A Minha Sanzala

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30 de outubro de 2015

autoretrato

Deu assim uma de voltar antigamente no mais agora. Imagina só subir a SOS de burra, ainda não lhes tinham inventado mudanças e a força das pernas era a desmultiplicação dos pensamentos para aguentar e não sair da chica e lhe levar subida acima ao lado.
Assim num repentemente eu queria descobrir o que é que me fez ser assim tão bondoso que lembro até de quem me chingava porque as orelhas pareciam era avião a aterrar.
Assim num agoramente me recordo que o vento que ondula as searas é o mesmo que ondulava o capim do deserto uns dias depois de chuva miúda que tinha caído e inundava as ruas da cidade quadriculadamente desenhada e sem essas modernidades de saneamento.
Assim num instantaneamente sonhei acordado com os lábios que pela primeira vez se encostaram nos meus.
Assim, num ápice, voltei uns anos atrás e desenhei-me numa folha de papel.



Sanzalando

29 de outubro de 2015

Obrigado, simplesmente lindo

Que belo e grande texto eu poderia por aqui espraiar. Mas eu ainda não aprendi a escrever para escrever assim, pelo que, usando as poucas palavras que sei, aquelas que o professor Amaral teve a gentileza de começar a me ensinar e que outros bem mais tentaram e ainda hoje tentam, eu quero dizer que ontem eu tive saudade. Sim, esse sentimento tantas vezes doloroso porém também significa alegria. Pois se a gente sente a falta de algum pedaço da nossa estória e porque valeu a pena e a gente quer reviver esse momento assim num novamente.
Eu ontem senti saudade de ser criança, de fazer aquela festa no quintal e juntar gente à minha volta.
Mas ontem senti-me feliz com a prova de carinho enorme que as novas tecnologias me proporcionaram. Acho que não faltou forma nenhuma de me chegar carinho. Já sei que faltou uma, essa que já não se usa faz tempo: a carta perfumada vindo pelos correios.
A todos o meu muito obrigado e vos trago no coração.


Sanzalando

26 de outubro de 2015

Memória sem ramo

Olho o mar que teima em parecer bravo. Espumoso, barulhento e espraiando-se como que violentamente na areia e atirando a maresia até mim. Não me trás nenhuma mensagem nem recorda nenhuma lembrança. Olho à volta e vários somos os que desde aqui de longe vamos olhando admiradamente. Devem ter eles mensagens ou lembranças e nada sobrou para mim. As folhas continuam nas árvores e os parques estão cheios de gente que brinca ao tempo no tempo que tem.
Está a fazer anos que eu pensava que a vida fora deste mar era mais bonita que a vida que eu iria viver nele. Talvez tanta coisa foi acontecendo que passados anos eu me lembro como se fosse hoje das caras, dos sorrisos e gargalhadas, das surpresas e abraços, das certezas e dos cansaços.
Olho o mar e vejo a conterra com um maboque a sorrir-me.
Vejo tanta gente bonita a gostar-me.
Mas as folhas continuam nas árvores e o mar não me trouxe nenhuma mensagem.


Sanzalando

22 de outubro de 2015

todos os caminhos

Todos os caminhos são curtos, mesmo que nos levem a lado nenhum, mesmo que nos obriguem a dar voltas sobre um eixo imaginário.
Todos os caminhos são fáceis mesmo que por escarpas ou nuvens tenhamos que passar.
Todos os caminhos que usarmos são os nossos caminhos, pelo que mais vale sorrí-los que lamentá-los.
Todos os caminhos são claros mesmo que os façamos nas noites sem lua ou de tempestade.
Todos os caminhos nos levam à memória. Mais cedo ou mais tarde!


Sanzalando

16 de outubro de 2015

altamente tecnico

Seguro o meu notebook, aprendi palavra estrangeira para dizer uma computador verdadeiramente portátil. Mais coisa menos coisa. Por aqui vou ficando a saber como está o mundo mas ao mesmo tempo o mundo não sabe como estou eu, o que pode parecer uma pena ou descano, conforme as diversas e possíveis opiniões.
Pois bem, no meu notebook eu procuro notícias da terrinha que fica para lá da linha curva que separa o que os meus olhos vêem e o coração sente. Coisas de alta tecnologia que um sábio vai aprendendo a usar com mestria de aprendiz.
Mas na verdade eu confio em mim, sei que vou aprender, inclusive a escrever. Tudo porque me disseram que confiança é como vidro. Se parte, não importa se tudo fica direito que nem puzzle da Majora, porque na verdade ele nunca mais vai ficar direito e as marcas da cola nunca desaparecerão.
Por isso eu tenho confiança que vou dizer as coisas certas nos certos momentos, porque as coisas certas são ditas com o o coração e é invisível aos olhos incrédulos.



