A Minha Sanzala

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13 de junho de 2013

Praia das Miragens

Sentei-me na areia de mil e tantas cores e a fiquei a observar. Ela me olhou com cara assustada e eu tive a completa certeza de que ela não estava segura daquilo que estava a ver. 
Eu lhe olhava e ela me raivava em sons de pensamento, palavras impróprias de gente crescida, de gente miúda ou apenas de gente, saberia eu mais tarde. 
Achei eu que os pais lhe devem ter dito que ela começaria, uma dia mais tarde do que cedo, a amar e deixar que o vento a levasse ao sabor do coração. E lá foi ela, pensava eu ter chegado o dia, pedalando e deixando que o coração tomasse conta dela. O seus pais não lhe estavam ali a segurar o ombro. 
Quando ela percebeu que o meu olhar não se descolava, deu um grito tão alto que me deu até pena depois de recuperado do susto. Coitadinha daquela menina, sussurrei eu pensando que era já gente crescida, não sabe o que é amar. 
O aperto no peito aumentava, o amor em mim explodia ao mesmo tempo que sentia medo daquele olhar que me atirou e me matou por tempos indeterminados.
Mas ao olhar para aquela menina, que mesmo com medo me dobrou a espinha, eu entendi o que deveria fazer. Seguir em frente, com todos os meus medos nas mãos, coragem no olhar, mostrando para vida que eu sei viver, mesmo que receba em troca um nada, um sorriso frouxo qualquer ou uma malcriada resposta transformada em silêncio.
Mantenho-me na praia sentado a olhar para o sorriso que me ficou na memória, já sem estória, já sem brilho e já gasto de tanto ser olhado.


Sanzalando

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