aí em onde estás, me olhas de ar protector e a tua mão, sobre o meu ombro, indelevelmente, me guias.
Aqui, na tua memória, me recordo dessa alma pura que tudo me desculpaste.
Um beijo grande, mãe, onde quer que estejas.


Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado