A Minha Sanzala

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31 de dezembro de 2014

sol de inverno

Aproveito o sol de inverno e ponho os pensamentos em dia. 
É que um dia destes eu dou comigo a chorar todos os choros que não chorei, a sorrir todos os sorrisos que não sorri, a falar todas as palavras que não proferi e a abraçar todos os abraços que não dei.
Aproveito o sol de inverno e ponho a escrita em dia, os armários arrumados, os passeios polidos e as estradas calcorreadas em passos devagar.
Aproveito o sol de inverno e aproveitando o silencio vou à procura da minha existência e ver se estou dentro de mim, é que eu detesto estar fora de mim.

Sanzalando

30 de dezembro de 2014

querias balanço

Chegados agora a estés últimos dias do ano e lá nos pedem um balanço. Diria foi bom. Seco directo e direito. Mas não pode ser assim. Quem quer saber assim?
Então opto por me sentar na cadeira de baloiço,  feita de aduelas de barris de vinho tinto, de modo que o baloiçar seja suave e não um mar bravo, lembro-me que tudo começou à volta dum copo de vinho e duas dúzias de palavras bonitas trocadas como quem troca um olhar, me embalo nas imagens que vão passando na minha carola como se fosse um filme acabado de filmar. 
As aduelas estão dispostas de tal forma que até é cómodo estar aqui sentado à baloiçar pensamentos e memórias e reviver este ano em que sorri como faz tempo não me lembro como é que era.
Um copo para mim e outro para ti. Mais um e mais palavras trocadas.
(Este gajo inventa cada coisa mas não diz nada)
Mas há balanço ou não? 
Estou feliz e que me interessa o balanço se o baloiço é bom?

Sanzalando

23 de dezembro de 2014

Só por causa disso é Boas Festas

Estamos em época festiva. Assim diz mais ou menos o calendário sem olhar para os meus olhos, ou para os teus olhos, ou para os olhos de qualquer outra alma. è festa e se deseja Boas Festas. Ponto final parágrafo e se calhar travessão.
Só por causa disso eu desejo chova. Muito e por esse mundo fora, todo sem falhas. Assim essa chuva ia lavar esse mundo acho imundo.
Só por causa disso eu queria fazer alguma coisa diferente nesta época festiva. Presépio mas não sei onde ia pôr o burro, a vaca e os cordeirinhos, além da neve que não sei cai na banda dum qualquer casaco geograficamente colocado ao livre arbítrio. Árvore de natal também não porque as árvores não têm culpa nem precisam de tantos efeitos para serem bonitas. Basta elas serem árvores só num assim. Colocar um velho barbudo e vestido de vermelho parece estar a fugir de casa, se calhar com coisas roubadas num saco que leva às costas acho de mau gosto porque velho não consegue fazer aquelas piruetas e roubar é coisa que não se faz, quanto mais queimar-se numa qualquer chaminé mal limpa.
Só por causa disso não vou SMS'ar só porque é tradição das novas tecnologias, usar o face sem book ou o book sem rosto porque tem postais e postalecos que já ninguém lembra quando foi ele usado correntemente em letra de caligrafia num posto de venda de selos com saliva.
Só por causa disso não vou às compras gastar rios de sapatilha para ver as montras estudadas ao pormenor de um gasto maior.
Só por causa disso eu este ano vou ser diferente. Vou usar asas e voar ao sabor da imaginação.


Sanzalando

20 de dezembro de 2014

esculpir palavras

Hoje eu gostava de ser um escultor de palavras. Assim palavras gigantes desenhadas sob granito, resistentes ao tempo, unidade de medida ou universidade atmosférica. Assim dessas palavras que durassem para além de mim uns séculos de paixão ou milénios de amor.
Imagina assim palavras de amor que não sofridas, porque amar não é sofrer e não amar evita sofrimento, tamanho gigante perpetuadas no campo de visão que vai além da imaginação.
Imagina assim palavras de granito, esculpidas por mim num dizer que para se ser feliz é necessário amar. Se não amar evitamos sofrer. Confusão de escultor me sai. 
Também quem me mandou esculpir em granito? Umas coisitas de barro eu eu teria a desculpa da fragilidade deste.
Mas eu como gostaria de ser escultor de palavras eu vou esculpir o teu nome numa das paredes do meu coração


Sanzalando

19 de dezembro de 2014

São tuas, de alma e coração

Se eu fosse poeta fazia as palavras saltarem do coração para o papel. Não o sendo, tenho de as procurar nos meu cantos redondos, quadrados ou triangulares, as letras soltas duma frase sentida, o soletrar adequado à entoação referida e despejá-los numa folha de papel de linhas paralelas..
Como eu gostava que as palavras voassem... assim de ouvido em ouvido, sorridentes e felizes.
Eu não quero as palavras para mim.
Como é que se diz que o amor não tem preço?
São tuas, de alma e coração, todas as palavras que penso!

Sanzalando

18 de dezembro de 2014

afinal porquê

Saí por aí a calcorrear mundo como se procurasse o que não está dentro de mim. Sem letras gordas nem palavras pesadas, sem trocadilhos ou pronuncias disfarçadas, andei por aí a procurar como se não estivesse em mim.
Afinal de contas, somadas todas as parcelas conclui que não fiz mal a ninguém senão a mim mesmo e que as noites que não dormi foram apenas insónia e não algo que estava fora de mim.
Afinal de contas se eu mudei, não foi por ninguém, foi por mim mesmo.
Saí por aí a calcorrear o mundo afinal porquê se estava tudo aqui tão perto?


Sanzalando

7 de dezembro de 2014

vivo de empréstimo

Sanzalando

De vez enquando apareço no centro desta sanzala. Vou fazer mais como? Vivo aqui de empréstimo há muito tempo, do tipo, entra sai quando me dá vontade e sem fazer barulho. Não pago renda, ninguém me xinga, leio o que eu quero, é assim como viver em Paris, mas sem a filosofia tradicional – Torre Eiffel é mesmo o embondeiro no meio da terra vermelha, e o Sena é o regato filho caçula do kuanza, que corre quando chove. Pus minha cubata onde eu quis, sem plano de urbanização e sem preocupação com vizinho. Ué Esta sanzala tem cubata, sim! E tem música todo o dia. Música de kissanje, de maracas, de batuque e marimba que nos leva lá na linha recta que se faz à curva do mapa abaixo do equador. Aqui tem um soba, que é tipo presidente da junta mas para melhor- sem saco azul, sem contas na cabeça, sem agenda para agendar, sem gravata e sem chofer na porta de casa. Tem por aqui muitas árvores. Não dão papaia, manga, cajú, árvores que tem letras como fruta. Letras que se juntam como a vontade, quer e desquer. A política do nosso soba é cuidar das letras, dar-lhe mimos e partilhá-las quando lhe dá vontade. Só tem bicicleta, que utiliza para espalhar as palavras pelo vento. Eu me habituei por aqui, porque sou feliz, nesta vida mansa de ler as palavras criadas por ele, quando eu quero e de vez enquando mando uns bitaites, recolho algumas palavras para mim e imito o soba daqui, enquanto ele vai no pólo norte ou no pólo sul, acertar contas nas famílias do zulmarinho e do pai natal, confiando que eu não bagunçarei muito por aqui. Utilizo por empréstimo autorizado a sua máquina de fazer palavras, e tento brincar com elas ao vento, como se fosse um lego de madeira de jacarandá, ou uma pipa de papel colorido, lhes dou forma de chuinga ou de machimbombo, soltando a imaginação por ai nesta sanzala sem plano director. Nessas palavras eu desenho sorrisos, olhares ternos e perfumes de figo da índia e misturo tudo numa tela de conversa vadia. Estou por aqui de empréstimo sem data, não pago imposto disto e daquilo, e a tal da burocracia, depositei no fundo de um grande buraco, do fundo do meu quintal, cobri com o tal do stress, e respinguei feitiço de todos os lados, para tudo lá ficar adormecido até ao infinito. Aqui o sol nasce e pôe-se sem obrigação de fazer rotação na terra. Bumbas não tem, kumbu também não. Vivo de empréstimo no paraíso. Árthemis

6 de dezembro de 2014

RETRAT'ART 1


                                         Sanzalando

5 de dezembro de 2014

As coisas que o amor faz

Pulando canções de amor lá vou vivendo a minha nossa vida. Umas vezes aproveito para dançar outras acho nem um passo sei dar. Umas vezes não danço porque sim, outras porque as minhas pernas me desequilibram numa esquizofrenia de condução ao cérebro que até parece eu sou tonto de vinho derramado directamente nas veias. Umas vezes caminho sorrindo outras sorrindo sem jeito rastejo por carreiros que nem formiga passa.
Lá vou eu soletrando palavras soltas numa prosa versátil como se eu só soubesse dançar contigo, falar contigo, sorrir contigo. Mesmo quando tu não estás.
Pulando canções de amor lá vou em de barrete chamado gorro passear o cachecol pelo polo quase norte.
As coisas que o amor faz.

Sanzalando

4 de dezembro de 2014

Os gajos, como eu

Data de inverno porém tempo de sol. 
Os gajos põem-se a escutar silêncios à espera de respostas, ancorados em recifes de memórias como se tivessem sido condenados a prisão perpétua, pensando que são gente de letra grande num universo vazio de estrelas.
Afinal de contas eu posso contar os dias ou os anos que ainda tenho?
Nesta indecisão a gente de letra pequena se perde no tempo, se derruba no ruído e se consome na nebulosa nuvem do egoísmo.
Data de inverno mas com tempo de sol e os gajos como eu vivem sorrindo num bom dia dado com alegria sentida no instante.
Os gajos, como eu, gracejam, saltam, empurram barrigas ou arrastam peitos felizes porque reconhecem que se não chegarem a lugar nenhum pelo menos aqui chegaram


Sanzalando

2 de dezembro de 2014

coisas da música ou nada a haver

Eu pego num batuque e finjo sei tocar no ritmo que nasci. Faz conta é merengue, faz conta é samba, é ritmo puro. Claro que eu estou a falar do meu ouvido duro que às vezes nem campainha de porta ele ouve.
Mas nesse ritmo do eu africano eu canto:
- Faz conta fiz um verso
carregado de melancolia, 
mas saiu uma prosa
de assunto tão diverso
que nem a cor do dia
eu diria, 
nem a lua
eu acharia.

Inventei um refrão que repeti cem vezes

é o espinho da rosa, 
é o luar sem lua
é o rumo da prosa
da alegria mais pura

e depois continuava a cantar

versos que vão...

assim num repente me calei e olhei a minha voz rouca, desafinada e preferi calá-la. Não dou mesmo para esta coisa da música.


Sanzalando

1 de dezembro de 2014

de vez em quando

De vez em quando encontro uma letra e passados outros tantos de vez em quando lá sai uma prosa que me leva ao cansaço. 
Hoje te falo porque me apeteceu recordar que um teu abraço, uma palavra amiga que me deste, um sorriso que me atiraste me fizeram feliz até este instante e quem sabe mais até quando..
O tempo passa, a fila dos minutos se gastam porque o tempo não pára. 
Mas quando o amor permanece o que mais posso fazer se não to dizer?
De vez em quando consigo dizer letras seguidas que tu entendes.


Sanzalando

28 de novembro de 2014

palavras que escondi

Malditas letras que não encontro.
Como é que escrevo que estou a rir sem parecer um tonto? Dito assim secamente parece sou tonto de rir. Quando falo que choro me dizem lá está o sentimental. E rir? É que é bom. Como o descrevo? Malditas palavras que não sei onde as escondi.
Amor. Sinto amor. O mais que poderia acontecer é não ser correspondido mas isso não precisava escrever. Quero é rir. Como escrevo sem parecer um tolo?
Olha, amor, vou-me rindo e seja como for. Gosto-te assim sem ter as palavras para te escrever porque as arrumei não sei onde.


Sanzalando

27 de novembro de 2014

a chuva e a realidade

Olho pela janela e me revejo escorrendo pelos vidros como a água da chuva que cai. Se eu não soubesse que os meus vidros eram transparentes eu ia dizer eles estavam transformados em deturpadores da visão, tal é a distorção que fazem.
Ali, distorcidos vejo os meus medos. 
Olha-me tu a tropeçares numa qualquer rua e um qualquer sorriso mais puro que o meu te levar.
Olha-me tu a ficares cansada da minha constante e sempre igual gargalhada.
Olha-me tu a seres acariciada pela água da chuva e eu aqui fechado com medo de me molhar.
Olha só o que a água da chuva faz ao bater na minha janela. Distorce a realidade


Sanzalando

ABC

Sanzalando

26 de novembro de 2014

fui dar uma volta

Como diz a minha companheira destas coisas de blog e afins: lá está ele em crise de palavras. É. Gastei-as. Das mais diversas formas elas se foram. Umas poderiam ter sentido e outras deveriam ter sido caladas. A falta de jeito tem destas coisas. 
Hoje estou que nem o tempo. Frio. Chuvoso. Brilho de sol nem vê-lo. Eu sei que é noite faz tempo. Mas o tempo não se faz e as palavras não se recauchutam. Fui dar uma volta.


Sanzalando

25 de novembro de 2014

memos

Já reli rascunhos, uns consegui decifrar o que rabisquei e noutros deduzi. Já relembrei as mensagens que deitei em garrafas mar adentro, já idealizei novos meios para novos recados, mukandas e outras informações.
Apenas sei que dói. Se me perguntam eu digo dói. Onde? E eu não saberei responder porque apenas sinto a dor. 
Tudo tem a haver com o grito de guardei tanto tempo dentro de mim, até tu apareceres e como que por milagre me abriste a garganta e ele se soltou. 
Dói ter recordações, sonhos e memórias que não se realizaram, mas um corpo de água afoga-me a mágoa e trás-me à vida na tua carícia que sinto em toda a parte.


Sanzalando

21 de novembro de 2014

queria e quero

Queria partilhar palavras como se fossem carícias, gestos como se fosse diálogo, olhares como se fosse um filme.
Queria abrir as portas do mundo e sorrir como se fosse um dia de muita luz.
Queria olhar no espelho e ver-me como me sinto faz vinte anos atrás.
Queria desenhar a alma com mão firme e esquecer as dúvidas que atafulham meus medos.
Queria ser tanto para o tão pouco que sou.
Queria ter espaço futuro sem necessidade de usar o agora como se fosse o último minuto.
Queria e continuo querendo poder amar-te num interminavel templo de sol.


Sanzalando

19 de novembro de 2014

só porque chove

Chove que nem parece ter céu que chegue. Tanta água remexe a terra, lava a fundo a consciência, enfraquece o medo e as luzes da rotina se apagam.
Chove num adultério de memórias, numa orgia de dores.
Chove afinal apenas.


Sanzalando

18 de novembro de 2014

É assim a vida de cada dia

Assim como gasto o tempo vou gastando palavras. Umas ao deus dará e outras darei a quem as receber. Umas vezes desperdiço tempo enquanto outras eu o ganho. Como assim, é simples estar bem, o difícil é conseguir-me manter simples. E lá vou eu sorrindo, umas vezes com lágrimas nos olhos, outras transbordando sorrisos. Umas vezes grito que desisto, outras caladamente expulso faíscas que acendem enormes lareiras que me aquecem.
É assim a importância que me dou importante.
É assim que vivo, umas vezes deitado no teu ombro soluçando silêncios e outras vezes sussurrando carícias ao teu ouvido. 
É assim a vida de cada dia


Sanzalando

15 de novembro de 2014

diferente

Nem frio nem calor. Nem sol nem chuva. Um dia diferente. Faz conta a casa é diferente, eu sou diferente, tu és diferente. Hoje não temos maquilhagem, máscaras ou simulações. Hoje é diferente. Hoje não há sofrimento no mundo, não há fome, nem doenças nem alegrias nem tristezas. Diferente. Não há rua nem abrigos. Hoje é dia de ser dia. Apenas dia.
É que para além de ti, amor, só quando me olho ao espelho eu vejo quem me faz feliz.

Sanzalando

14 de novembro de 2014

bom para o ego

Porque teimo olhar o céu cinzento se dentro de mim faz sol? Procuro novidades a ler as nuvens? Nem a sina, nem as estrelas nem os lábios e às vezes nem os olhos.
Afinal de contas no face aprece que o tomate faz bem a isto, o chá de qualquer coisa aquilo e por aí fora, pelo que não devo adivinhar nada de novo. Acho está tudo adivinhado.
Mas eu olho o céu cinzento nem que seja por vício. Algum havia de ter, digo eu. Tenho medo que chova? Medo antecipado é sofrimento com antecedência.
Bem. Hoje não vou gastar mais letras. Vou-lhe dar abraços e fazer carícias. É bom para o ego.


Sanzalando

13 de novembro de 2014

delírio nominal

Faz conta meu nome é João Pedro. Delírios dum ser maior. Porquê este nome? Saiu assim num repentinamente de quem tem memória esconde qualquer coisa soltamente perdido nas palavras. Ri. Até que é parecido. Excepto que não é real e o imaginário seria mais imaginável, mais elaborado, invulgar. Sei lá. Faz conta meu nome é João Pedro. Assim mais nem menos. Soltamente saído pela boca que não estava ligada ao cérebro.
Vamos procurar na ciência o porquê? Vamos perguntar ao Sigmund Freud?
Tanto trabalho para quê?
Sou feliz assim, com delírios e sem eles também.

Sanzalando

11 de novembro de 2014

fui que sou

Usei as letras que sabia para construir uma prisão onde me aprisionei. Todas as palavras serviram de grades. Todos os parágrafos eram vedações. Eu, solitário, sobrevivi. Desmontei letra a letra tudo o que desconstrui. Soltei amarras e voei. Livre pelos quatro cantos duma existÊncia. 
Umas vezes tenho medo de não ser quem acho que sou, com pavor de não saber reconstruir-me em cada desfaçatez, de não ver-me livre dos abismos intragáveis que inventei e de me apodrecer no reflexo dum espelho.
Já fui apenas um corpo com vida.
Já gastei o corpo nas vagas da inércia.
Já me varri para debaixo do tapete com medo do vazio existencial.
Livremente sorri e deixei-me levar pela alegria. 
Desmontei a minha prisão, soltei as minhas grades e arranquei as vedações.
Existo integralmente.


Sanzalando

10 de novembro de 2014

brilha sol ou não

Será que fazia sol?
Acho que não porque além do mais era noite. À noite em Novembro neste local não faz sol. 
Na verdade mesmo é que não sei a hora, mas falar-te foi assim como um brilhar de estrela, um brilho verdadeiro, intrinsecamente ligado à tua beleza nos meus olhos. 
Passado um ano ainda fico de olhos brilhantes observando-te, admirando-te, sonhando-te e esperando-te.
Passado um este tempo não ofusquei o brilho e o bilhete que eu não sabia se era de ida, ida e volta ou se era apenasmente válido não me deixou sozinho no meio da multidão.
Faz sol porque brilha, seja a hora que for.

Sanzalando

7 de novembro de 2014

namorando

Troco palavras faladas numa conversa animada contigo. Aliás, seja lá isto o que quer dizer, não imagino passar o dia sem te dizer as palavras que o coração me cria. O engraçado mesmo desta rotina de falarmos de tudo, das frustrações às alegrias, do trabalho ao laser, dos assuntos sérios às piadas, é que eu comecei a amar-te sem me aperceber e agora amo-te num quase entendendo tudo, num quase compreendendo tudo.
Nesta múltipla troca de palavras é como que me olhasse ao espelho e não me vejo diferente. Eu sou a imagem que o espelho reflete e isso me deixa satisfeito. Não me mudaste, aperfeiçoaste-me!


Sanzalando

6 de novembro de 2014

O que eu queria da parte última

O que eu queria mesmo era escrever um livro que meditasse na pureza da alma, independentemente do que isso quer dizer.
Mas não queria um livro de palavras, porque para esses eu tenho Saramago, Ondjaki, Mia, Gabriel, Namora e outras tantas palavras que até me dá fome de ler.
Eu queria um livro onde a nudez de palavras fosse vestida com sentimentos, que a minha timidez fosse disfarçada com ventos e as virgulas e pontos finais fossem de muitas cores sem esconder pudores e outros rumores.
Eu queria escrever um livro sem ter de usar as poucas palavras que soletro nos meus momentos de loucura com doçura.


Sanzalando

5 de novembro de 2014

o que queria, parte incerta

Eu queria escrever um livro, sem palavras, onde ensinasse a esquecer a dor, o sofrimento físico e mental, o esforço, a raiva e o ódio, as lágrimas e as caras tristes. Todos os outros livros nos ensinam tudo menos a nos defender das pequenas coisas do dia a dia, da vida como que ela é.
Eu queria escrever um livro que tivesse o perfume das flores, o meu perfume, o teu perfume. 
Nesse livro eu ia dizer quem sou e porque o sou. Nós somos o que somos por várias razões e nem sabemos delas nem metade porque não vem nos outros livros todos que eu já li.
Eu queria escrever um livro a que páginas tantas eu te visse e eu me transformasse num ser de sentir sentidos.
Eu queria e vou continuar querendo, mesmo me esquecendo por tempos o tanto que eu já tinha querido antes.


Sanzalando

4 de novembro de 2014

o que eu queria mesmo

O que eu mesmo queria era escrever um livro. Mas não um desses livros de palavras que ficam bem nas prateleiras, que dão ar de intelectual, que se enchem de pó, que se arrumam para um canto, que não dizem nada, que não ensinam nada e que não passam por nada. 
Queria mesmo escrever um livro de sentimentos que nunca fechei em nenhum cofre ou armário, que vivi nas muitas idades que senti desde que me lembro ser estudante, trabalhador ou vadio. Um livro que sentisse amor ou ódio, fuga ou entrega, sons ou silêncios, mas sentimentos verdadeiros.
Queria mesmo escrever um livro em que tu serias a página principal, a capa, a contacapa e quem sabe o conteúdo todo.
Queria mesmo escrever um livro que te sorrisse o meu sorriso, que te molhasse com a minha lágrima ou apenas te embalasse no teu adormecer.
Mas se eu não sei escrever como poderei eu desenhar sentimentos assim?

Sanzalando

31 de outubro de 2014

Faz conta

Faz conta sobrou dentro de mim um espaço grande, assim que nem casa assombrada de passados que não são para esquecer, de anoiteceres que não são para cair num escurecer de vez, de noites que não foram escuras de não ver, de madrugadas que não são rompidas como roupa velha, assim que nem previsão de um dia novo para o ocupar.
Neste espaço de casa grande tento caminhar lento, saborear as horas que vão passando sem comer o pó de esquecidos passados, sem reler impaciências nem desespero, porque lá fora está frio, faz calor, tem gente ou existe solidão.
Que nem sonhos que sonhei em que chorar era fácil, mas sem esforço as lacunas se foram ocupando de móveis, imóveis e outros sonhos importantes que mesmo sem importância deram razão a um sorriso, caminho num valor de intimidade, calor de identidade e sabor de felicidade. 
Faz conta esta é a página dum livro que escrevi na memória com caligrafia de menino de escola.

Sanzalando

30 de outubro de 2014

Perdido na estória do tempo

Perdido na estória do tempo, num tempo que deixei passar, umas vezes intensamente vivendo e outras assim num gastar gastado, vou caminhando na aprendizagem de um dia saber escrever sem ter que ditar as palavras que tu vais ouvindo como que te levadas pelo vento.
Olho olhadamente para o meu reflexo no espelho da memória e me pergunto porque fiz isto? E aquilo? E mais aquele outro não sei quê? 
Umas vezes perdendo-me num pequeno erro quase deixei de ser eu, pondo-me numa prateleira de madeira carcomida pelo bicho. Outras vezes grito NÃO e até pareço uma estrela. 
Perdido na estória do tempo, no tempo em que era difícil dizer não ao coração e que as lágrimas perdiam-se num afluente de um rio eu tive um sonho e, hoje, encontrado no tempo, mantenho o sonho e de palavras escrita com a minha mão, mesmo que trémula, tu irás ler que vou conseguir, não tarda, vivê-lo. 
Demore o tempo que for, perca mais tempo, gaste-o abusivamente, mas vai sobrar tempo para viver esse sonho.



Sanzalando

29 de outubro de 2014

UM ANO DEPOIS MAIS

Sento-me frente a alguma coisa que é da era moderna. Como vou eu ter 723 palavras para agradecer? O meu vocabulário não contém tantas palavras assim e nem a minha gramática faria tantas frases certas para satisfazer todos os gostos, likes, kisses, sms, mss, wp, e sei lá mais que coisas novas que baralham a massa cinzenta de um cérebro carregado de areia do deserto que fica para lá da linha recta que é curva.
Bem, uma certeza que tenho é que sei quem me encontrou quando eu perdido estava por aí, quem me deu a mão quando mostrei medo da solidão, quem me mostrou o caminho quando eu só via a escuridão.
A todos vocês com o tu de ti incluído um grande OBRIGADO



Sanzalando

10 de outubro de 2014

tem tempos

Tem assim mais ou menos que nem dar uma paragem nas palavras. Mesmo nas outonais. Eles precisam ficar presas no dicionário a procriarem ideias para mais tarde nascerem. Tem assim uma especie de pausa para ver o que vai sair depois se é que sai alguma coisa. Tem tempos assim em que é preciso fechar a boca e pensar, pular, saltar, divertir, chorar e em silêncio criar palavras novas mesmo que já gastas pelo tempo.
Tem tempo é preciso dizer pára que a gente já vem. Não tarda!

Sanzalando

9 de outubro de 2014

outono outonal

Outono. Quando é que vou chorar desertos e viver rios de palavras?
Outono. Quando é que eu soube que o destino brinca com as pessoas?
Ora, é outono e juntos vamos trilhando o mesmo caminho e escrevendo apenas uma só história.  Assim sendo vou ler uma estória de embalar e em pensamento te desejar uma saudade cheia de mim, ouvindo a chuva e inventando o perfume a terra molhada.
Sendo assim, escondo a solidão por trás das palavras e soletro versos que só tu um dia entenderás.


Sanzalando

8 de outubro de 2014

delírios de outono

Se eu pudesse ser traduzido por palavras não sei qual as que escolheria para me definir. Encrenca, seria suficiente? Nostalgia seria retrato fiel? Chato, palavra rude demais?
Na realidade eu não me consigo ver mais para alem dum pacote de sopa liofilizada, um tupperware de sopa congelada ou um saco de comida précozinhada. 
Afinal de contas eu estou com delírios de outono e já não sei quem sou para além de quem se apaixonou..


Sanzalando

7 de outubro de 2014

simples outono

Tempo quente e o sol brilha. Perfeito. Não sou perfeito o tempo todo nem um feliz para sempre, sou um quanto baste neste verão de outono.
Deitado no meu quarto deixo-me levar nos teus abraços. Dói-te o corpo mas mesmo assim deixas sorrir os lábios. É outono e eu pouco importado com isso. 
Mesmo sendo outono eu não tenho inveja do tempo em que eu sentia nostalgia incontrolavel. Agora anseio. Simples outono.

Sanzalando

6 de outubro de 2014

outonamente

Me deixo embrulhar pelo silêncio como que a saborear o que sinto. Faz vento e talvez fosse melhor gritar para dar sentido. Mas prefiro o silêncio para sentir. O silêncio é acolhedor e o grito aterrador. Quero saborear. o que sinto.
Ouço o silvar do vento. Ouço-me respirar. Saboreio-me.
Outonamente deixo acastanhar sonhos para os revigorar noutras primaveras.


Sanzalando

5 de outubro de 2014

vento outono

Deixo o vento quente me despentear. Me empurra em sentido contrário. Desfaz-me vontades. Vento sem sentido soprado de noroeste.
Com isto tudo existe algum investimento seguro. Até o amor é vulnerável. Amar é sofrer, se for dado a alguem. 
Mas eu não consigo fechar o meu amor numa caixa forte que nem Patinhas. Eu te dou-o. Sofro-te por amor.
Sabes, não amar é mesmo um inferno!
Sopra vento. Força que aqui estou imperturbável a amar.


Sanzalando

4 de outubro de 2014

outono temporal

Céu aberto, céu fechado. Outono descontente. Irritante. Adjectivamente chato.
Fechado no canto da sala, empunhando lufadas de raiva, suspiros de sonhos sonhados e ideias reais me pergunto quantas vezes eu te vejo nos meus sonhos, mesmo nos acordados. Por falar nisso quantas vezes eu senti um aperto no alma ao mesmo tempo que desejo a tua chegada? E já agora quantas vezes eu pensei que tu eras o meu abrigo, a minha protecção?
É verdade. Olhando para ti tenho a certeza que encontrei o que tanto procurei.
Não sou normal. Eu desejo ser um final feliz.


Sanzalando

3 de outubro de 2014

Escrita outonal descabida

Tudo na vida chega e vai embora sem avisar. O que pode ficar mais tempo a gente quase nem dá valor e quantas vezes é o mais valioso que a gente tem. 
É verdade que quero um mundo melhor. Vou fazer esse mundo rodar ao contrário. 
Mas não é hoje que eu hoje tenho muito que fazer para deixar como está.
Escrita outonal descabida

Sanzalando

2 de outubro de 2014

outonal confuso

Pôpilas, outono quente que até parece ferve a cabeça. São ideias, senhora, diria eu me lembrando das aulas de história dum remoto antigamente. Mas ferve dum outonal sol quente.
Afinal de contas, eu, prisioneiro da dor e cúmplice da saudade, bêbado de amor e vazio de raciocínio, vivo da silva porem sem viver a vida tal e qual é possível, estou para aqui a lembrar-me de remotas histórias de engatar, enganar ou simplesmente encantar, numa de amigo ou mal dizer.
Miúdo que não cresceu porém orgulho em pessoa, certeza de tudo e de nada, dúvidas metódicas absolutamente decido não falar mais de maldade e prometo me renovar numa de dentro para fora.
Complicado?
Acredito.
Quem é que percebe o tempo?

Sanzalando

30 de setembro de 2014

deitado no teu colo a sonhar

Levanto-me preguiçosamente porque o outono me carrega de preguiça. Tu gostas de música, dias de sol e de mar e eu detesto sentir-me despenteado pelo vento, pele irada pelo frio e a barriga a doer de fome de sol. Gostas de chocolate, de filmes e tv e eu prefiro fins de tarde de rua em tronco nu. 
Já sei, é o outono que me faz experimentar esta solidão. O outono não é solidário.
Fazes-me rir ou pelo menos sorrir. Fazes-me lembrar os mergulhos nas ondas de prazer do verão bem passado.
É outono e sinto-me bem deitado no teu colo a sonhar.

Sanzalando

outonal

De todas as formas e feitios é outono.
As roupas perderam as cores alegras e os corpos perderam o brilho. Os olhares trocados já não são os mesmos e sorrisos esboçados são isso mesmo, esboços.
Outonal época de adaptação.
Os nervos à flor da pele, o cansaço se nota no respirar, no olhar e no desejar.
Outono.
Ouve-se o silêncio da queda outonal.
O que me vale é que tenho um particular sol a me brilhar.


Sanzalando

29 de setembro de 2014

ouço

Aqui estou estendido na noite de outono ouvindo os últimos pássaros que por aqui, como eu, vagueiam. Uns cantam e outros parece choram. Ouço,  apenas. Acho amanhã não estarão aqui. Ouço-Os parece marcam a hora da partida.  Sinto. 
Mas os pássaros cantam à noite? Sou livre e ouço quando me apetece, nem que seja de memória. 
Aqui, onde me vês, ouço não só os pássaros, ouço também o teu coração acelerado quando me olhas. 

Sanzalando

27 de setembro de 2014

vagabundo-me na cidade

Vagabundo-me perdido na cidade como a descobrir novas fachadas, novos recantos e outros esconderijos. Vagabundo-me sem pensamentos e esquecidas palavras. Onde foi que perdi um sorriso? Onde foi que desbaratei palavras? Onde foi que sequei sentimentos? 
A cidade é tão complexa.
Vagabundo-me por ruelas como que interessado na vida e sem saber dela. Procuro insistentemente como criança que não sabe qual o brinquedo com que quer brincar.
Vagabundo-me nas calcadas já percorridas tantas vezes que já nem sei o número de cada porta, apenas sei como é que ela é,.
Vagabundo-me em conversas contigo e contigo tento encontrar-me. 
Olha um sorriso ou uma palavra perdida, te ouço o pensamento.



Sanzalando

26 de setembro de 2014

o limite somos nós

Não existe limite porque o limite somos nós. Alguém disse isto e eu assinei por baixo sem ver. Assim mesmo como me perdi num tempo que não sei onde foi.
Frases. Contexto. Sem texto. Pretexto. Pré texto. Palavras que dou continuidade num caminho que traço por aí. Às vezes a minha coragem aparece quando desaparece a oportunidade de a mostrar, assim como não consigo colher os frutos do amor que espalhei por aí. Definições. Condições. Predisposições.
Afinal de contas é outono e como sempre eu não consigo parar de pensar no meu maior sonho. Por mais que eu sonhe o sonho seguinte é sempre maior.
Gosto de ti, pá!


Sanzalando

25 de setembro de 2014

Para quê gastar palavras

Para quê gastar palavras se posso dar sorrisos?
Eu sei é que se deixar de amar perco não só as palavras como a cor e a alegria delas, perco o sorriso e a face carrancuda vincada no olhar de quem me vê se torna trovoada em dia de sol.
Não quero dor, silêncios, ansiedade ou ciúme, desespero ou implicâncias, palavras carregadas de inconcordâncias e desconformidades.
Para quê gastar palavras se posso usar sorrisos?
A culpa é das estrelas, dos astros ou dos signos. Minha não é. Sou quem sou no uso integral das minhas palavras e sorrisos.

Sanzalando

24 de setembro de 2014

sorriso de outono

Todo o céu que me habituara a ver azul está branco de tufos de algodão. Algumas zonas estão sujas que parece são cinzentas. Adivinho tempestade. Sempre que tentei adivinhar errei por isso vamos lá a ver se assim isto melhora.
Mas mesmo com este céu assim eu digo que o teu sorriso é o sol que me enche as noites vazias de sono. Com este ar de tempestade é a tua calma que me acolhe a minha alma. 
Afinal de contas, de todas as provas reais e dos nove, eu sei que um dia, se não for hoje, tudo vai dar certo porque as coisas são feitas pelo lado certo e nunca pelo lado errado de ver.
Pode estar céu de tempestade que o meu sorriso brilhado pelo teu sol sorrirá enquanto estiver de mão dada contigo.


Sanzalando

23 de setembro de 2014

Estou feliz neste tempo

Não faz cacimbo, não faz sol. Não sei que tempo é este. É tempo de ter tempo para gastar tempo no tempo que faz.
Assim como assim deixei-o sentar-se na minha cama e de surpresa o tempo acordou-me. Não morri de susto porque o tempo não assusta ninguém. Desgasta.
Deixei-o balancear-me em conversa mole e de olhos fechados fingi insegurança enquanto me equilibrava no colchão. 
O tempo deu-me carinho, o tempo cuidou de mim enquanto me fez companhia. O tempo me deu a certeza que a insegurança de estar sozinho terminara quando te conheci.
Estranho a maneira de ser e de estar, talvez a de vestir e de falar. Gosti, pá! Bebo mais um gole de tempo, o olfato se apurou, o olhar se afinou e o paladar de sensibilizou,  Gosti, pá!
Com tempo que o tempo me deu fui passear o cão e sonhar com ela.
Sorri ao tempo do tempo da memória chorosa. Ela escolhe o cinema, o programa ou o desprograma. Eu curto o tempo. Curto ou longo. Futuro que é isso?
Não faz cacimbo, não faz sol. Não sei que tempo é este. Estou feliz neste tempo.


Sanzalando

21 de setembro de 2014

feliz

Solto-me livre pela praia de outono, limpando depressões, varrendo medos e areando inutilidades que me dariam um ar pesado de quem caminha por nadas.
Tudo acabado, tudo limpo, tudo livre na praia de outono. 
Dou-lhe um beijo e recebo um exercito de poderosos poderes para continuar a adolescência que se calhar deixei passar em branco.
Solto-me livre de braço dado e de olhos nos olhos vivo a vida de palco tal e qual nos bastidores: feliz.


Sanzalando

19 de setembro de 2014

sigo

Sigo em passo apressado como que a fugir dalguma chuva que possa cair e lavar-me a alma. É que eu quero a minha alma mesmo assim como está. Feliz!
Sigo em passo apressado acelerado pelo vento que teima em ventar, impedindo-me de passear â minha velocidade quando vou contra ele.
Sigo por aí à procura duma resposta à pergunta que nunca me fiz, mas que sei um dia terei e então saberei qual a pergunta que deveria ter feito, e quando.
Sigo de suspiro em suspiro suspirando por ter hora ouvida num qualquer sino a dizer-me que chegas tarda nada.
Sigo a seta que inventei nos meus olhos com vontade de escrever nela o teu nome.
Sigo por mim.


Sanzalando

18 de setembro de 2014

auto-retrato de letras

Se eu soubesse escrever desenharia o meu auto retrato. Sem modéstia e claro está, fidedigno. Não me escreveria com palavras sem verdade, nem me pintaria com palavras garridas, nem desbotoaria cinzas ou negros e nem usaria pincéis de fingir.
Eu nem sei todas as palavras, todas as regras de gramática e o traço já não é certo por defeito de muitos temporais.
Se eu soubesse escrever desenharia um retrato contigo ao lado para poder sentir-me acompanhado sempre.


Sanzalando

17 de setembro de 2014

afinal de contas

A chuva bate no vidro da janela e eu até recuo com medo que ela me entre alma dentro. Aproveito para sonhar e sonho por cima de palavras, de sons e de ideias. Me acuso culpado de querer viver o tempo que perdi num não sei onde, porem numa vida transloucada de lágrimas e gargalhadas, de marmotos e calmarias, de gritos e silêncios. Felizmente nunca me deu para sair a meio da viagem. Como é que agora ia ser feliz assim?
Afinal de contas o tempo com o tempo que faz, nos mostra o tempo que a gente vive. Afinal de conta tudo se supera e nada é para sempre, nem as dores!


Sanzalando

16 de setembro de 2014

hoje é hoje e pronto finalmente

A areia está molhada assim que nem carga de água que não para de cair. Faz calor que até faz ir buscar memórias guardadas na caixa delas. Me sento mesmo assim na areia e olho o mar tentando ver para lá do que consigo ver. Eu lhe queria contar todos os meus segredos mas ele, o mar, sabe faz tempo que ela é parte integrante deles.
Olhando o mar eu desentendo-me de como é que eu quero sempre ir na memória buscar os segredos lá guardados. Estou farto de me dizer que esse já era, olha em frente e vive-o amanhã.
Tu olhas-me e me entendes. Ele, o mar, finge descompreender e me quer dar banho de espuma numa onda parece é revoltada.
Afinal de contas com tantas memórias e tantas procuras eu me lembrei agora que estou integralmente ocupado por ti, pelas tuas carícias, teus beijos e tuas falas certas.
Na areia molhada eu me vou recordar que esqueci a memória dom passado que quero viver no futuro e dizer ao mar que hoje é hoje e pronto finalmente.


Sanzalando

13 de setembro de 2014

viver

Não quero gastar por aí as palavras bonitas que acho ainda tenho para dizer.
Acho mesmo vou-as deixar repousar em lume brando, assim num não arrefecer nem queimar.
Vou guardar as palavras da saudade e de alegria. Vou guardar as letras dos nomes felizes da minha vida.
Não vou gastar mais as palavras de amor que tenho para te dizer, vou vivê-las.


Sanzalando

12 de setembro de 2014

delírio de amor

Aqui estou sentado na praia deserta dum quase outono. 
Tu estás fotografada na memória como impressão dum fio de água, permanente mesmo que aparentemente invisível. Só por isso não estou na solidão da limpeza dum sotão que um dia alguém chamou de memória.
Vasculho assuntos, pendências e interdependências, ligações e desligações e por fim encontro uma carta que nunca escrevi, mesmo que ela começasse num para ti.
Eras a destinatária. Porque não escrevi já não me lembro, se calhar nem assunto teria. Olhei-a de todos os ângulos, não encontrei nenhuma pista e nela não repousava mais nenhuma letra para além das que diziam para ti.
Fiz um esforço que acho até sinais de fumo a minha cabeça deitava.
Acho que para ti era para dizer apenas que te amo e algum medo me impediu de te dizer.


Sanzalando

11 de setembro de 2014

Maré cheia

Olho o mar desde aqui onde me abrigo do vento e de alguma chuva possa cair só para me chatear. A maré está cheia até parece vai derramar sobre fora do mar.
Sentado, lápis na mão e folha em branco à frente olho o mar.
Estou a organizar os meus sentimentos para lhes escrever, assim sei não me vou esquecer deles. Sei parece difícil mas ultimamente até que não é. O meu primeiro pensamento hoje fostes tu e me lembro perfeitamente que o ultimo de ontem foste tu. Logo parece é facil. Estranho, mas o papel ainda está em branco. É que hoje penso em nós.
É isso. Escrevo na folha de papel em branco que está à minha frente enquanto olho o mar: amamo-nos!


Sanzalando

10 de setembro de 2014

lado nenhum

Sob chuva que apareceu assim num repente vagueio ideias pelos caminhos abrigados em que me passeio. Dumas vou gostando, doutras vou limando aresta, de outras mais vou esquecendo e de poucas tantas vou compreendendo. Mas o que sublinho é que vou indo, vou andando nestes caminhos, umas vezes sabendo explicar outras calando-me em palavras doces e sempre entendo-me.
Sob chuva vou caminhando mesmo que seja para lado nenhum.


Sanzalando

9 de setembro de 2014

caminhos

Percorro os caminhos do pensamento como quem caminha pela solidão de ser gente solidário. Guardo as minhas expectativas ou tento não criar novas sem gastar as anteriores. Na verdade, é que se eu espero assim tanto por algo e isso não acontece ainda acabo surpreendido e arrefecido e verifico que tudo não passou duma perda de tempo. Se der errado vou achar que a minha expectativa não valia a pena existir, assim como o tempo que perdi nela.
Percorro os caminhos do pensamento porque afinal tenho que caminhar, pela vida na vida.
Não quero perder o poder de chorar.



Sanzalando

7 de setembro de 2014

caminho

Sentei-me numa beira de estrada a ver o caminho passar. Quer para a direita, quer para a esquerda ele vai dar a lugar algum mesmo que esse lugar nada me diga. Mas eu pacientemente deixo-o passar e com o olhar sigo-o. Todos os caminhos dão a lugar algum, repito-me.
Fechei os olhos e chorei lágrimas infinitas e virtuais, afoguei-me dentro de mim. Qual caminho eu vou escolher? Dói-me ver aqui preso na minha indecisão.
Sentei-me na beira da estrada e sem pensar na estrada da Beira adormeci nos teus braços sem saber qual o caminho que tomei.


Sanzalando

6 de setembro de 2014

e foi assim

Olho a praia deserta no seu ar de quem vai levar com chuva. Quem diria que dum dia para outro ia ficar assim. Sem aviso prévio ou distracção minha.
E foi assim que eu fiquei com esta cara sem sorriso. Odeio saber que um dia tudo pode ser reduzido a nada. Os amores. Os poemas. Frases feitas e desfeitas obras..
E foi assim que fiquei sem brilho os olhos porque veio à memória que um dia, sem saber quando, terei um palmo de terra como tecto.
E foi assim que lacrimejei ao lembrar-me que passo mais de metade da vida feito parvo para acabar feito morto.
E foi assim que comecei a andar, sorrindo porque afinal há sempre um sol, mesmo que esteja por trás duma nuvem densa, que me brilhará todas as alegrias que já tive.


Sanzalando

4 de setembro de 2014

meditação

Parti do principio que...
Quê?
Nunca parto do meio e muito menos do fim.
É verdade que às vezes digo coisas que nem o diabo entende. Fosse eu diabo e respondia-me.
Agora penso numa pessoa chata, melodramática, estranhamente teimosa, insuportavelmente feliz ou infeliz...
Eu!
Bolas que hoje as palavras saem como se fossem torpedos, balas de borracha, carícias fictícias.
Hoje simplesmente não falo. Soletro me di ta ção.


Sanzalando

3 de setembro de 2014

estradas

Mete-me à estrada como se não tivesse um rumo e recomecei a pensar como se fosse uma primeira vez.
Troquei as voltas e verifiquei que doeu muito ter um coração partido, porém, a dor maior foi quando verifiquei que não me lembrava como é que era antes de o ter partido.
Acelerei, assim num misto de angustia e amargura, a estrada passava por baixo de mim mais depressa do que eu a podia ver ao pormenor. Sorri e pensei que a vida era a estrada e que eu tinha andado mais depressa do que devia. Quase nesse instante parei e veio-me à memória a tua frase doce a dizer-me 'respira'. Respirei e mentalmente sorri-te. Acho tu sentiste porque eu acho senti-o.
Destravei, andei ao relanti, ao sabor da suave descida, penteei-me, aprumei-me e fui ter contigo sorrindo, sabendo-me feliz porque sei o nome de todas as minhas saudades e que sei não desisto do que quero, apenas da dor.



Sanzalando

2 de setembro de 2014

quando

Estendi-me na areia como que a captar todo o sol do mundo e reparei que a gente não se encontrou, acho foi uma colisão de olhares, um acidente sem sentido que deu sentido a tanta coisa.
Quando me sufoco na ansiedade das descobertas que me faço, encontro o teu olhar me sorrindo como se o sorriso fosse uma multidão em rua deserta.
Quando o mar me molha numa distracção momentânea ouço a tua gargalhada feliz como se fosse uma manta a aparecer numa noite fria de inverno.
Quando tropeço na solidão recordo-me das tuas palavras a me encherem de ser eu.



Sanzalando

1 de setembro de 2014

azul

Ia eu a passar por mim quando reparei que sorria e me indaguei como é que é possível sorrir assim e por nada.
Olhei o mar e lá estava ele azul como sempre. Olhei o céu e lá estava ele azul como tantas vezes. Olhei para o chão e lá estava ele a me segurar como quase sempre, mesmo não sendo azul.
Assim num repente dou comigo a dizer-me que estava apaixonado. Norte, sul este e oeste, bem orientado no tempo e no espaço. Passeio o cão e rego as flores. Só pode ser paixão. Ou novos tempos. Melhor: ambos!

Sanzalando

30 de agosto de 2014

sopra vento

Sopro contra o vento e o resultado é nenhum. Ele sopra mais que eu e eu desisto de lhe resistir. Deixo-me levar como se fosse uma folha de papel ainda por escrever e ele, o vento, sopra sopros de inspiração e o papel parece continua em branco mas voa de lugar em lugar sem parar. Pareceu-me ver nesse papel uma lamento de dor antiga mas vi logo era impossível porque isso poderia criar uma nova dor. Foi mesmo só reflexo de sol arrefecido pelo vento que deu rajada na hora errada.
Soprei contra o vento e o resultado foi nenhum. Despentei-me e solidarizei-me com ele e sorri como fez a folha de papel ainda por ser escrita e fui com ele ao seu sabor.
Sopra vento que eu sopro contigo, amor.


Sanzalando

29 de agosto de 2014

descobertas ao sol

Assim como menino bem comportado e arrumadinho coloquei ambos chinelos nos cantos superiores da toalha que estendi na areia escaldante da praia. Parece fizeram verão de propósito quando eu não posso veranear. Mas assim estendi a toalha, amarrei a azia no ego de mim, mergulhei num bem feito a água está gelada, e estiquei-me ao sol para ver se a cor pardalenta se pardalava num escaldão depenante.
Estendido desatei a divagar que nem delírio de febre gripada, dizem no verão é mais lixada que lixa grossa que nos lixa a vida das vontades e afins.
Mas divagando eu, num devagar para não cansar, quando descubro que a melhor solução para uma desarranjado amor é arranjar outro. Parece é comédia precisar dum amor para apagar outro, parece é usar gasolina para apagar um fogo. Também descobri que há coisas piores do que estar só, mas a gente precisa de décadas para as descobrir, o pior é que quando a gente as descobre é tarde de mais. Acho não há coisa pior que ser tarde demais.
Já com a toalha desarranjada da perfeição inicial descubro que é preferível viver junto e poder dizer obrigado amor.


Sanzalando

23 de agosto de 2014

a gente se ganha

Me deixa só seguir nessa praia como se fosse uma praia sem fim. É que assim o meu pensamento não tem que ser interrompido porque tem de virar na volta e o sol fica de frente e eu vou ter que fechar os olhos por causa dele e assim não verei com clareza as minhas ideias.
Toda a gente já teve um amor.
Vamos lá dar de barato e dizer que quase toda a gente para não pensarem que eu sou um todo universal sem defeito.
Afinal de contas amor não é assim um produto final, básico e barato. Apesar disso ele é muito mais, porém fácil, sem mistério, sem jogo de azar ou sorte. Não tem empate, ganha ou perde. Ele é doação, é querer.
Bem, com o sol eu não estava a ver que afinal no amor se ganha. A gente se ganha outra vez.

Sanzalando

22 de agosto de 2014

dançam as folhas

Dançam as folhas nas árvores num verão parece quer ser outono. Esse mar parece é água que saiu dum frigorífico.  Eu pálido vagabundo na areia que rasteja nos meus pés empurrada pelo que deveria ser brisa mas virou é parecido com ciclone.  Eu fico triste porque de vez em quando gostava de demolhar este corpo mas o frio ia me quebrar até na alma.
Este verão do meu contentamento virou outono de reflexão,  inverno de recolhimento. 
Quem sabe esse mar volta a aquecer, esse vento volta a ser brisa e esse sol volta a dar cor na minha pálida pele, assim como o meu sorriso seja um misto de alegria e felicidade. 


Sanzalando

21 de agosto de 2014

mar e cicatriz

Neste mar onde desaguam muitos rios e muitas lágrimas deram à costa, onde passeio o pensamento e onde alinhavo ideias e construo os meus sonhos e coloro as minhas ideias, dou comigo a perguntar-me porque não tenho notícias tuas e porque o meu telefone não toca quando estás a trabalhar. Porque será que fico assim com cara tão idiota como um adolescente que não sabe nem andar direito? Já sei que a seguir a minha consciência vai dizer que já não tenho idade para brincar ao amor assim, que o meu tempo era e não o é.
Mas o marulhar me leva estas ideias e me trás o sorriso, a descoberta pulsátil dum ser que cresce ainda, que ainda tem tempestades para chorar e de dias de sol para brilhar.
Por este mar eu me entrego em amor e fecho às feridas incuráveis que a saudade não permite cicatrizar.


Sanzalando

20 de agosto de 2014

sentimento de areia

Percorrendo a praia como quem corre atrás de mim chego à conclusão que ninguém me vai ver como realmente eu sou. Às vezes parece somos cegos, surdos e não sentimos o coração bater. Dessentimos mesmo pois se levassemos à letra o que vemos, ouvimos ou sentimos ia ser difícil ficar em pé.
Percorrendo a praia, mantendo a naturalidade, libertando o peso de palavras, pedindo desculpas a torto e a direito, conseguimos filosofar a vida na naturalidade e sem excesso de sentimentalismo.
Afinal de contas o que tiver que ser vai ser. Mas dois têm mais força que eu sozinho.
Percorrendo a praia como quem corre atrás de mim lembro-me de todos os esforços que fazemos e mesmo assim digo sorrindo que sou feliz.



Sanzalando

19 de agosto de 2014

saudade

Já me disseram, enquanto passeava pela praia e me recolhia do vento que teimosamente sopra, que não existe nada pior que a saudade. 
Eu vivo com saudades. Dos que foram. Dos que ficaram. Dos que mudaram. Dos que são os mesmos.
Mas pior que a saudade eu, tropeçando na areia, acho, é estar sozinho e não ter a quem comentar a saudade.
Eu conto-te a saudade


Sanzalando

18 de agosto de 2014

alma

O marulhar me embala enquanto me canta no ritmo do vai e vem das ondas de sueste. Pode ser bom ou mau ou um assim assim. É bom chegar à praia e ver a areia escaldante, o azul mar ondular e as cores dos guarda sois brincarem no emaranhado dos pensamentos e ser assaltado por gritos e gargalhadas vindo de tantos nadas.
Assim me lembro dos beijos que te roubei, das gargalhadas que me ofereceste e do brilho dos olhos que me devolveste.
Como é bom ter uma alma onde posso esconder todos estes meus mistérios e caminhar sem cair na rede dos universos inventados.
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Sanzalando

17 de agosto de 2014

ondas e ondas

Subindo e descendo as ondas do mar num boiar parece sou barco dou comigo a gritar que amo o que me acrescenta, o que me alivia ou faz sorrir. Em contraponto quase me afundo numa onda quando penso que detesto a indelicadeza, a agressão e até o ambiente pesado.
Assim sendo, aproveitando o sueste dou comigo a boiar na irregularidade da areia a dizer que amo este calor deste sol que me és.


Sanzalando

16 de agosto de 2014

um dia

Gasto passos num para lá e para cá ao longo do mar. Descubro que o meu universo é diferente, sou exigente e um amante infinitamente apaixonado por paixões que me criam saudades mesmo que eu não saiba de quê. Neste vagabundar pela areia vivo na angustia do incerto mesmo que perca a piada da futorologia. Afinal de contas concluo que sou um reflexo abstracto, sem norte ou sul, sem estrela ou sem sol.
Nada disto, sou apenas um vagabundo dentro de mim com tudo isto à mistura e muito mais que um dia irei descobrir.


Sanzalando

15 de agosto de 2014

caminhos

Caminho ao longo da praia num dia onde tudo pode ser. Pode levantar-se vento, pode ser dia de sol tórrido, pode ser dia de chorar, pode ser dia de sorrir. Hoje é um dia de incerteza total. Como, aliás, são todos os dias de futuro presente e ainda distante.
Caminho ao longo da praia tentando ver o meu rosto reflectido num espelho de água e as asas dos meus sonhos baterem rumo ao longe, no lugar onde os sonhos são relaidade.
Caminho ao longo da praia a teu lado, silêncio de ver as letras das palavras dentro das gotas de suor que havemos de suar se o calor se se mantiver. Moves as pernas inconscientemente seguindo algum pensamento que não ousas contar ou transparecer.
Caminhamos ao longo da praia a deixar correr o sorriso.


Sanzalando

13 de agosto de 2014

estendido na praia

Estendido na praia, barriga ao sol, assim numa coisa parecida de absorção de todos os raios solares possiveis, dou comigo a balancear de pensamentos em pensamentos, de ideias em ideias e de passado em passado, com os bem passados pelo caminho a olhar pelo vermelhidão da minha pele.
Assim dou comigo que num determinado ponto da minha vida, num de muitos, se eu tivesse aberto a boca para dizer o quase tudo que me ia na alma, o resto da minha vida podia ter sido diferente, mas como calei ou não disse quase nada vivo esta e dou-me bem.
Se eu um dia tivesse estado a beber um chá e a ler um livro em vez de ter ido ali num acolá qualquer, a minha vida poderia ter sido diferente, mas ficou esta e não me dou mal.
Eu sei que a vida não é fácil, nem um pouco mas também nem todas as noites são escuras. Há luares tão lindos.
Estendido na praia me esqueço de que a pele arde com o vento sol que tanto levou

Sanzalando

12 de agosto de 2014

culpas

Perdido numa praia de palavras eu poderia dizer que toda a culpa é tua. Se estou triste é porque tenho saudades tuas e não estás nesse momento a meu lado para me alegrares. Se estou de olhos semi-fechados é porque estou a imaginar onde estejas a fazer o que quer que seja. Se gargalhei foi porque me sorriste. Se me distraí numa qualquer tarefa foi porque te olhei. Simples, a culpa é tua.
Num novelo de palavras encontrado na praia revejo tantas coisas que já te disse desde que a dor do amor chegou, desde que o brilho dos olhos voltou a brilhar, desde que o sorriso voltou a ser ele mesmo.
Num molhe de palavras que entra praia adentro passeio ansiedade pelo momento que te vou ver e enroscar-me no teu perímetro.
Portanto a culpa é tua.


Sanzalando

11 de agosto de 2014

apenasmente

Pela areia da praia deambulo pensamentos soltos e sinto a minha alma soltar um grito como que a pedir socorro. Infelizmente não há socorro que valha a um coração inchado de amor. Vive-se até à explosão, mesmo que no meio de sorriso de felicidade haja choros escondidos por medos e vidas passadas. Sofre-se sorrindo por tempos perdidos em vãos pensamentos consumidos de lágrimas.
Pela areia da praia vejo, de barriga cheia, que sorrir faz bem à alma e à mente, mesmo que o mar me deixe fazer uma ou outra lágrima. Afinal de contas amar não é uma formula matemática em que entrem incompreensões e razões razoavelmente certas, nem integrais e outros factores mais.
Pela areia da praia sigo sem plano, nem o inclinado para a frente, porque acho que no amor sente-se e vive-se, apenasmente.

Sanzalando

10 de agosto de 2014

me deixo embalar

Me deixo embalar nas ondas porque digo que estou cansado, afirmando que é um erro, que não é assim, que não é este o tempo nem lugar para gastar a vida. Mas olho para o lado e repenso-me porque o nosso amor é uma amizade sem inveja, um sonho na realidade, um silêncio que tem tantas palavras como o barulho duma onda a rebentar na rocha em dia de mar chão.
Me deixo embalar e sorrio porque é bom amar assim



Sanzalando

8 de agosto de 2014

sentado a ver o mar

Sentado a olhar o mar dou comigo a astronautizar-me, isto é, a viver no mundo da lua. Dizem que o mundo às voltas anda e eu tento acreditar nisso porque é a única esperança que me resta para gostar da minha falta de jeito de gostar das pessoas.
Filosofo, deliro, alucino-me, sentado a olhar o mar, porque eu não tenho noção de amar por metades e estou cansado de perder pessoas pelos caminhos onde me esqueci de dar a mão.
Sentado a ver o mar dou comigo a tremer porque tenho medo que a vida seja como as flores, hoje viçosas e amanhã...
Sentado a ver o mar dou comigo a mandar-me para a sombra para não escaladar

Sanzalando

7 de agosto de 2014

na praia

Serenamente caminho na praia. Me distraio olhando por aqui e por ali como que a ver o tempo que passei. O presente é o instante e neste instante transformei toda a dor em amor. Assim num gesto de magia, bastou recordar de amigos, um por um, apelido e nome próprio. Cada passo e um nome. Chamei-lhe brincadeira de verão. Assim brinco na praia, enquanto uns têm a defesa nas armas, nas couraças, nos escudos e na blindagem, eu confio em mim e nos amigos e brinco de verão e sou feliz.
Serenamente caminho na praia sabendo que já não sou só, ambos somamos vida,mesmo que parcelas de diferenças, mesmo que fragmentos e complementos sejam distintos, completamo-nos e seguimos a praia como se ela fosse interminável.


Sanzalando

6 de agosto de 2014

percorro

Percorro o mar com os olhos a ver se vejo mais além do que dentro de mim. Sabes, às vezes dá vontade de desistir. Realmente passei muito tempo a pensar nisso mas chegas ao meu lado e eu volto a acreditar e durante tempos desisto de desistir. Mas depois neste marulhar de olhos reais volto a ver para dentro de mim e sinto outra vez essa vontade. Sorris-me e apago até um dia depois qualquer, sabendo que depois de uma chuva nasce um outro sol.
Percorro o mar com os olhos e tento recordar porque deitei tantas lágrimas quando agora sorrio. Sabes, acho que mudei. Acho recomecei-me e olho para a frente de verdade e vejo uma bateria de sonhos, uma pilha de tijolos chamados vida. Neste marulhar em que entrecruzei-me com o teu olhar renasci.
Percorro o mar com os olhos e só te vejo dentro da minha vida sorrindo.


Sanzalando

5 de agosto de 2014

olha o mar

Olha esse mar parece é lago. Olha esse azulverdinho que parece nem é ondulado pelo vento que teima em não parar.
É mais ou menos assim que eu me embalo neste capítulo da minha vida, neste mar chão onde ao teu lado parece eu namoro a vida, abraço a felicidade e me tornei amante da alegria.
Tivesse eu uma vela e com esta brisa, mais de vento que soprinho, eu velejava mar adentro até parar no teu coração assim seta dum Cupido da nova geração.
Olha só esse mar parece lago e eu calmo me boio na leveza dos pensamentos coloridos dum sorriso que deste na manhã cedo.


Sanzalando

4 de agosto de 2014

Caminho à beira mar coração

Caminho à beira mar como que a pensar na vida. Presente baseado na passado e olhar no futuro. O mar me marulha o som, me maresia o olfacto e me azula o olhar. O pensamento flui com a brisa. Este silêncio que me passeio não significa falta de palavras nem o excesso delas que se aglomeram num entulhar de ideias. Às vezes saber interpretar os silêncios é compreender que ele grita verdades enormes.
Assim caminho, longe de ti, contigo no coração, versos soltos mas toda a tua atenção.
Caminho-me por rumos que traçamos, desenhados em rascunhos mais ou menos geométricos de modo que viver em conjunto não seja assim num problema difícil de entender e sorrir.
Caminho à beira mar coração.

Sanzalando

2 de agosto de 2014

tropeçando

Tropeço em palavras que sei têm muitos significados e tento usar com o que penso. Assim sendo descrevo o equilíbrio que penso que tenho.
Tropeço em palavras que te descrevem e desenho-te de memória com base na imagem que tenho decorada.
Tropeço e digo, hoje não quero mais palavras porque assim me canso de tropeçar.


Sanzalando

1 de agosto de 2014

protesto vento

Pedalo em protesto contra o vento. Desconsegui ganhar. Primeiro eu me cansei a valer e em segundo ele continua a soprar e eu a arfar. Também foi a primeira vez que participei num protesto publico embora fosse só eu que sabia porque pedalava. Devagar é verdade. 
Mas deu para ver que criei a minha dor à minha imagem e semelhança, que o tempero do amor é a sua loucura igualzinha à propriamente dita loucura e que a saudade é directamente proporcional ao tempo do último beijo.
Protestando dou comigo a imaginar palavras de ordem em desordem de ideias e descortino no meio da multidão de ideias que a minha dor é a tua intensidade e que o meu receio é o retrato fiel da narração narrada no eu que somos.
Afinal de contas o cabelo nos olhos, as lágrimas de protecção e a força retrograda têm a haver com o vento e este com o volume do som do nosso amor.
Protesto contra o vento porque sim, apenas.



Sanzalando

31 de julho de 2014

hoje

Hoje me sinto fisicamente cansado. Se eu fosse inventor eu ia inventar um problema e mais outro e outro ainda para dormir 24 horas.
Mas olha, vou fechar os olhos e fingir que estou bem.
Vou dar um passeio por pensamentos e sonhar palavras, vou caminhar por mim e por ti e depois eu te conto o que descansei.
Hoje só me apetece dizer que a soma dos meus defeitos é igual ao efeito inverso do tempo que perdi.
Te gosto que até foi difícil te encontrar.


Sanzalando

30 de julho de 2014

poder podia

Podia tentar escrever em verso as palavras tantas que já disse. Mas na verdade não pareceriam ter saído do meu pensamento. Assim saem como se fosse atropelos, amalgamas, desperdícios úteis ou inúteis, secos sons ou cantatas de ritmo maduro.
Podia tanta coisa que o tempo podia ser um para sempre, que quem me ouvisse um som me levasse por inteiro, sorrir podia dizer-se feliz.
Podia ser que um abraço fosse um estamos juntos, um beijo um afago e por aí fora.
Podia ser um dia de cada vez se eu não estivesse morrendo de saudade de todo o tempo que ainda tenho pela frente.

Sanzalando

29 de julho de 2014

salada de palavras e ideias de mim

Passada lenta de quem não quer transpirar nem rebentar com um calor que sente queimar até na alma, sigo feliz trocando pensamentos por sorrisos ou vice versa que hoje não estou para dilemas. 
Não é todos os dias que concluo que há algo em mim: amo o próximo esquecendo-me de mim. Eu, o senhor dono da razão, presença imponente que nem estátua em pedestal, concluo que não me amo. 
Pronto. Vá lá. Dou desconto e digo-me que não é bem assim, não sou assim tão tão. Às vezes reclamo-me e dou razão a quem a tem, mantenho distância dos erros, principalmente se forem dos outros, não grito nem choro crocodilamente, não tenho humor de fazer rir nem parar a multidão que me olha, não tenho presença de parar o trânsito e não sei a regra dos nove nem a três simples para acertar todas as contas, nem as do merceeiro.
Eu gosto de mim e só assim eu posso gostar de ti. Filosófica e praticamente certíssimo. Quando penso no passado não vou só até ao minuto mas consigo ir até a décadas. Quando recordo recordo as tuas gargalhadas, os teus olhos brilhantes, o teu sorriso de lábios finos, o teu olhar felizmente espantado ou espantado feliz. 
Passada lenta dou comigo a soletrar transpirações e suores frios, quentes e outros.


Sanzalando

28 de julho de 2014

tu

Te ouço a assobiar no teu chamar característico. Olhei e sorrias com sempre sorris, até os olhos brilham.Te sorri e voltaste assobiar. Corri para teus braços e juntos seguimos o nosso rumo sem saber onde vamos parar. Também não dissemos que queríamos saber.
Te segredei qualquer coisa importante. Sorriste e disseste que sim. Seguimos em frente como se amanhã não houvesse.
Assim te vi e assim te vejo. 


Sanzalando

26 de julho de 2014

simplesmente letras

Persigo palavras para te dizer as tantas coisas que me apeteciam dizer-te agora, mas não encontro as palavras simples que diriam simplesmente que te gosto tanto.
Desembrulho pensamentos para ver se encontro um que te possa oferecer em simbolicamente com te amo.
Letras soltas que o vento não levou para  te dizer estamos juntos.



Sanzalando

24 de julho de 2014

deambulando palavras

Deambulo num vai e vem constante como que um qualquer nervoso a se cansar para descansar. Troco palavras por sorrisos, sorrisos por gargalhadas, falas mansas por piadas de gosto verdadeiro. Neste constante frenesim decido entre mim e eu, que se não der certo a gente se junta para todo o sempre na mesma, sorri e vive a vida tal como ela deve ser vivida: com vida!
Deambulo por entre palavras e silêncios e decido suicidar-me. Uns matam-se com bebida, outros com fumo e eu decido que o meu suicídio será por paixão. Por ti, claro, e assim deixo a minha paixão tomar conta de mim, silenciosamente, sorridentemente e com falas que só nós podemos entender. 


Sanzalando

23 de julho de 2014

esquecer

Conversando com as minhas palavras dou comigo a dizer que esquecer é assim como que uma coisa que acontece. Às vezes a gente quer e outras a gente simplesmente não se lembra. Estou a ver a imagem assim como que desfocada na memória, sem força de reentrar na realidade. Assim começa o esquecimento. E eu esqueci a palavra que conversei até chegar aqui.


Sanzalando

22 de julho de 2014

amigos

Cá vou eu no meu passo lento como se fosse uma vogal de cada palavra que penso.
Tropeço em ideias e pensamentos e dou comigo a falar-me que os amigos são como a lua: têm fases. Eram os amigos da rua quando brincávamos na rua, eram os da escola quando andávamos na escola, na faculdade, no emprego e na noite de verão. São amigos de cada etapa da vida onde são importantes.
Amigos, verdadeiros, são os que ficam depois da ressaca e agarram a serenidade da gente como se fosse a gente própria..
Amigos não estão na nossa frente no diariamente mas estão na nossa personalidade.
Os amigos sabem onde a gente está, mesmo quando a gente parece que não está.


Sanzalando

20 de julho de 2014

Madrugada

Me sento na beira mar e deixo o som das ondas entrarem em mim como se fossem música. Eu, o deslocado do mundo, o perdido entre a saudade e o real, vagabundo da vida com medo de viver, tentando sobreviver entre um pensamento e outro, intervalando tristezas reais com fictícias, convertendo sorrisos em lágrimas apenas que porque o sabor salgado fica vincado no rosto.
Me sento à beira do mar e olhando-te me lembro de todo o tempo que perdi perdido.
Me sento à beira do mar e dou-te a mão como que a agradecer teres-me acordado e me fazer parecer que ainda é madrugada.


Sanzalando

19 de julho de 2014

caminhos de ferro ou palavras

Caminhando sobre palavras, umas quentes outras assim por dizer, mais geladas que a morte viva, dei comigo a pensar viver só para mim. Às tantas até tinha construído um muro à minha volta, a minha alma estava prisioneira nas ideias preconcebidas e eu jamais conseguiria ultrapassar os limites de mim.
Assim, desmanchando palavra sobre palavra, apoiado no teu ombro, seguro pelo teu sorriso, descobri que a solidão não é a melhor companhia, mesmo nas tardes de sol como também nas manhãs de cacimbo, nas noites quentes duma esplanada ou nas frias sentado à volta duma lareira que antes foi apenas fogueira.
Arrumadas as palavras vi que somava motivos para a autodestruição que podia acontecer dali a pouco tempo sem antes ter imaginado que podia estar a mendigar migalhas de bom senso antes de desligar o mundo de mim.
Limpas as palavras encontrei.me sorrindo e o comboio lá vai seguindo na linha sem o pouca terra da nostalgia nem o fumo da escuridão.



Sanzalando

18 de julho de 2014

esconder a tristeza

É tão fácil esconder a tristeza. Basta só fingir um sorriso.
Como ninguém me ia entender eu resolvi guardar só para mim umas quantas palavras com sabor a sal. Guarda-las-ei num caixote de sonhos, esconde-las-ei como se fossem um tesouro dum pirata que num qualquer mapa mental aparecerá marcado com um x bem vincado..
O sorriso mostrá-lo-ei nos 360 graus à volta porque ele é contagioso e pode ser assim os meus olhos brilhem como os teus.



Sanzalando

17 de julho de 2014

rios de tinta

Escrevo gastando rios de tinta, palavras que enchem mares de ideias, lagos de sonhos ou lágrimas de saudade.  Escrevo com palavras que digo em silêncio calado de um modo de ser feliz.
Me disseram que o vento leva as palavras e eu as digo em todas as direcções,  não só porque nunca sei donde ele sopra como também porque na dei de onde tu me vais aparecer.
Digo palavras de escrever num tom de seres tudo o que sempre desejei.
Gosti, pá!


Sanzalando

16 de julho de 2014

bate coração

Bate o coração mais forte que a cabeça. A razão cai por terra e não havendo outro motivo vou por caminhos da ansiedade e esqueço as estradas da realidade.
Tremo.
Olho em frente e não vejo para além do que imagino.
Ceguei. Esqueci de mim num qualquer canto, num beco sem nexo nem saída.
Abriste a porta. Estava ali eu triste, apagado, esquecidamente atirado para dentro de mim. Olhei-te. Sorrimos. Ainda hoje sorrimos quando nos olhamos. Mesmo quando não nos vemos.
Bate o coração e não tenho palavras.


Sanzalando

15 de julho de 2014

com palavras

Com palavras vou calcetando o meu rumo, vou construindo o meu forte e embelezando o meu ninho. Com palavras embelezo o nosso canto, decoro a nossa vida e dou colorido ao nosso abraço.
Com palavras não confessei o meu amor mas os meus olhos falam e sei que quem estiver menos atento vai perceber que estou perdidamente.
Com palavras poderia escrever uma canção mas faltaria a batida certa, aquela que entra no coração.
Com poucas palavras te ouço dizer-me o que tanto gosto de ouvir.

Sanzalando

12 de julho de 2014

dou certo

Com palavras faço uma corda e brinco de saltar á corda. Conto e foram 10 vezes sem tropeçar ou me emaranhar. Grande forma, digo eu sorrindo como se fosse um herói de mim. Olho para ti e te vejo a sorrir com um brilho nos olhos parece são estrelas, descubro me viste quando ninguém me prestava atenção mesmo estando ali o tempo todo. 
Sei que passei despercebido até que num repente começaram a me perceber e a ver que eu estava diferente. 
Sorria-te. 
Ninguém me conhecia e mesmo assim achavam me conheciam bem e eu mudava. 
Sorria.
Afinal de contas mudado consigo teimar em dar certo. e dou.


Sanzalando

11 de julho de 2014

pego em palavras

Pego nas palavras e faço carreirinhas como que as usando para comunicar. Sou sincero. Aprendo cada dia e cada vez mais. Não a falar mas a acertar na hora, mas a assumir e responsabilizar-me. Não uso as palavras para dizer o que acho das pessoas mas sim para falar de acções e correcções. Eu não consigo criar pessoas nas palavras mas apenas acender uma luz de gente.
Pego nas palavras e digo, acendo a alma e refresco a calma.
Agarro em palavras e com elas tento mostrar a minha alma, o eu intrínseco.
Pego em palavras e digo: obrigado por te amar e conseguir sorrir de cara e olhos outra vez.

Sanzalando

10 de julho de 2014

tropeçando no intelectual

Tropeçando em palavras que vão dar a qualquer lado ou a lado nenhum, dou comigo a pensar se alguma vez eu estive apaixonado. Perentóriamente, usando palavra difícil para parecer até sou intelectual da coisa, respondo com um não sei afirmativo e duvidoso. Logo de imediato, o intelectual argumenta que se não sabes é porque nunca estiveste. Nesse instante, deixando a intelectualidade de lado e racionalmente dou comigo a escrever papelinhos tipo malmequer como que a ganhar tempo tempo para uma resposta à altura: Já estive sim! 
Na verdade é verdade que sim pois a paixão dói e eu já tive muitas dores.
Tropeçando em palavras sorri e me disse que bom é sentir agora esta dor.


Sanzalando

9 de julho de 2014

desenhando

Traçando rumos, desenhando destinos e aplicando-me em finais felizes penso que eu sempre estive destinado a viver em presença um daqueles filmes dramáticos em que o galã é feliz de todas as formas mesmo quando descobre que a felicidade é um estado de espírito e não um fim absoluto.
Traçando rabiscos direitos, curvados e entre-cruzados descubro que as cicatrizes são recordações que não se perdem e os silêncios dizem tantas coisas.
Desenhando sonhos replico a minha felicidade ao mesmo tempo que desejo ser ainda mais.
Afinal de contas eu tenho tanto para descobrir que não sei se terei tempo para morrer de saudade.


Sanzalando

8 de julho de 2014

caminho de palavras

Sobre palavras vou traçando um caminho, às vezes recto outras vezes cheio de curvas, labirintos de pensamento encadeado em teias de sonhos. Caminho seguindo num em frente, feliz constantemente ,mesmo que as lágrimas escorram na cara; sorrindo sempre, mesmo que em frente seja uma fatalidade impossível; conhecedor sempre, mesmo que a escuridão esteja sobre os meus olhos.
Com as palavras eu sempre disse que lia de mais, que sofria de mais, sabia de mais ou vivia de mais.
Afinal de contas eu nunca soube ficar pela metade, nem no amor. Amo sempre mais. A julgar pela saudade eu sempre soletrei de mais mesmo quando ela era de menos. 
Sempre houve um desperdício de mim até me ter reencontrado nos teus braços e abraços, digo eu nas palavras que não gastei a desenhar o caminho por onde já me perdi.



Sanzalando

7 de julho de 2014

passeio palavras

Passeio palavras preocupado em não fazer pedidos ou oferecer dicas. No fundo de cada frase ou ideia pode estar qualquer coisa esculpida. Não é literatura nem um questão de procura, nem uma bóia nem um fogo de sinalização, é mesmo só palavras sentidas no coração e desenhadas na emoção dum explodir de coração.
Passeio palavras sem escrever uma estória nem contar uma história, sem soletrar desejos de engatar ou um beijo pedido, mas apenas para colorir um tempo de mim no vazio de estar.
Passeio palavras para não cair no abismo de escrever um texto de vida ou morte mas apaenas para dizer a sorte que tenho de ser assim como estou.
Passeio palavras para deixar uma pista para me encontrares quando deixares de tomar um banho de sol.


Sanzalando

5 de julho de 2014

até

Assim repentemente decidi não usar mais as palavras nem gastar mais o meu tempo. Até que num aparte, sem nexo, me lembrei dos palhaços todos que me cruzei nesta vida, sim, aqueles que me fizeram rir mesmo quando eu não tinha vontade, aqueles do tempo da escola até aos do dia de hoje. Até que tive saudades dos solilóquios entre mim e eu a recordar as viagens que fiz sem as ter feito, das vidas que vivi sem ter morrido.
Assim, num até já cancelei a decisão de não usar mais as palavras nem gastar o meu tempo, até continuar a ser feliz contigo. É que o tempo está a passar rápido de mais e eu preciso viver e ser feliz.


Sanzalando

4 de julho de 2014

achamento

Acho fazia tempo eu não me devolvia a mim. Ajudaste-me a entregar-me inteiro, ensinando-me que o comportamento de outros não me podiam afectar, mostrando-me que posso não entender o que me dizem mas devo perceber o olhar com que me olham.
Acho fazia tempo que eu não tinha tempo para mim e tu mostraste-me onde era o caminho para esse tempo, fizeste-me sorrir, fizeste-me reconseguir fazer sorrir quem me rodeava.
Acho que me fizeste pensar no que um qualquer outro fala mesmo quando não diz nada assim como me fizeste dividir a minha alegria, pequena que seja, por quem a não tem.
Acho que me ensinaste que eu posso não saber escolher como me sinto mas me ensinaste a resolver isso.
Acho que tudo assim falado, no meu silêncio, eu sou feliz.


Sanzalando

3 de julho de 2014

nublado hoje

Hoje parece carrego o mundo nas minhas costas. Hoje sabe-me bem um aperto de mão, olhar um sorriso ou sentir um abraço bem abraçado. Hoje apetece-me ver quem carrega um brilho de esperança nos olhos, uma luz de sonhos ou uma mão cheia de alegria. 
Hoje carrego o mundo nos ombros e ainda não percebi porquê. 
Hoje metade de mim são palavras e outra metade é silêncio.
Hoje apetece-me olhar para o lado e assobiar, sorrir à toa, porque não possuo a solução dos problemas. Mas talvez consiga contagiar um sorriso sorrindo.



Sanzalando

2 de julho de 2014

caminhar contra ventos

Caminho contra o vento que me atrasa o passo numa passada cansada. Sou puxado por força invisível, empurrado seria o termo, que me despenteia o cabelo, as ideias e me baralha o pensamento. Não adianta chorar que as lágrimas jamais correriam pela cara, pois este vento as levaria assim num repente que até podia parecer que eu sorria.
Caminho contra o vento dizendo que vou desaparecer, não vou esperar o tempo páre num stop de felicidade e viver assim num feliz para sempre, como uma ficção criada pela mente deturpada.
Caminho contra o vento tentando oferecer tudo e não esperar nada em troca, dizer ao mundo estou aqui feliz contigo, receber o teu abraço amigo, a tua carícia dócil, o teu olhar brilhante que me ajuda a respirar.
Caminho contra o vento desejando a minha alma relaxe e esqueça todas as horas de cansaço. Caminho sem esperar aplauso mas desejando continuar feliz num para sempre sem ficções ou outras fricções levadas pelo vento, trazidas por tempestades ou rebuscadas nas turbulentas pasagens dos filmes imaginados.
Caminho contra o vento para poder continuar a ser feliz.


Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado