A Minha Sanzala

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24 de novembro de 2013

um dia, sozinho

Um dia, sozinho, fecharei os olhos e não conseguirei ver nada, nem passado nem futuro. Tentarei lembrar-me de números de telefone, mas as memórias electrónicas apagaram-me a memória física e eu não terei nenhum número para marcar. Usarei boca para chamar, mas os solidários, nem esses estarão por perto. Ficarei por ali sem um abraço, sem uma voz doce, sem uma carícia nos grisalhos cabelos, mesmo que o mundo me continue a girar.
Um dia, sozinho, tentarei lembrar-me do sorriso infantil, da minha capa exterior, do mau feitio que me saiu na rifa, na gargalhada que não dei apenas para não dar ideias e nessa fracção de segundo verei que desabou o chão por de baixo dos meus pés.
Um dia, sozinho, olharei e verei tudo embrulhado em saudade, ouvirei o som de telefone impedido, sentirei a fome chamada tristeza e ensoparei a mágoa nas lágrimas que me ardem ao escorrer na cara.
Um dia, sozinho, lembrar-me-ei do tempo em que falava.


Sanzalando

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