Sanzalando

14 de outubro de 2015

Notificação de extinção

O telemóvel vibrou. Novas tecnologias em escrita inteligente mandou-me uma mensagem.
Desconsegui perceber o que me queriam dizer. Respondi um Como? e devolveram-me 'o que te apetecer'.
Conversa de surdos, pareciam-me, pelo que resolvi não replicar.
Foi então que me lembrei que devo ser um ser em vias de extinção. Estava qualquer coisa escrita como que: bons estão em vias de extinção. Pensei. Repensei. Eu sou um gajo literalmente bom. Estou extinto e não sabia.
É melhor ficar a olhar para a memória daquele aparelho que levantava e esperava um pouco até alguém me perguntar para onde queria ligar

Sanzalando

12 de outubro de 2015

wi-fi

Virado para as tecnologias, procurando sempre um wi-fi livre, dou comigo a tropeçar em amigos que circulam na vida, que deambulam nas ruas virtuais de solidões com estórias esquecidas ou escondidas em falsos sorrisos, e lá vou eu seguindo sem estórias para contar, porque as minhas são verdadeiras mesmo que ainda não tenham acontecido.
E não é que num wi-fi em encontrei-te sorrindo-me como que cativa. Somos cativos um do outro e sem termos de sair de férias.
Foi assim que aproveitando este wi-fi eu digo que resumo a nossa estória num verbo que conjugo em três tempos: amei, amo e amarei. Vai ser assim num motor de todos os tempos.
Por favor, não desliguem o wi-fi


Sanzalando

9 de outubro de 2015

tecnológicamente

Assim num modo de altamente tecnológico eu seguro o teu corpo num abraço e no meu peito faço o teu leito de repouso. Suavemente passo os meus dedos  no teu corpo, beijo o teu pescoço e quando abro os olhos vejo que sorris.
O meu coração bate devagar, relaxado, sereno como que seguro.
Afinal de contas eu estou aqui a sonhar com a realidade enquanto não chegas e eu tenho medo da escuridão fria da solidão.
Afinal de contas sou refém num motim inventado por mim enquanto não acendes a luz com a tua chegada e o brilho do teu sorriso.
Assim, tecnológicamente, o meu abraço te aguarda.


Segura meu corpo dentro do teu abraço. Faz da minha alma a tua moradia. Estrelaça nossos dedos, não solta a minha mão. Faz cafuné, carinho no meu rosto. Beija-me intensamente me levando até o céu. Deita minha cabeça no teu peito pra acalmar meu coração. Tenho medo do frio da escuridão. Sou tua refém e você é o motivo da minha alegria. Acende a luz do meu olhar antes que as estrelas leve o brilho do meu sorriso.


Sanzalando

7 de outubro de 2015

selfie

Queria tirar uma selfie. Essas fotos da gente mais no mesmo, braço esticado ou modernamente com stick. Uma vez e olhei, admirei e apaguei.
Estava a sorrir.
Mais uma vez. Outra e outras tantas mais que se fosse num antigamente de rolo a revelar eu não sei quando eu lhas ia ver.
Apaguei todas num todo. Eu estava ou de brilho nos olhos, ou de cara feliz ou só transparentizava raios de luz.
Não posso fazer uma selfie assim, pensei com a minha t-shirt que por mero acso não tinha botões para comigo pensar.
Foi assim que parei comigo a contar números impares quando a tendência é para se gostar de números pares. 
Se eu não estou sozinho, não sou impar e nem sei se sou par e ando para aqui a tentar tirar selfies mesmo por causa de quê?
Sorri e fui transparentizar a minha felicidade por aí num lugar qualquer com o sorriso dela desenhado na t-shirt que por acaso não tem botões para pensarem comigo.



Sanzalando

6 de outubro de 2015

em resumo de vida

Bebi uma tonelada de café para acordar para a vida. Tremi, é verdade. Transpirei ansiedade por quanto era poro. Gaguejei palavras que nunca saíram porque embarguei a voz em nós de desespero.
Afinal de contas também usei um mapa de península ibérica para encontrar uma aldeia de 5 pessoas. Perdi-me vezes sem conta e de que valeu parecer-me com um durão se não conseguia seguir em frente sem olhar para trás?
Com tudo isto aprendi que amar é uma arte e eu nem sempre soube ser artista.
Saio do elevador que me transporta na verticalidade e ouço vozes vindas dum além que mais não é que um muito aquém da felicidade. Desisto? Nem que as sombras me pareçam trevas!
Agora nem por nada deste mundo ou qualquer outro eu te quero perder. Eu sei que seria duro te soltar deste meu amor porque imagino que qualquer outro seria melhor que eu. Eu sei que às vezes até o céu chora.
Tu de perto és um amor e de longe uma saudade que não tem medida.


Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado