A Minha Sanzala

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3 de fevereiro de 2012

na falésia te sonhei

Me sentei na falésia tendo a Igreja nas minhas costas. 
Porque é que me sentei aqui? 
Porque para além de ser aqui que me habituei a assistir ao santo sacrifício da saída da missa de domingo de manhã, é aqui, mais ou menos no meia da baía, que eu vejo todo o mundo que os meus olhos conseguem alcançar e me embalo em sonhos que nem sei se mais algum dia eu lhes vou recordar com tanta nitidez. 
É aqui que eu descubro quem sou, o que eu adoraria ser, o que eu fosse se não puder ser o sonho que eu tenho. 
Aqui, sentado na falésia, sem tempo nem modo, sem contas, rectas ou direitos, o meu passado se entrecruza desfuturado num agora ou nunca momentâneo, porque aqui eu sou futuro de mim, dono das invenções que inventei, das páginas que nunca escreverei e do desejo que nunca desvendarei.
Aqui descubro tudo sobre ti, folheando as minhas memórias, revendo as minhas imaginações e desenhando rabiscos de vento te desenho para mim. Não me interessa a tua voz, teu sotaque, timbre ou qualquer som. Leio-te no meu silêncio e imagino-me no teu futuro com a certeza absoluta que nunca me arrependerei de ter sonhado contigo tantas horas do meu dia a dia.
Aqui, olhando o mar lá em baixo, poderia dizer-te que trocaria a amizade por amor, aquele eternamente que durasse o tempo que tivesse que ser. Aqui faço-te os meus pedidos desde que esses pedidos, todos juntos, sejam suficientes para me deixar estar perto de ti nos sonhos que sonhei para o meu futuro.



Sanzalando

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