A Minha Sanzala

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10 de setembro de 2013

Silêncio

Adormecida a Nostalgia e coberta a Neblina; esquecida a Raiva e empacotado o Remorso, sobraria o Ciúme ou Silêncio. Escolhi este último, por ser último e eu ter pena dos últimos.
Se eu soubesse cantar, cantaria à tua janela músicas de engalar, como um pássaro dizem cantar. Mas o Silêncio é o meu Sofrimento, por medo, ou por desinteligência ou por um milhão de outras tantas razões. Daí me chamar Zé e ter como apelido o Ninguém. 
Assim, mais sem sentimentos do que pedido por mim aos deuses, calo-me do pessimismo como se esse fosse uma lente de aumento ou íman de atracção. Conto até dez sem respirar, tento ver o mundo e guardar as palavras para não lembrar a Raiva nem desempacotar o Remorso. Não é poético nem artístico, nem trágico nem cómico é Silêncio, salvo erro.
Talvez eu entenda o Suicídio e o coração sangrento dos que sofrem por erro de Amor, mas não entendo o Silêncio. O que dói o dobro de tantas outras dores e ainda por cima leva Olheiras como companheira num Sofrimento apagado de palavras. No fundo do Abismo, reino do Silêncio, aprisiono as minhas palavras e canto em pensamento música de engatar.
Ó Silêncio que me fazes calar os versos que eu queria declamar e as fotos que eu queria descrever como se fossem palavras duma estória que não me sai da memória ou não me chamasse eu Zé, de apelido Ninguém, que brinca com a sorte até na hora da morte, salvo seja, calado e mudo.


Sanzalando

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