A Minha Sanzala

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31 de dezembro de 2012

Te juro...

Sanzalando

palavras que sobraram

Agarrei num amontoado de palavras. Todas as que não tinha usado neste ano que termina e resolvi escrever uma carta, a última carta ao ano. 
O que seria hoje se eu tivesse dado uma chance de fazer as coisas que me tinha proposto fazer? É um pensamento triste porque estaria mais feliz do que estou agora. Não estou infeliz. Só que havia um jeito de estar melhor. Acobardei-me, senti remorsos e adiei.
Poderia estar louco de alegria, cansado fisicamente e torturado mentalmente. Mas feliz. Mais feliz ainda.
Eu tenho um jeito especial de estragar os meus sonhos. Quando penso onde posso chegar começo a perceber que não é por aí que quero ir.
Assim sendo, com o resto das palavras deste ano queria escrever que tenho um sentimento arrebatador, um reconfortante afago, uma paixão enlouquecida. Tenho paz e sou feliz quando podia ser mais feliz.
Com as últimas palavras deste ano prometo por-me em linha da linha certa da vida , sem medos, sem remorsos e sorrindo caminhando para o meu futuro, esteja ele em que estação ou apeadeiro estiver.
Se não der certo outra vez... prometo recomeçar do zero tantas vezes quantas as necessárias.
Te juro, futuro, que não caio sem conseguir!


Sanzalando

28 de dezembro de 2012

um brinde

Levanto a alcatifa e vou buscar uma dúzia de palavras, mal contadas, escondidas debaixo dela num dia de mau humor. 
Começo por lhes limpar o pó. Não espero que brilhem mas que tenham um ar asseado, rítmico e quem sabe, façam sentido. 
Com elas assim disponho-me a fazer um brinde aos lunáticos, aos loucos e aos desprezados, aos que sofrem sem ainda saberem porquê e assim mantêm os olhos sem vida, a alma seca e o coração pesado. Aproveito, mais lustrosamente, brindo aos que se cansaram e que não conseguem olhar para lado nenhum. Já quase sem palavras para gastar ainda brindo aos que sentem dor e não a escondem de baixo de palavras doces e sorrisos falsos. Quase arrastando as palavras que se colaram à alcatifa ainda brindo aos que sentem, aos rebeldes, aos sobreviventes que em vida aprenderam como se morre em pé. Sem palavras brindo a todos!


Sanzalando

27 de dezembro de 2012

palavras para tudo

Como numa gráfica antiga monto as palavras uma a uma usando separadores para que elas não se misturem e se consigam deixar perceber uma ideia. A ideia escrita não sei se é a que chega nas palavras. Mas lá vou usando-as, abusando-as, violando-as ou ultrajando-as.
Há palavras para dizer que te amo. Há palavras para mostrar que tenho saudades. Há palavras que mostram que as minhas insónias é excesso de ti. Tem palavras que mostram que dominas o meu pensamento mesmo quando eu não quero nem pensar em ti.
Enfim, há palavras para todos os gostos e poucas para mostrar os desgostos.
Um dia vou guardar todas as palavras num cofre e deixar-me vagabundear em silêncios de alma gémea.

Sanzalando

26 de dezembro de 2012

palavras de ausência

Um amontoado de palavras por catalogar e arquivar. Honestamente me apetece agarrar nelas e jogar janela fora, aproveitando o vento que sopra de norte e ver se elas chegam até ao meu sul. Vivo num período de ausência. Sinto ausência de muitas coisas, principalmente de ânimo e vontade. Nem toda a responsabilidade que estão a pôr sobre os ombros combatem esta inércia de afastar-me da ausência  Começo cansado e termino exausto. Permiti-me dizer nãos a várias coisas e também a pessoas. Estas que já eram poucas ficaram mais escassas e eu continuo sentindo ausência de tudo, menos do cansaço. Dizem-me é fase. Pensam sou lua. Falta-me o ar da clareza, um corpo sem dor e uma mente descansada. 
E as palavras amontoadas lá estão, mesmo com a janela aberta e sem serem levadas pelo vento, rumo ao meu sul.
Poucos me percebem e aqueles que o fazem desviam-se como o diabo da cruz.
O bom da ausência é que ninguém descobriu a minha falta quando eu não estiver.


Sanzalando

24 de dezembro de 2012

Dizem hoje vai ser Natal

Boas festas como se houvesse festa.
Quem não tem festa vai fazer mais como? Responde mais o quê?
Boa Noite de Família


Sanzalando

23 de dezembro de 2012

palavras de um afogado

Procurei avidamente palavras no meu diário, frases incompletas porque perdidas no meio de pensamentos, de outras reflexões e tretas que tais, que mostrassem que eu não me estava a afogar num mar de solidão. Apenas me afogava nos meus segredos, nos meus gritos silenciados por medo de não ser correcto nas imaginações de vida. Cansado, procurei espaço para mim dentro de mim, deixando as palavras à porta dos meus silêncios como se fossem os pesadelos de um acordar mais tarde sem lembranças.
Declamei versos de poetas famosos e fiz sessão de poesia instantânea para um publico especial. Eu!
Todas as palavras eram usadas. Nem uma brilhava como nova. Não foi assim que consegui me livrar da sensação de afogamento.
Foi então que sem querer sussurrei baixinho palavras que sempre tivera medo de dizer:
-sai da minha vida como entraste: Calada!


Sanzalando

21 de dezembro de 2012

Palavras rasuradas de amor

Palavras riscadas, palavras rasgadas, rasuradas, emendadas., gafanhotos rabiscados de difícil interpretação, auxiliam-me a pensar o meu estado de graça caído na desgraça de não ter graça e querer ser engraçado. Quem foi que disse que o amor tinha graça. O amor não é um filme em que eu digo acção, corta, vamos lá outra vez, os protagonistas sofrem mas o director da fotografia dá um tom angelical à cena pretendida e o filme é o que eu quero. No estado de graça real a gente leva pancada e se se fica bem olha à volta e passou perto de precipício do abismo perfeito. Não há cenas em câmara lenta, não há olhares coincidentes por acaso, toques subtis que surgem do nada e modificam toda a trama, todo o enredo, toda a melodramatologia. Na vida real a gente esconde o olhar com medo que o outro nos leia até à alma. O amor mesmo, não vem embrulhado em papel de festa mesmo que te deixe tonto, e deixa-te noites sem dormir e crise de ciumes de nada e tudo intercalado no meio de amor ódio. É aquele amor de amar tanto que deixa até agente com raiva.



Sanzalando

19 de dezembro de 2012

palavras de esperança

Tropecei em palavras mudas, camufladas de silêncios, escondidas em becos da memória com medo de serem gastas. Mas alinhavei-as, como a minha avó fazia nas minhas velhas roupas para delas fazer novas coisas, e conclui que nunca é tarde de mais, ou cedo, para eu ser quem eu quero ser. Não há limite no tempo. Posso mudar, adaptar, modificar e continuar a ser o mesmo. Não há regras. Posso tirar o máximo proveito ou o mínimo. Espero eu sempre tirar o máximo mesmo nas vezes que não atinjo o mínimo. Espero sempre surpreender-me, sentir coisas que nunca senti, conhecer pessoas diferentes com conceitos diferentes. Mas quero, sobretudo ter orgulho em mim, mesmo quando do zero tenho de recomeçar.


Sanzalando

18 de dezembro de 2012

reclamantes palavras

Tento aprender palavras novas para usar como carícia, como doce carinho de atenção ou apenas como forma de mostrar que existo, apesar da estatística quase apostar que eu não sou eu. 
Não me agrada chamar a atenção porque sou sempre a pessoa que perde, porque tenho saudade ou medo! Não sou pessoa interessante e sou mais facilmente substituída como todos que eu já vi em tantos cemitérios que já visitei. Mais uma da estatística.
Não reclamo, excepto quando estou para aí virado. Nem considero estas palavras como reclamação, mais uma forma estatística de mostrar-me.
Não atiro a toalha ao chão como se estivesse numa luta de boxe porque o meu corpo não foi feito para violentos embates.
Nem deixo que me falte o ar para respirar só porque não tenho carícias a dar nem doces atenções a distribuir.


Sanzalando

17 de dezembro de 2012

hoje - um dia como outro

Retiro uma palavra daqui, um verbo dali, conjugo com um complemento directo e reparo que ouvi dizer que o que sai volta em dobro. 
Hoje é dia de esperar o que não se espera nada da vida, uma vez que encerramos num coração de porta trancada, fechada a cadeado e virámos uma página que se encheu de negro fumo e se enrugou de lágrimas escondidas.
Hoje é dia de esperar que um amigo venha beber uma birra gelada, insista numa saída nocturna e eu encontre  exactamente o dobro que perdi.
Hoje retiro palavras daqui, ligo a TV, ouço uma música e com a maior das naturalidades me esqueci que dia é hoje.


Sanzalando

15 de dezembro de 2012

o teu rosto se foi apagando

Colecciono palavras como podia coleccionar selos, latas, pacotes de açúcar ou outras inutilidades. 
Eu resolvi coleccionar palavras, não para mais tarde as vender ou fazer render. Apenas para as usar em caso de necessidade ou para deleitar em momentos de ociosidade. Raramente era para as utilizar em momentos de tristeza, pensando eu que aqui seria o silêncio a melhor das não palavras a usar.
Mas às vezes as coisas não são como eu as quero e por isso perco palavras da minha colecção quase sem saber como.
Hoje é um dia de perder palavras. Talvez porque o céu esteja cinzento, o vento sopra forte e eu esteja para aqui virado num avesso de mim.
Me lembro como se fosse hoje que faz tempo a tua cara era um sorriso na minha memória, depois foi passando a ser como rascunho cada vez menos elaborado e agora é uma mancha num papel que algum entendido iria dizer tratar-se desenho abstracto.


Sanzalando

14 de dezembro de 2012

palavras, ideias e conceitos

Sentei-me sobre palavras, dobrei-me sobre ideias e reflecti sobre conceitos. 
Uma coisa é certa, faltam-me palavras que devo ter perdido nas arestas da vida, faltam-me ideias que devem ter sido levados por ventos tempestuosos de amores juvenis e mudei conceitos ao longo do dia, conforme as horas.
A felicidade não se planeia.
O amor não se mendiga.
O sorriso não se pede.
O olhar não brilha por dá cá aquela palha.
Zango-me porque sou humano.
Rio porque humano sou.
Choro porque sinto.
Gargalho porque me apetece.
Temos defeitos também porque estamos vivos e não jogamos fora só porque sim.

Sanzalando

12 de dezembro de 2012

triste louco e paixonado

Sentado algures numa pedra dum paredão de mar construo castelos de palavras e sonhos, risos de gargalhadas, lágrimas de choro, caras máscaras ou olhares brilhantes. Quem passa e me olha vai pensar ele está triste. Faz tempo está triste. Depois outro, que passasse mais tarde, ia dizer enloucou porque me viu sorrir ou mesmo a gargalhar e sem mais ninguém a não ser o meu pensamento por companhia. 
Acontece que ninguém percebe que eu não quero ficar toda a hora de olhar triste ou cara gargalhante. Quero ser eu, nos meus defeitos, feitios, virtudes. Acham que é pedir de mais?
Nas minhas conversas o meu olhar percebeu o brilho do teu e reparou que uma lágrima escorreu no teu rosto. Meu gesto imediato era ir secá-la com um beijo. Mas não fazia sentido porque algures no paredão eu estava sozinho com os meus pensamentos. Reparei que sorriste porque deves ter imaginado o meu gesto impensado.
Quando me olhei eu estava a chorar. Foi aí que eu percebi, que sozinho algures num paredão de mar havia um chorar de amor e quem me visse iria pensar, triste, louco e apaixonado.


Sanzalando

11 de dezembro de 2012

etiquetando palavras

Etiquetando palavras de modo a que não as perca num dia de chuva ou trovoada, ou secas pelo calor tórrido dalguma paixão, vou delineando-as como se fossem um texto para mais tarde recordar. Engraçado, como nós depositamos tanta confiança e tanto sentimento nas pessoas, naquelas que esperávamos conhecer até na alma, mas que no fim são mais que iguais a todas as outras que conhecemos na superfície. 
Etiquetando palavras, ordenando-as de modo que não se dissolvam num qualquer vendaval da vida, vejo que esperamos de mais e que sempre há decepções que nos magoam até para além da alma.
Etiquetando palavras, juntando-as num montículo de modo que as possa mais ter ver, quando a vista cansada já não for a mesma, encontro frases que me dizem que é melhor viver esperando menos das pessoas e dando o mesmo, que a parte pior dum livro muito bom é ficar com o sentimento estranho atravessado na garganta, quando ele acaba. Acho é o mesmo de dizer adeus ao melhor amigo!


Sanzalando

10 de dezembro de 2012

vagueio palavras de nada

Vagueio palavras quando deveria estar a pastorear silêncios. Somos diferentes, e não digo que é só porque eu gosto do azul e tu dum verde canário ou amarelo camaleão, porque eu detesto cinema e tu adoras baladas, porque eu gosto do mar e tu da serra, mas também pelo sentir e pela falta de sentido nos todos significados. Precisas de atenção constante e para aí nunca estive virado, ou se calhar é o contrário e nunca dei por nada, precisas de complexidade e eu limito-me a coisas simples. Enfim, com estas coisas todas não há barca que não afunde. Resolvi abraçar a humanidade, sempre é mais simples, não tem um querer absoluto, não tem uma placa proibitiva que sinalize todas as minhas limitações e solidariamente me afunde no abismo do mim mesmo.
Vagueio palavras já sem medo que te zangues, amues, atires com o que estiver mais à mão ou ajudes a soprar os ventos contrários nas preces das alternativas igrejas.
Vagueio palavras porque são elas o sustento do nosso nada.


Sanzalando

9 de dezembro de 2012

Platinadamente Árthemis




Sanzalando

porque hoje é Domingo

Hoje é Domingo e estatisticamente é o dia que ninguém vem ouvir as minhas palavras roucas, afónicas ou ruidosas. Por isso estou à vontade para desfazer-me aos poucos e se alguém me perguntasse como eu gostaria ser lembrado se eu me finasse agora eu responderia que com um sorriso de nostalgia e um olhar de saudade representar-me-iam-me na perfeição.
Mas não me levem a mal que hoje ao domingo ninguém vem cá bisbilhotar e os que por mero acaso aqui passarem dirão que com ele, isto é eu, é tudo sem querer, nunca está distante está é sempre longe da realidade fingindo que adivinha o futuro.
Hoje é Domingo e como ninguém quer saber destas linhas eu posso dizer bem alto que todos devem espalhar o amor porque de dor e sofrimento o mundo está cheio.
Estou rouco. Constipado, mas vou sorrindo para os amigos, para as amigas e até para quem se cruza comigo e me olha de lado como se eu fosse mais um louco com dispensa de fim de semana.
Sorrio por que é Domingo e ninguém vai ler as palavras afónicas que eu disse no silêncio da solidão.

Sanzalando

8 de dezembro de 2012

ter amigos



Hoje me colhi assim porque hoje faz três anos tirei esta fotografia. Hoje estou afónico, há três anos estava eufórico. Hoje estou muscularmente dorido duma noite de vadiagem, há três anos sorria mesmo sem saber porquê. Hoje sei tenho amigos, há três anos eu não sabia.
Sanzalando

7 de dezembro de 2012

A vida tem destas coisas

Hoje o dia nasceu parece é sandes. Tem chuva, tem sol e ainda é temperado por um bocado de vento, que se eu soubesses os pontos cardeais, dizia vinha do norte da ira. Mas esta é apenas a fotografia ilustrativa dos dia de hoje vista pelos meus olhos e pelo meu arrepiado cabelo. Corpo tremido, encolhido, numa marreca parece é feto enrolado, para aquecer no cabimento da vida e ir seguindo em frente porque sempre me disseram que a frente é que é o caminho. Me esqueceram foi de apontar onde é que é a frente. Eu escolhi esta frente e parece me enganei. Mas sigo em frente porque se dizem que a terra é redonda eu vou passar na frente verdadeira mais cedo ou mais tarde. 
Tudo o que eu faço, afinal, é pensando em ti, portanto, se eu errar eu vou dizer que a culpa foi tua porque me distraíste e não era esta frente fria que eu devia ter escolhido. 
A vida tem destas coisas!



Sanzalando

5 de dezembro de 2012

Diálogos à toa

Vaporizado pelo frio, sigo caminhado na tortuosidade da vida, umas vezes cabisbaixo outras de porte altivo, umas vezes sorrindo, outras fazendo sorrir enquanto choro por dentro e outras ainda sabe-se lá como. Passo por alguém, num dia de cabisbaixo que me atira um simpático:
- Como andas?
secamente, sem mexer a cabeça e se calhar sem abrir os olhos respondi:
- Com as pernas!
Ouvi a voz simpática retorquir:
- Interessante.
- O quê? disse de imedito no mais seco das minhas palavras
e ouvi a voz simpática que já me parecia doce e meiga a dizer-me:
- Usas a ironia para esquecer a dor?
levantei a cabeça, abri os olhos e sorri de agradecimento

Sanzalando

4 de dezembro de 2012

deambulando no tempo

Deambulando pelas esquinas da minha vida, pelos precipícios instáveis por onde andei, recordando cada rosto sem rugas porque o tempo parou num tempo que não sei, eu sei que tudo pode acontecer. Deixando o tempo progredir lentamente outras esquinas, outros precipícios, outros rostos mais enrugados porque o tempo os enrugou, eu sei que tudo pode acontecer.
Hoje, parado no tempo, eu queria que alguma coisa fosse estável na minha vida, que as palavras que digo fossem repetidas como eu as digo, que  os meus olhos transmitissem em directo a emissão da minha alma e que cada curva da minha vida fosse linear.
Deambulando pelo tempo eu quero ter tempo para corrigir erros.


Sanzalando

3 de dezembro de 2012

preguiçamente sem letras e muita memória

Assim, duma forma preguiçosa, eu te digo em surdina, não vás tu ouvir, que eu bêbado de sono te tenho na memória com um sorriso bonito e que amanhã, depois de 15 horas de merecido sono o teu sorriso vai continuar bonito e eu vou ter-te apenas na memória.

Sanzalando

1 de dezembro de 2012

Post Scriptum

Sanzalando

palavras vagabundas

Hoje me apetece conduzir palavras como quem conduz um carro numa viagem. Despreocupadamente, descontraidamente, automaticamente, baseando os gestos em reflexos e os pensamentos vagabundeando ao deus dará.
Eu te amo. Disse um dia que não sei se chovia, fazia sol ou era noite. Mas tu deves te lembrar e já estás a preparar um pensamento para me atirar à cara que sou um desnorteado, despreocupado, desleixado.
Eu sei que pode acontecer um dia acordares e já não te lembrares do meu nome, apelido, da nossa existência como única. Mas essa eu lembro. Pelo menos por agora.
Podes ter-te esquecido das lágrimas que deitamos de tanto rir, dos silêncios trocados em palavras de olhar, das discussões que tivemos por mais banais que fossem acabavam sempre do mesmo modo, felizmente.
Eu sei e sei o que te diria se te encontrasse mesmo sabendo que virarias a cara para outro lado para eu não ver os teus olhos brilharem e o rubor da tua cara pelo aumentar do pulso.
Sei que são palavras vagabundas como vagabundo é o meu livre pensamento


Sanzalando

30 de novembro de 2012

versos de futuro

Sopra forte o vento. A chuva quando cai parece está desesperadamente a fugir do céu. Eu, aqui em baixo, abrigado nas memórias, nos momentos grandes da minha vida, na sombra imaginada dos amigos que tenho, vou vagabundeando ideias e conceitos, perdendo preconceitos, afastando medos e apagando segredos, afastando tempestades e silenciosamente dou comigo a declamar versos que nunca pensei escrever:
Podes ter fugido do tempo e da cidade 
mas nunca poderás fugir da tua identidade. 
Eu prefiro ser uma virgula
que um ponto final.
E talvez neste escuro,
que já não me é fatal,
eu seja o ginasta dos trapézios
saltando em espiral
como se fosse o último salto mortal
para um  tempo mais de futuro 
O Sol entretanto reapareceu, o vento acalmou e nenhum vizinho veio à janela assustado com o vozeirão que eu devo ter feito e me calei para a solidão carregada de gente.



Sanzalando

28 de novembro de 2012

preguiçamente escrevendo um noticiário da rádio

Sentado no mura da minha casa, não vejo ninguém porque já escureceu, é hora de jantar ou de ouvir a rádio oficial no noticiário da noite. Mas eu criança me que importa a mim as notícias se as minhas notícias são apenas a memória que eu tenho dela.
Então resolvi inventar o meu noticiário, em cima do muro da minha casa e a dizê-lo com voz bonita, como locutor de rádio, e a pensar em ti.
Senhores ouvintes muito boa noite. Neste noticiário aproveito para dizer que não tenho muito para dar, não possuo nada de extraordinário, não sou um génio e tenho impurezas no coração. Quanto à beleza não me pronuncio mas possa dar-te a minha opinião sobre o que é amor, acariciar-te com as minhas mãos meigas, mostrar-te a minha transparente alma e dizer que te amo.
Boa noite, este foi o noticiário do dia de hoje.


Sanzalando

27 de novembro de 2012

filosoficamente

Me lembrei que um dia eu tive uma cadeira que se chamava Filosofia. O prof era o Bronson, porque diziam era igual ao Chrales Bronson. O nome dele mesmo eu já não me lembro de verdade. Como era aula que eu não entendia pois parecia chinês, embora eu nada tenha contra essa língua, parei um segundo para lhe ouvir e ele repetiu, parece que era mesmo para eu ouvir bem: "quem ama não usa a razão. O sentimento flui de dentro para fora sem esforço e não passa em nenhum filtro".
Desliguei uns segundos para estudar este pensamento dito em voz alta. Repeti-me baixinho que não é possivel tirar um sentimento à força, as coisas acontecem, naturalmente.
Já não ouvi o resto da aula e divaguei que para esquecer deve ser a mesma coisa. Não vale a pena fazer esforço. Deixa fluir.

Sanzalando

26 de novembro de 2012

Pausa sem intervalo

O brigadeiro Rato não pegou. Não me pegou. Projecto adiado sem tempo definido apesar da sua estória correr na minha cabeça parece é filme faz algum tempo. DE cowboys e chiquismo esperto que nem John Wayne ou Trinitá. Ideia nova preciso. 
Não posso voltar à minha cidade que ela era tão pequena que acho já lhe percorri vezes sem conta. Já me repeti e errei pedaços de rua. Não quero voltar à nostalgia por que não sei se coração aguenta chorar mais lágrimas pesadas que nem conseguem sair dos olhos. Não quero lastimar passados sem ter futuro pela frente.
Vou pausar mas não intervalarei nem que aqui tenha de falar do mar, da areia ou duma estória que nunca aconteceu.
Para já quero agradecer aqueles que ao longo destes longos anos foram e continuarão a ser meus fieis seguidores. Mas textos supremos faltam-me por vezes. Deve sere a idade, deve ser a desilusão, deve ser eu apenas.



Sanzalando

25 de novembro de 2012

me escrevo uma carta


Autobiografia em forma de carta:
Eu sei que tenho de admitir que sou por vezes irónico demais, desmedindo palavras e desprezando pesos nelas. Às vezes sou bruto, grosseiro e parvo. Outras vezes meigo, piegas e com um lado apaixonado que parece é cola tudo que até chega a assustar. Protector e ciumento quanto baste para chegar ao exagero. Se calhar tenho um génio difídil ou total falta dele. Umas vezes explosivo e outras calmo que até dói. Umas vezes duro como uma pedra e outras frágil como cristal. Quase sempre um poço de orgulho e outras vezes irreconhecívelmente a leste.
Sabes o que me assusta?
Haver gente ainda que goste!



Sanzalando

23 de novembro de 2012

Aglomeradamente

É público e notório que hoje a minha caligrafia está imperceptível pelo que as palavras são ilegíveis, as frases irreconhecíveis e os parágrafos um emaranhado de frases cúmplices da desordem mental dum dia de 36 horas completas. 
(em resumo: estou que nem me apetece escrever)

Sanzalando

21 de novembro de 2012

a estória que me esqueci e mudei de rumo

Brigadeiro Rato o homem que chegou a brigadeiro sem nunca ter feito tropa. Acho Mesmo não sabe o que é uma arma ligeira ou artilharia. Mas na verdade eu já me cansei da estória sempre adiada do Brigadeiro Rato pelo que não vou ser mais, por enquanto, o chofer da treta. Se calhar também não tinha ninguém interessado em saber a estória do Brigadeiro Rato.
Assim sendo me despedi com uns meses de ordenado em atraso e um dia irei entender que a nossa vida tem sempre um propósito, algumas dificuldades, tristezas, angústias e fundamentalmente felicidade, que a gente não dá nem importância. Como esta última não está sempre presente a gente deve ter que lutar para ela estar pertinho. A vida é para viver e não é para esperar. A fantasia não cai do céu feito parece é chuva.


Sanzalando

20 de novembro de 2012

Faltei no trabalho com o Brigadeiro para não escrever a estória

Hoje me acordei como quem acorda com mais sono do que aquele com que se deitou. Não fui na farra, não bebi umas e outras, não ginguei o corpo na cama. É mesmo só estar cansado e aquele 3 metros de cintura às vezes também precisam de saber o que é a vida sem chofer da treta.
Bem, de verdade eu tenho a mania de sonhar tudo, de dizer o indizívelmente mesmo em silêncio e por isso às vezes suspiro e me agarro nas certezas absolutas dumas teorias que imaginei e escrevi a pensar que mesmo não tendo acontecido são verdadeiras e depois a noite é carregada de pesadelos sem hora nem lugar, sem luz e sem luar, num silêncio absoluto de quem está a dormir embalado pelo suave marulhar dum mar imaginário.
Eu quero o tudo ou nada e ainda penso se ele andou de camuflado, arma na mão e chegou a brigadeiro por bravura ou se foi mesmo cunha dum favor feito se sabe lá porquê. 
Eu acho que nasci para trilhar o meu caminho na biografia desse gordo que precisa calçadeira para entrar no Jeep. Mas hoje eu precisa deixar de apontar na memória os gestos dele para não tropeçar na barriga enquanto tenta me reduzir à insignificância



Sanzalando

16 de novembro de 2012

hoje nem conto que tenho medo

Hoje acho o céu zangou com a terra e caiu chuva parece tem mais água lá em cima que aqui em baixo. Mas bom funcionário que nem chofer da treta que quer arranjar umas massas para poder ler livros que vai pedir emprestado e um dia quer escrever a estória verdadeira, mesmo que não autorizada do Brigadeiro Rato, não é esquema. É fonte de informação.
Lá vem ele. Gabardine acho comprou em Paris, lá na de França. Tem aqui igual mas ele diz é Chinês dura só uma chuva e não cai bem. Ora se chuva está a cair bem estou que nem entendi mais o que ele estava a dizer.
Quê? Nem insulto, nem bom dia e nem qualquer palavra? Tempo por aqui também está ruim. Vais vem lhe entrou pingo no cérebro e lhe afogou qualquer coisa. Tem maka ai.
- Vamos para onde, Patrão?
- Claro que é para o Escritório!
não disse nem palavrão.
Brigadeiro que nunca usou farda e dizem vendia comida da tropa no mercado lá da mitcha ficar sem dizer que eu sou isto ou aquilo? Não. Hoje prefiro, mesmo por segurança pessoal, ficar calado e não contar a estória do Brigadeiro Rato.



Sanzalando

14 de novembro de 2012

ainda não conto hoje

Brigadeiro Rato, ex-militar que dizem nunca usou farda e não sabe dizer se uma arma é uma arma ou um instrumento de construção civil, hoje não me quis dizer nada do encontro na cidade alta em que vestiu o fat mais novo, lavado duas vezes de seguida para ter a certeza que estava limpo, só me disse que um homem não deixa de viver quando morre mas sim quando deixa de amar. 
Me intrigou. Conversa de filosofia assim logo de manhã e ainda sem uns copos com pouco gelo? 
- Mas patrão e o encontro?
- Chofer da treta, tudo tem o seu tempo certo e mais velho tem-no.
Barafundei-me de ignorância ainda mais.
- Conta lá, patrão.
- A vida se baseia na realidade. Temos de ser coerentes e desenvolvidos.
Bem, acho estou a começar a ficar com febre e não é paludismo. Ele é que está a delirar, eu só estou é confuso e por isso não conto mais nada hoje sobre a vida do brigadeiro que dizem nunca foi tropa de dar tiros.



Sanzalando

13 de novembro de 2012

cidade alta

Brigadeiro Rato hoje vestiu fato de último modelo e me disse que vamos primeiramente na cidade alta que tem assuntos de suprema importância a tratar. 
Me dei logo a pensar e chofer da treta vai assim vestido? 
- Chefe, vou ali só mudar de roupa.
- Não, não sais do carro. 
Tristeci. Chofer não entra. Fiquei logo num daqueles dias em que apetece é fugir e dizer que a vida se dane e coisas piores que até é pecado só de pensar. Me apetece dizer no Brigadeiro que vou na minha liberdade de entrar onde quero e não ter que ficar sentado a ser roído pela inveja, sufocado pela ignorância e abafado pela curiosidade.
- Arranca, chofer da treta.
Que é que eu faço, meu deus do céu ou lá onde é que estás. Pensei, esta é a minha vida. Não sou brigadeiro, fugi da topa, aprendi a ler na rua, me formei na malandragem, me curei ao volante, vou fazer mais o quê?
Lá levei o Rato, que hoje não lhe brigadeiro de nome e nem lhe conto a estória.


Sanzalando

12 de novembro de 2012

Assobiando à chuva na estória ainda não contada

Brigadeiro Rato hoje sai de casa a assobiar. Hum, tem estória aqui metida. Daqui a pouco vai sobrar para mim. Ele contente numa madrugada destas de quase duas da tarde, ir para o escritório de baixo de chuva  e ainda a assobiar? Não me lembro quando foi que isso aconteceu a última vez.
lhe preguntei como se tivesse medo da resposta:
- Será que o tempo vai melhorar?
Ele gargalhou e me disse:
- Chofer da treta, até hoje sempre passou, às vezes rápido, outras demora, mas sempre passa.
Me preocupei ainda mais. Nesse trânsitio infernal, esse Brigadeiro que dizem não sabe o que é uma arma, vai me soltar leão na alma. Me calei e resolvi nem pensar mais enquanto deslizava a velocidade de caracol para o escritório e não conto hoje nada sobre ele.

Sanzalando

11 de novembro de 2012

11 de Novembro

Hoje devia de falar aqui do Dia da Independência do meu País de coração, do que inspirou o nome deste blog, do meu carinho e dos meus sonhos.
Mas hoje não vou falar dissso.
Não vou comentar a estória ainda não contada do Brigadeiro Rato
Nem vou falar de mim.
Hoje digo apenas que espero. Por pessoas, por palavras e por actos. Ou seja, em resumo: tenho ESPERANÇA


Sanzalando

10 de novembro de 2012

ainda não começou a verdadeira estória do brigadeiro rato

Hoje é dia de Brigadeiro Rato passar no fim da tarde pelo clube que tem porteiro fardado na porta e parece só entra quem é mesmo sócio de pagar cota alta que é luxo. Ele daqui a pouco vai-me gritar com o nome que ele me baptizou, chofer da tanga, em só de quem grita como se eu estivesse para lá da fronteira do outro lado, e dizer que está há mais de cinco minutos me esperar.
Mas me enganei. Me chamou de nome mesmo em tom surdo que se eu estivesse a passar nas brasas não lhe nem ouvir e me disse vai à tua vida que hoje não saio de casa.
Me imaginei logo estórias de castigo da mulher, coisas da vida deles que eu sei mas não vou nem pensar não vai estar alguém por aí a ouvir pensamentos. Mas depois me preocupei foi mesmo comigo e me disse vou fazer mais o quê se eu não posso nunca programar minha vida mais de cinco minutos à frente. Vou para casa mais uma vez ficar a ver se tem luz? Me lembrar que uma vez o Brigadeiro Rato, numa de conversar com ele por causa lá duma senhora funcionária, dizer para eu ouvir mas não responder, que a partir de agora te deixo livre, solto, desimpedido e que amor não se implora, apenas se sente e até hoje não sei quem foi quem disse isso, se ele ou se ela porque ele estava com cara de pobre defunto acabado de morrer.
Não, hoje é dia de verter uma ou outra loira gelada, ouvir conversa de homem que diz dez palavões em cinco palavras e descansar a carola de modo que ainda não é hoje que vou contar a estórtia verdadeira do Brigadeiro Rato


Sanzalando

8 de novembro de 2012

diálogo demim comigo

Uma vez perguntei:
- O que é mais importante, amar ou ser amado?
E me responderam:
- O que é mais importante para um pássaro, a asa esquerda ou a direita?


Sanzalando

7 de novembro de 2012

e o raio da estória não começa

Brigadeiro Rato hoje que acordou bem dormido. Vem a assobiar que até parece está adivinhar houve festa.
- Sr. Brigadeiro hoje está contente? perguntei eu assim com voz de quase eu não me ouvia
- Sabes, quando eu conversava até altas horas, de negócios diga-se, eu tinha problemas em acordar. Agora que eles rolam parece sobre rolamentos começo a ter problemas em adormecer. Mas esta noite fiz um negócio que nos vai render uns trocados de milhão.
- Isso de trocados é bom, patrão?
- Aqui o Brigadeiro quando fala, fala alto.
Não fosse ele ainda começar aos berros a contar as coisas me calei, fechei a janela do Jeep e perguntei, hoje vamos onde então?


Sanzalando

6 de novembro de 2012

a estória que nunca mais começa

Alguma coisa correu mal na noite do Brigadeiro Rato. Ele ainda não me viu e já está a gritar VAMOS EMBORA.... hum... meti o Jeep em direcção do escritório e ele berrou:
- Quem disse que vamos para aí?
Parei e perguntei de voz sumida, vamos então onde? 
- Alfandega! 
Possa, pensei, coisa grossa aconteceu nestes dias. É melhor mesmo ainda não falar do Brigadeiro Rato que veio do planalto e dizem nunca vestiu farda. Não vái ele ainda ler os pensamentos deste motorista que um dia vai escrever a estória dele.


Sanzalando

5 de novembro de 2012

É ela - Saudade num quase regresso

É ela. A que deixa tudo pela metade. A que usa reticências em todos os diálogos. A que machuca e anestesia simultaneamente. 
Uma paz melancólica.
Um inferno calmo.
É ela. A sombra do seu passo. A bandeja vazia dum ambiente faminto. O pesadelo agonizante que não acaba quando desperta, pois não se lembra de adormecer. 
É ela que não morre e também não vive. 
É ela, a que me prende e da um nó na minha memória. A podridão sem odores, cores e sabores. 
É ela que te oferece à mão sem a intenção de segurá-la, vive ao teu lado sem a intenção de proteger-te. 
Por ela só escuto o silêncio que arrepia a alma quando ela resolve falar.
É ela, a tal da saudade.


Sanzalando

3 de novembro de 2012

adiada a estória

Brigadeiro Rato me folgou. Diz eu hoje posso verter umas e outras mas para me lembrar que ele é quem manda, que me paga e se me telefonar eu tenho de atender é porque verteu de mais e já não sabe onde é que é a casa.
Vou dizer mais o quê a ele?
Se ele acorda muito cedo fica de mau humor, se acorda tarde fica de mau humor, se bebe mau humor bóia, se não bebe mau humor fica asperamente seco, Acho mesmo não é questão de horário, é mesmo questão dele ficar de mau humor e por isso como sei que daqui a umas duas ou três cervejas já está a chamar por mim, ainda não é hoje que eu lhe vou contar a estória do Brigadeiro que nunca, dizem, pegou numa arma.

Sanzalando

2 de novembro de 2012

a estória ainda não começa hoje

Brigadeiro Rato faz um esforço enorme para caber neste Cherokee que eu acho foi feito de propósito par ele entrar. Só neste bocado transpirou que já está a dizer que tem de ir mudar a camisa. De facto ela parece é acabada de sair do tanque da lavagem. Mas ele entrou e me disse:
- Vamos pró escritório!
Bom dia ou olá ou sei lá o que se esqueceu como se esquece todos os dias. Mas ele é Brigadeiro pode esquecer eu é que chofer só lhe digo em voz quase baixa:
- Bom dia Sr. Brigadeiro. Vamos a caminho assim o trânsito deixe.
Silêncio continuou. Liguei o rádio e estava a dar as notícias. Lhe deixei ouvir e virei para mim e deixei o jeep andar na velocidade lenta do trânsito matinal.
Quando parece acordei estava a dizer muito baixinho que quem não gosta de mim eu também não gosto. Mas aprendi a lidar com isso. Procuro mesmo é só estar tranquilo com a minha consciÊncia pois é impossível agradar a todos.
- Isto não anda mais? Tenho mais que fazer! Deviam ter umas ruas só para gente empresária.
Ai me calei e hoje não vou pensar mais em Bigadeiro Rato o homem que veio do Planalto e que dizem nunca vestiu farda.

Sanzalando

1 de novembro de 2012

a estória adiada mais uma vez

Brigadeiro Rato hoje gargalhou. É bom sinal. Mas por causa dumas e doutras é melhor esperar outra altura para eu lhes contar a História Verdadeira de Brigadeiro Rato em versão não oficial e não autorizada pelo referido. Assim ainda me vai dando uns cobres que sempre dá para o tabaco e afins.
Hoje, gargalhando para mim, simples motorista que não ouve, não fala e muitas vezes não vê e me disse que estava de pé no chão. Depois de tudo o que passei aprendi que não devo sonhar muito alto nem fazer tantos planos. Lhe sorri como que a lhe dizer que lhe compreendia mas na verdade eu nunca vi ele fazer um só plano de cada vez. Sonhar e ganhar era a sua sina se tivesse ido na cigana ler a mão


Sanzalando

31 de outubro de 2012

mais um episódio da estória que ainda não vou contar

O Brigadeiro Rato hoje acordou assim com o rabo virado para a lua que até parece é eclipse por isso não vou contar que ele veio das terras do planalto até na capital faz 20 anos e ainda não era o Brigadeiro Rato mas apenas Mateus Guilherme soldado das forças inimigas integradas nas novas forças armadas e ainda não tinha o cinto do tamanho do kilómetro sempre a fazer furos e acrescentos. Por isso vou só ficar numa frase que ele diz o dia todo parece até é importante: o problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas e as idiotas só têm certezas.

Sanzalando

30 de outubro de 2012

uma estória que um dia vou contar

A caneta escreve mal, parece arranha o papel e a letra não sai legível para possível correcção futura. Por isso não é hoje que vou contar a estória verdadeira do Brigadeiro Rato que numa foi na tropa mas subiu os degraus todos até ser ruado com a sua cintura de quase dois metros. Fica na próxima vez que o tempo ajudar.
Assim, quase rasgando o papel com esta caneta que fui desencantar numa gaveta velha, escrevo apenas que da vida não quero muitos excepto saber que tentei tudo o que quis, tive tudo o consegui e amei o que valia ser amado. O que perdi afinal acho nunca foi meu, como diria o Brigadeiro Rato que um dia lhes vou apresentar.

Sanzalando

29 de outubro de 2012

palavreado à toa

Tivesse eu talento, energia imaginativa ou soubesse palavras suficientes, eu contaria a partir de agora contos de fadas, de amor, estórias de engatar e outras coisas de divertir. Mas limito-me à insignificância dos meus meus contos de falhas, das minhas frases choradas de alma e encharcadas de dor, da minha mania de ser outro, mais forte e mais audaz à espera dos dias de loucura para as decisões impensadas e mais tarde arrependidas.
Mas na verdade ser louco custa!


Sanzalando

28 de outubro de 2012

28 de Outubro de 2012

Em palavras de tom cinza, algumas dispersas mais coloridas como a querer chamar a atenção, eu declaro que a partir de hoje pendurarei no varão de secar roupa todas as coisas ruins para ver se se evaporam de vez.


Sanzalando

FELIZ ANIVERSÁRIO


FELIZ ANIVERSÁRIO
Te conheci entre tantos e te gosto entre poucos.
Não precisas de fazer amigos, as palavras que te escreves, fazem-nos.
Bj 





Sanzalando

25 de outubro de 2012

palavras sem nexo

Meditando num dia de trovoada precisava duma bebida, cigarros para dizer que não os fumo, e um milhão de silêncios para não me incomodar. Precisava também de férias dos meus problemas e se calhar das minhas memórias. Dava jeito um teclado onde lágrima a lágrima escrevia palavras sem nexo.

Sanzalando

24 de outubro de 2012

O silêncio é um diálogo

Sanzalando

palavras leves

Nem silaba nem letra. É o que deu estar sempre a reclamar, a nostalgiar e a sonhar. Não me adianta protestar nem queixar. A vida é simples: existem coisas que a gente pode fazer e outras que não podemos.


Sanzalando

22 de outubro de 2012

palavras sérias

Letra a letra consigo escrever, trémula e lagrimejantemente, que resolvi aceitar as coisas da vida sem dor. Ninguém é como eu sonho nem fazem o que gostaria de ver feito. Ninguém valoriza o esforço nem oferecem uma mão. Apenas vivo a partir de agora!

Sanzalando

21 de outubro de 2012

palavras me ditdas

Já começo a ver uma linha por baixo das palavras, mas elas continuam ainda sem sentido. Deve ter sido da pancada que me deixou oco, à beira do quase louco, frio, de significado congelado dum inverno na alma que chegou a destempo e que me levou ao suicídio de solidão. Hoje pego em pequenas palavras, simples, e digo que um dia destes vou voltar a ser eu por inteiro.

Sanzalando

20 de outubro de 2012

palavras de rascunho

Pego em rascunhos, papeis amarelecidos e húmidos, tentando encontrar as palavras que fui perdendo apenas porque quis, porque não soube guardá-las ou porque eram o seu destino. Sacudo o pó e as palavras não fazem sentido. Amarroto e cesto dos papeis para reciclar mais tarde. Pego outra,, humida quanto baste para que ao tentar desdobrar se rasga pelos vincos. Tentar sair dum passado sem arranhar ou rasgar é afinal difícil mesmo que tenha rascunho de instrução.


Sanzalando

19 de outubro de 2012

palavras perdidas

Parei um segundo para ver as palavras perdidas. Morri porque mataste o que eu sentia e me obrigaste a estar vivo para o mundo, a não chorar quando me apetecia, a sorrir para agradar. Passado esse segundo, olhei à volta e o céu estava azul, o sol brilhava e eu voltava a nascer sem lágrimas nem lutos


Sanzalando

17 de outubro de 2012

montes de palavras

Pego nas palavras que encontro aos montes na minha cabeça como se fossem coisas úteis. Tendo dar-lhes vida, um sorriso. um esboço de brilho no olhar. Desconsigo. 
Odeio-me porque não consigo odiar, nem por um segundo, nem mesmo só porque não te olhei. 
E as palavras continuam sem vida, aos montes à espera que um dia eu consiga soletrar cada palavra com sentimento.


Sanzalando

16 de outubro de 2012

palavras sem vento

Pego na caneta e vou fazendo risquinhos. Não sai nem uma palavra. Afinal o amor sempre deixa uma marca significativa que até pode ser um vazio maior que a solidão

Sanzalando

15 de outubro de 2012

letra por letra

Letra a letra rascunho-me que eu sou aquilo que eu quiser, chegarei onde eu quiser, só não posso é apagar a minha capacidade de sonhar

Sanzalando

13 de outubro de 2012

trocando palavras

Pego em pequenas palavras, alinho-as e vejo que me cansei de ir atrás, agora vou tentar ficar a fazer falta.


Sanzalando

10 de outubro de 2012

palavras sem cor

As palavras continuam descoloridas apesar de tantas cores com que tento escrever. Até as palavras silenciosas criaram voz para me dizer que o melhor é esquecer. Mas não há nada que eu consiga fazer enquanto o coração achar que vale a pena.

Sanzalando

9 de outubro de 2012

palavras dum diário inexistente

Se eu tivesse um diário eu hoje escreveria: sobrevivi! acrescentaria umas 51 vezes: estou bem, obrigado. Sendo que nenhuma seria verdadeira e ninguém me teria percebido. Na verdade quem me pergunta não quer saber mesmo como é que eu estou!


Sanzalando

8 de outubro de 2012

sem legendas

Queria ser um poeta e escrever o teu olhar, mas perdi as palavras por isso só o posso imaginar.


Sanzalando

5 de outubro de 2012

soletrando

Letra a letra soletro como quem aprende a ler: a vida é simples, o complicado sou eu.


Sanzalando

3 de outubro de 2012

palavras descoloridas

Onde está o arco-íris que me prometeram depois de cair a chuva? Continuo a ver as palavras sem cor.


Sanzalando

2 de outubro de 2012

palavras caladas

Poderia ser apenas mais uma madrugada normal e fria como todas as outras tem sido, onde a saudade fica mais intensa lá pelas 3 horas da manhã. Será que chorar é a solução? Definitivamente não e as palavras caladas apertadas num nó na garganta não escrevem frases de futuro. Ver-se-á!


Sanzalando

1 de outubro de 2012

palavras sobrevividas

Tentei sentir raiva, desprezo, desejo ou qualquer outra coisa, mas droga… Era amor e saudade. Em palavras que escrevi, no tempo em que eu sabia escrever, vi que o passado não é como dizem, uma estória enterrada. Duma maneira ou de outra ele vem sempre à superfície.



Sanzalando

29 de setembro de 2012

soltem-me as palavras

Parece impossível conseguir escrever a última linha deste capítulo. Mas o livro tem de acabar a qualquer custo, porque outro vai ter de se começar.

Sanzalando

26 de setembro de 2012

palavras de silÊncio

Mantenho-me nas noites longas com conversas tardias de memória e as palavras escritas não saem do silêncio


Sanzalando

25 de setembro de 2012

palavras simples

Atiro palavras no ar como quem brincava às pedrinhas. Agarrei umas quantas e aberta a mão li que superar não é o mesmo que esquecer.

Sanzalando

24 de setembro de 2012

livremente palavras

Quando me sento no silêncio da solidão, eu revejo todo o tempo que passámos juntos, todos os teus gestos, todas as tuas atitudes e me pergunto se valeu a pena. Me digo baixinho que sim, mesmo que saiba que tenham faltado canções, descrições e outras palavras que não se disseram.

Sanzalando

23 de setembro de 2012

palavreando dialogamente

- Porque choras?
- Mas quem é que está a chorar?
- Tu. Parece...
- Ah! são só as lembranças passeando na minha cara


Sanzalando

21 de setembro de 2012

Palavras sem pena

Onde encontrar as minhas palavras. Elas são como o sofrer. Têm fases- A gente sofre hoje e amanhã nem percebe porque sofreu. As minhas letras estão assim.

Sanzalando

19 de setembro de 2012

palavras de futuro

Um dia os meus medos ir-se-ão embora, tal como tanta gente foi. A beleza deixará de ser a que vejo e será apenas a que sinto, então as palavras que agora choro, um dia as escreverei com um sorriso de estória de embalar.

Sanzalando

18 de setembro de 2012

voem palavras

Deixo as palavras soltas como se fossem borboletas. Elas se escrevem no ar e eu apenas me perco a ler. Eu sei que sou uma espécie em vias de extinção. Eu acredito nas pessoas e lembro o passado como degrau do futuro.

Sanzalando

16 de setembro de 2012

palavras sentidas

Tenho aprendido com os meus erros que sofrer não me torna mais poético, que chorar não me alivia e que implorar é em vão. As minhas palavras se tornaram cinzentas porque lhes pedi que fizessem com que as pessoas ficassem. Hoje, em silêncio, suplico que partam sem lamentos.

Sanzalando

14 de setembro de 2012

LIBERTEI PALAVRAS

Passam o dia a perguntar-me se estou bem. Respondo secamente que sim. Prefiro evitar explicações de como me sinto a pessoas que fingem importar-se.



Sanzalando

12 de setembro de 2012

soltem-se palavras

O mundo real pensava eu que ele era composto de príncipes e princesas, heróis e vilões e que o final era sempre feliz. Mas as minhas palavras me mostraram que eles são capazes de chorar no fim.


Sanzalando

11 de setembro de 2012

palavras trocadas

A verdade me pode magoar, mas a mentira me mata mesmo, me apaga as palavras que queria falar e borra as que escrevo.

Sanzalando

9 de setembro de 2012

8 de setembro de 2012

letras sem dono

Talvez eu tenha apanhado o comboio errado ou a estação era a errada. Sinto-me perdido no meio da viagem e não tenho a quem escrever uma carta.


 Sanzalando

7 de setembro de 2012

palavras sem rumo

Procuro a felicidade onde só encontro espinhos. Um dia, mudado de caminho, verei onde é que chego.


Sanzalando

5 de setembro de 2012

palavras rascunhadas

Num piscar de olhos, de repente, a esperança acabou. Procuro-a em cada lágrima, sorriso ou palavra esquecida. Um dia, num qualquer despertar, acordarei deste sonho tornado pesadelo, que se chama realidade.



Sanzalando

4 de setembro de 2012

palavras soltas

Dos meus olhos não consigo subtrair a melancolia, nem somar o meu amor sem que o resultado dê saudade.


Sanzalando

3 de setembro de 2012

palavras que voam

Perdi palavras, outras o vento as levou, no entanto o facto de eu ver uma ave a voar não significa que ela está de partida, ela pode estar de regresso ou ser mesmo só daqui a passear.

Sanzalando

2 de setembro de 2012

palavras caladas

As palavras sinceras parecem ter um problema. Mas eu prefiro ser assim, que uma faixa sem sentido.


Sanzalando

1 de setembro de 2012

sem palavras

Os meus textos eram nostalgicamente lindos e como tal manchados com gotas das minhas lágrimas.


Sanzalando

31 de agosto de 2012

Parado para balanço

Pelo sim pelo não, por algum talvez ou apenas porque sim me apetece parar de escrever. Parei aqui num até sem fim, sentido ou hora marcada. 

Sanzalando

29 de agosto de 2012

palavras bonitas

Percorri ruas, inventei carreiros, sentei-me em beirais e descobri passeios apenas para te falar. 
Tem dias que não consigo falar nem metade das palavras bonitas que eu gostava de te dizer. Aquelas palavras que apenas tu entenderias, que só tu saberias ler nas entrelinhas, que só tu poderias saber o significado dos silêncios e os códigos dos meus tiques, quando as palavras parecem não ter significado.
Mas a verdade é que dizer palavras bonitas não depende apenas de nós. Tem a sintonia. Tem a harmonia. Tem o tempo certo de ter tempo para trazer o tempo perdido. As palavras... os silêncios. Tu!

Sanzalando

28 de agosto de 2012

amor eterno

Acho estavam a nascer os meus primeiros pelos na cara e eu te prometi amor eterno de aço inquebrável. Acho escrevi na parede, cravei numa árvore ou apenasmente decorei na minha memória para nunca mais me esquecer. Eu sei que ao longo de outros tantos pelos eu fui apagando e reescrevendo promessas desse futuro. Me esqueci a parede, cortaram a árvore e a memória já não é mais como é que era. 
Sei só que chorei feito louco, afogado em amor, quando reparei que a eternidade tinha terminado. 
Hoje me passa uma tristeza fria no coração por assistir de longe À tua felicidade. Se eu conseguisse ouvir o teu sorriso, sentir o brilho do teu olhar, o ofegar da tua respiração... 
Cresceu a barba, caiu o cabelo e eu não me lembro mais da parede para ir lá a correr apagar definitivamente a minha escrita de eterno amor e assim tapar o buraco que ficou no meu coração.


Sanzalando

27 de agosto de 2012

me esqueci

Quantos anos eu tenho? Me esqueci. Me olho e estou vestido de calções que tem alças parecem suspensórios do mesmo pano dos calções. Acho o Sr. Olímpio cortou o meu cabelo à inglesa que já não me lembro mais como é que é. 
Que idade é que eu tenho? Me esqueci de verdade!
Tenho lembranças vagas como que assim vagamente eu me lembro de te ter abraçado. Sei foi um pouco mais que um décimo de segundo eu te vi, foi o tempo dum piscar de olhos. Me lembro que faz tempo eu ri parecia eu era feliz.
Se estou de calções, cabelo curto à inglesa, sandálias de cabedal... acho eu ainda não acordei num sonho qualquer. Vais ver ainda vou sonhar que tenho medo de ter crescido, se ainda não cresci vai virar pesadelo.
Acho vou chorar até me lembrar que idade eu tenho.
Acho vou chorar até saber onde estou.
Me esqueci. Quem é que eu sou mesmo?


Sanzalando

26 de agosto de 2012

errorre

Sanzalando
Me sento no passeio à frente da minha casa. 
Deve ser por ser Domingo à tarde que não está ninguém na rua. Cansaram na praia, estão a fazer os trabalhos de casa ou somente estão a descansar parece é Domingo de tarde. 
Vadiamente estou sozinho na rua e me pergunto porque é que eu não desisto e automaticamente me respondo porque não sei desistir.
Assim num logo de imediatamente sai-me outra pergunta que respondo quase sem ter tempo de pensar: porque é que não desapareço? eu não sei fazer truques!
Olho para ambos lados e continuo sem ver viva alma nas redondezas. 
Decidi, sem mais nem menos: vou atirar tudo para trás das costas e ser feliz. 
Como se atira tudo para trás? me esqueci de que não sabia responder a esta pergunta que me fiz


Sanzalando

25 de agosto de 2012

no clube náutico

Sentei~me na varada do clube náutico. Protegido do sol, do vento leste e da solidão. No silêncio da quase madrugada aproveitei para limpar a minha memória, apagar as minhas mensagens que não tiveram destino, matar os recados que não dei, estrangular as esperas que de mangas arregaçadas deixei apodrecer na minha solidão.
Sentado na varada do clube náutico, imaginando a ouvir a Pauta risquei todas as opções que marcaram-me o coração e agora estou pronto para mais do mesmo como é hábito.


Sanzalando

24 de agosto de 2012

Reflexões facebookianas 22

Se não fosse por amor, não teria planos, nem vontades, nem ciúmes, nem coração magoado, nem mau feitio e nem sorria para te ver sorrir. JCCarranca reflectindo enquanto contorna uma rotunda a passo de caracol

A vida, quanto mais vazia, mais pesa na consciência. JCCarranca reflectindo enquanto tenta arranjar tempo para respirar

Eu chorava como se  a minha dor saísse com as lágrimas. JCCarranca reflectindo enquant0 tira a folha de hortelã do cocktail 

O maior erro que posso cometer é ficar o tempo todo com medo de cometer algum. JCCarranca reflectindo enquanto olha para o termómetro

Sempre nos fecham os olhos quando morremos mas ninguém nos abre enquanto estamos vivos. JCCarranca reflectindo enquantoprocura uma aspirina

O mundo precisa de gente apaixonada por si própria. JCCarranca reflectindo enquanto conduz sem destino aparente


Sanzalando

de mão dada

Passeio à beira mar. Às vezes parece vou a dançar ao som do marulhar. Gingo o corpo numa festa de quem foge da água fria. O corpo aquecido do sol se arrepia do gelo da água. 
Eu passeio à beira mar enquanto escrevo na memória palavras escritas à pressa. São palavras que saem dos dedos e se atropelam na memória à falta de papel. Coerência? Concordância? Sem sentido? Não importa. São apenas frases que intercalam as linhas dos sentimentos escritas em letras cor de sol e sabor de sal.
Eu passeio à beira mar escrevendo frases na memória como quem olha no retrovisor do passado, como quem recorda um amor separado no espaço, de tempo e distância, como quem saboreia um beijo adolescente gravado na memória como o início da vida.
Passeio na praia de mão dada com a saudade.

Sanzalando

21 de agosto de 2012

na praia ao sol

Estou na praia. Sei ainda não é calor de sufocar, de escaldar ou até morenar. Mas aqui o marulhar me deixa sonhar palavras, ideias e sonhos verdadeiros que um dia podem ser realidades. Em toda a minha volta está um vazio. Ninguém madrugou do hábito do é cacimbo. Assim me deixam até falar alto sozinho como eu fosse louco e surdo de mim.
Mas estou na praia, deitado a apanhar os primeiros raios de sol do dizem-me é calor. E sonho. E faço frases com palavras mentais. E tenho ideias que desenho na areia. E realizo sonhos mesmo que nunca os consiga ver.
De verdade disto tudo é que eu não gosto é de despedidas. Deixar para trás, ou deixar seguir em frente, quem me é importante, não é de facto um ponto forte para mim. Continua não sendo mesmo que eu me vá habituando aos poucos, à custa da repetição. Gosto mesmo é de quem vem e fica. De quem pode ir mas fica. De quem rouba sorrisos e os devolve ainda mais belos.
De verdade mesmo eu gosto é do eterno que acaba quando um morrer e não quando um diz fim só porque sim.
Estou na praia a apanhar os primeiros raios de sol.

Sanzalando

20 de agosto de 2012

faz conta

Faz conta cheguei do planalto onde fui visitar a família, onde fui vagabundear ideias e outros copos nas festas da Serra.
Cheguei e disse-me bem vinda seja a saudade. E espero que com ela não chegue outra vez a dor. Toda a gente fala de dor, de lágrimas, de saudade, de amor malvado e traiçoeiro, da dor da distância e etecetras mais não sei o quê que já não me apeteceu decorar.
Cheguei e comecei a fazer drama até que me olhei e pensei que não vale a pena sofrer se não é para morrer e isso eu não quero ainda. Para sofrer tem de ser por sofrimento verdadeiro, não mais de faz de conta que um dia vai passar. Sei que não sei ver o futuro e não sei qual a dor que me vai matar, mas que seja outra e não esta.
Saudade não é dor. Vá lá, pode ser dorzinha, faz parte do sofrer normal.
Cheguei do planalto e o sol já faz de conta quer brilhar baçamente no céu.
Cheguei e não vou procurar dramas. Jamais. Apenasmente vou-me lembrar suavemente de ti em cada segundo que passa.

Sanzalando

18 de agosto de 2012

rasgo de sol

Sol tímido rasgando o cacimbo como que a abrir uma brecha para me alegrar. Um vento me sussurra uma frase de Shakespeare que diz qualquer coisa como planta o teu jardim em vez de esperares que te ofereçam flores e eu sorrio porque ofereci tantas flores mentais que não sei onde foi que as perdi porque ninguém as recebeu.
Senti vontade de chorar mas nenhuma lágrima saiu. A tristeza se instalou afogando a esperança de alegria trazida pelo raio de sol que conseguiu abrir a brecha no cacimbo.
Olhei as flores que podia dar e deixei-as ficar no jardim que um dia vou plantar só para mim.


Sanzalando

17 de agosto de 2012

com sol

Caminho sobre a areia escaldante do deserto. Me apeteceu escrever escaldante para ver se esqueço o cacimbo que ainda teima em cacimbar. Mas se eu pensar é escaldante vou imaginar está sol e é nesses momentos assim que a vida da gente reflexos e sentimos o sentido real das coisas. No cacimbo tem névoa, cinzento céu de escuridão iluminando cinzentas ideias. Com sol a gente descobre as certezas e incertezas que a gente carrega nas costas. Com sol a gente revê princípios carregados nos oito meses sem brilho desse cacimbo. Mas hoje é escaldante a areia desse deserto e com sol a gente interage no seu próprio carisma e renasce na juventude que esconde na mochila da alma.
Com sol escaldante a gente cria filtros, brilho nos olhos e a saudade adocica-se.
Com sol escaldante a gente acorda e pensa que vai te amar até a flor de plástico te oferecida numa tarde de chuva mirrar.
Com sol a gente canta que amanhã será outro tomorrow.


Sanzalando

16 de agosto de 2012

sinto falta

Sinto falta de mim nos seus braços. Vem cá, sente a minha respiração. Ouve as batidas rápidas que meu coração dá. Estou aflito, com um certo medo de jogar tudo pelo cano e depois nunca mais ter notícias tuas. Mas eu preciso seguir, tu precisas seguir, a gente precisa ir. 
Para lados opostos até se encontrar num final feliz

Sanzalando

15 de agosto de 2012

acaba o cacimbo

Sentado na varada, na cadeira de baloiço do avô, olho o tempo carregado, mal enxergo o céu cinzento e deleito em pensamentos de entardecer num quase adormecer.
Me disseram que de calendário hoje termina o cacimbo. Assim sem mais eu vou guardar na mala os casacos, as mantas e outras coisas que me taparam neste frio e direi amanhã, te aguenta que o calor chegou.  Vais ver se o amor, aquele sentimento ardente, profundo e intenso que nos deixa cego, que realça qualidades e esconde defeitos, que nos faz sentir especial, continuar a me dizer que é cacimbo, eu lhe agarro, embrulho em lágrimas, lhe amarro em sorrisos, lhe atiro num vazio até ele ver que derrete no calor.
Eu vou mentir e dizer que nunca fui atacado desse mal e muito menos me fui abaixo por essa coisa. Na verdade é mesmo só o cacimbo que dói. Tenho-lhe medo pois os pensamentos podem me torturar e dizer que o cacimbo não vai acabar mais mesmo que digam que ele acaba oficialmente hoje.
Aqui na varada, abrigado pela sombra do Senhor Serafim, coberto pela ternura da D. Leovegilda, eu me revejo num mundo coberto de ternura, numa estória de encantar em que a princesa vai bater na porta, sapato na mão e me dizer que está ali, veio quando o cacimbo se foi, e, apesar de não ser a mais bela de todas as rosas, tem o perfume perfeito de encantar. Logo logo o romantismo vai acordar, o isolamento da varanda vai ser levantado, o sol vai brilhar, os olhos vão voltar a ver mesmo se se avermelharem de felicidade.


Sanzalando

14 de agosto de 2012

tempo de continuar a ser criança

Me disseram que quando é para dar certo até os ventos sopram a favor. Mas aqui na esquina do Liceu sopra vento e é do contra. 
Recordei cara a cara, nome a nome, tique a tique, todos os que se cruzaram comigo e o engraçado é que cada nome, cada cara, cada tique era intercalada com o teu nome, a tua cara e o teu tique. Fiquei zangado e coincidentemente soprou vento de rajada. Mais zangado fiquei porque a laca que segurava a minha franja não foi suficiente para a segurar e lá se me vieram os cabelos para os olhos e me toldou a vista. Desconcentrei-me. Misturei nomes, caras e tiques e estava quase a reiniciar tudo outra vez, quando decidi que seria ignorante refazer-me, machucar-me só para te intercalar no nome dos outros. 
Olhei para o Liceu, eu sei é férias e está cacimbo e não está lá ninguém, nem tu que já deves ter estudado os livros todos do próximo ano, mas dizia, que olhei no Liceu e me ocorreu que até eu morrer eu não vou nem te esquecer nem se quer cansar-me de te pensar. 
Eu sei tu querias atenção e eu distraidamente te dei amor. Tretas, me dizes em silêncio. Eu sei, acabei de inventar para me ocupar. Tu querias carinho e eu nada te dei. Também deves estar lembrada que nunca deixaste. O vento continua forte. E é do contra. Mais fácil mesmo é eu caminhar até ao outro lado do parque infantil e ver se tem com quem conversar coisas de miúdos mesmo que ainda não é tempo de crescer e sofrer dessas coisas de adultos.


Sanzalando

11 de agosto de 2012

hoje tem dia

Aproveito o cacimbo para pensar. Ele não me deixa ver com olhos de ver mais longe do que já ali, assim eu matuto ideias, memórias, sonhos e se ainda sobreviver até sou capaz de ver realidades que ainda não aconteceram e me contar como se estivesse a conversar contigo.
Tem dias que eu te ia dizer que a minha vida não passa dum conto de falhas, em que dá vontade de desistir mas não desisto, em que dá vontade de desaparecer mas não desapareço. Tem dias que dá mesmo vontade de jogar tudo para trás das costas e ser feliz, mas que nunca jogo.
Tem dias que o cacimbo me tolda a vista e me aclara o cérebro e tem outros dias que ele faz com que me apeteça voar apenas porque tenho medo de ficar aqui fechado a sucumbir ao cacimbo sem vontade de pensar. Tem dias que o cacimbo faz medo de pisar o chão em falso de tão cerrado que está.
Hoje aproveito o cacimbo porque me apetece voar como se eu fosse um pássaro e vôo nos pensamentos à solta dentro da minha cabeça.

Sanzalando

10 de agosto de 2012

na areia da praia

Sento-me na areia de mil cores da minha praia de sempre. Eu sei que vais dizer que está cacimbo, que de casaco eu não devia estar na praia a fazer papel de parolo, a me encher de areia. Não importa. Aqui neste silêncio de apenas marulhar eu estou comigo a meditar. Faz conta já tinham inventado o telemóvel, que veio substituir o se faz favor me ligue para o número xxx, que só tinha três dígitos. Toca o sinal de que chegou mensagem. O coração acelera, parece bate mais vezes que aquilo que ele aguenta. Me estendo na areia fazendo com que o casaco de malha se encha de areia, mas adio ler a mensagem porque o meu corpo libertou doses extras de dopamina e outras aminas mais e há que dar tempo antes de lhe ler. Afinal de contas era só mais uma mensagem da companhia a dizer-me que tá na hora de mudar de tarifa. Mas quero lá saber de tarifas, promoções e promessas de me sacarem massa. Eu queria mesmo que o telemóvel, que ainda não tinham inventado, me desse uma mensagem dela a me dizer:
- estou aqui!


Sanzalando

9 de agosto de 2012

7 de agosto de 2012

aéro-club

Carambolo bilhar sozinho no Aéro Club. É, ando assim como que meio oco. Vá lá, a meio passo da loucura que é a única forma de apagar este fogo de solidão ordinária que me queima. O taco, o giz e a mesa verde que já esteve nivelada e agora está como eu, descaindo para um lado, mais ou menos o lado esquecido.
É a vida. Me dizes sussurrando no pensamento que ouvido só é silêncio.Tudo se vai perdendo, tudo se esquece nos passeios quadriculados de lages cujo nome da pedra eu não sei e nem sei se faz parte dalgum daqueles cristais que aprendi no Liceu, sem ser o triclinico. Sei que era rapaz de sonhos, rodeado de esperanças e carregado de sorriso lindo.
Grisalhei, mudei e o coração grande e generoso mais não é que um mar de lágrimas choradas numa noite de chuva tropical.
Acerto uma carambola, com batota, porque estou só, sorrio e mergulho num oceano de dúvidas, incertezas e até parece que o céu se escureceu para me ilustrar a tristeza.
Ninguém chega para me acompanhar num perde paga, ou num jogo com pin, ou noutra batota qualquer. É apenas entre mim eu, quer o jogo quer a dialética.
Me cravo um sorriso e finjo um tudo bem.
É difícil sentir saudade e com um sorriso encontrar palavras para dizer sem que se notem, cicatrizes.
No Aéro-Club troco-me silêncios por toques de bola de massa parecem são de marfim.




Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado