A Minha Sanzala

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26 de março de 2018

por primaveras fora

Brilhou o sol e o vento, por vezes de rajada e outras de carícia, mostra-me a Primavera. O marulhar embala-me o corpo em emoções e a mente em divagações. Tenho corpo, tenho mente e tenho respeito, já fui utópico mas não deixei de acreditar em sonhos. Vivo e quase morto me senti, levantei-me e caminhei em frente agarrado ao sorriso que não abandonei, transporto a esperança de amanhã me reinventar se for preciso e se me perder logo me encontrarei.
Na verdade, seja Primavera ou outra estação qualquer, não me dou por parcelas, nem estou quase a me entregar. Tudo ou nada. Sou terno mesmo sabendo que nunca serei eterno. Vivo mesmo sabendo que um dia não. Amo mesmo sabendo que tem dias pode doer.
Brilha o sol com vento a rajar e o zulmarinho por ali está a me testar.


Sanzalando

23 de março de 2018

Chove, que pena

Aqui me deixo embeber em sol, saborear maresia e caminhar ao som do marulhar calmo e sereno da Primavera.
É de bom tom questionar-me, sobre tudo e sobre nada. Não por demência mas talvez por paciência, pergunto até ao limite do conhecimento. Sei. Não sou fácil porem na Primavera facilito-me, e respondo-me às incríveis dúvidas do dia a dia. É chato ser assim? nem por isso. Mudava-me. Não quero saber de notícias ruins. Sou positivo. Não quero saber se chove. Faz-me sol.
Eu nasci com o sonho de ser livre e sou-o mesmo que o medo interfira. 
Pena mesmo é que chove.


Sanzalando

22 de março de 2018

Primavera

E num repente começaram a nascer flores, transparecer sorrisos nas caras outrora taciturnas e o sol brilhou. É, chegou a primavera com hora marcada e tempo mudado. Até parece que nasceram constelações de olhares felizes. 
Os casacos e gabardines foram guardadas. As indisposições esquecidas. Abriu o tempo num tempo de brilho solarengo. 
Afinal, também as estações do ano são curtas para a gente ficar a sofrer um constante inverno. Ciclicamente o sol brilha e brilham os olhos  de quem olha. Nascem flores de alegres cores onde outrora havia lama castanha e feia.
Só foi a Primavera que chegou.

Sanzalando

19 de março de 2018

Num dia do pai

Eu sou pai que também é filho. Mas por coisas do destino não sei se alguma vez tive oportunidade ou saber para lhe dizer lhe gosto ao ouvido, assim como tantas outras coisas que eu queria lhe dizer e que acho não lhe disse uma única vez. Eu sei, meu pai, que sempre tiveste esperanças, novinhas em folha, que eu não ia desistir de ser quem sou, que eu jamais ia esquecer as verdades e confundir-me em mentiras, que eu iria congelar-me em ideias preconcebidas ou enlamear-me em mentiras. Eu sei, meu pai, que tu sempre soubeste que um dia eu usaria as palavras  (que quase não tiveste tempo para me ensinar e que porém me passaste nos genes)para descrever a vontade enorme de ser feliz, as coisas boas que dão certo e os sonhos de alegria feitos.
Eu que sou pai e também filho não abro a mão de ser feliz mesmo que para isso eu tenha que ser descrente absoluto que sem esperança não há vento que empurre uma vela nem gente que invente a melancolia só pelo prazer de ser um apagado evento.


Sanzalando

16 de março de 2018

vivo hoje porque amanhã posso não ter tempo

Hoje o tempo parece virou sandes. Faz sol e depois chove e volta ao mesmo e eu estou que nem abre e fecha guarda-chuva. Olha a vida era assim? Abre fecha e fecha e abre. Bolas a gente cansava. Mas não é e ainda bem que a rotina é excepção e eu cá vivo hoje porque amanhã posso não ter tempo. 
Vejo o zulmarinho marinhando pela falésia a me gritar com perdigotos de espuma e eu respiro o sabor de maresia com um sorriso que acho lhe irrita ainda mais. Ah, pois é, ele devia estar a pensar que eu era pessoa de lhe dizer adeus e ficar aqui a lhe olhar medroso. Não, lhe olho nas ondas, lhe respeito, mas não tenho medo; tenho mesmo é muita consideração e estima.
E daqui deste meu estar vou vagabundando pensamentos, ideias, memórias e sonhos e construindo o meu mundo de hoje que tem alguns traços de passado e esboços de futuro. Mas o hoje está presente, vivente e profundamente absorvente. 
Hoje o tempo viro sandes e eu vivamente vivo-o.


Sanzalando

14 de março de 2018

Arthemis faz anos.

Arthemis faz anos. Se eu soubesse fazer desenhos fazia aqui um de passado com cores de hoje; desenhava memórias com gosto de presente, coloria com sorrisos aqui e ali salpicos de mimos e quem sabe não conseguia desenhar a lapis de cor a palavra AMIZADE


Arthémis faz anos

13 de março de 2018

Chove não tropicalmente

Chove meia dúzia de dias e eu já digo que chove sempre. Me imagino atolado na lama, fazendo esforço enorme para caminhar, perdida a capacidade de sorrir, esquecida a capacidade de inventar, disparatando os meus segredos sem nexo e calma perdida. Chove há meia dúzia de dias e parece-me uma eternidade. Caminho encolhido, cara fechada sem saber onde pôr o pé num caminhar indeciso. Chove não tropicalmente. Apagaram-se as sombras e expressões da minha cara. Fizesse sol... eu reaprendia rápido, inventava palavras, buscava forças e encontrava os pedaços de mim que havia dispersado por aí.
Chove frio e venta forte. Sinto tremores de lama, moldes de barro me mumificam. 
Bem vistas as coisas ainda sou capaz de sorrir porque não chove frio dentro de mim.


Sanzalando

10 de março de 2018

Eu por aqui à vela

Me deixo levar pelo vento. Faz tempo não me sentia assim como que a levitar levado de rajada em rajada. Se tivesse de calções, noutro ponto geográfico mais a sul e, se eu soubesse escrever, diria qie estava a fazer acumpuntura com os grãos de areia fo deserto. Mas como estou aqui mais a norte, eu levito em meditação de pensamento em pensamento, de recordação em recordação, de memória em memória, como se fosse a mimha primeira vez. Sou feliz assim, mesmo que o vento me arraste pelos cabelos, mesmo que a chuva me encolha a área de acção, mesmo que a força já nao seja a mesma e mesmo que o sonho tenha perdido um pouco da cor.
Me deixo levar pelo vento.

9 de março de 2018

destino

Chove que nem céu desaba sob a terra. Venta quem nem sopro varrendo as folhas caídas. E eu que queria ver a lua.
Assim, medito no marulhar perfumado de maresia e me pergunto se existe destino. Acho que sim mesmo que me acreditar nele. Há pessoas destinadas a conhecer-me, há lugares destinados a ver-me, há vidas destinadas a viver-me. 
Pelo menos há a palavra destino e essa sussurro ao teu ouvido assim tenha oportunidade e o vento mar não me roube o zulmarinho que hoje é mais branco porque assim está destinado



Sanzalando

6 de março de 2018

vento desnorteado

O vento sopra em rajadas, arritmadas e desnorteadas. Às vezes parece é do norte, outras sueste e outras tantas só sei que sopra que quase me arranca os frágeis cabelos que tenho. Esta coisa de inverno não foi feita a pensar em mim. Até o zulmarinho tem mais branco espuma que azul mar e acontece-me o que eu tinha medo um dia acontecer-me. Acontece eu parar. Parar de admirar, de deixar o meu coração falar mais que a razão ou bater mais forte que até parece vai parar. Acontece que tudo parece abalar as minhas estruturas, definhar de estatura, arredondar a formosura. 
O vento sopra como que me avisar qual o caminho do tempo e o uivar do vento mostra-me o tempo que tenho e aquele que eu deixo escorrer por entre os dedos que não têm mais a firmeza de antes.


Sanzalando

2 de março de 2018

É inverno porém verão dentro de mim.

Sopra vento forte que se eu fosse barco à vela correria, porém aqui estou no meu canto meditando com o uivar do vento na falésia e o marulhar raivoso me embala. 
O zulmarinho parece me quer agarrar tal a força com que bate e verticaliza-se.
Deixo-me levar suave e docemente por passeios outrora passeados, por caminhos antigamente percorridos ou por sonhos que espero alcançar. Sigo-me agarrado ao amor, essa coisa linda que a gente tem lá dentro e que às vezes nos faz ver mal, sentir mal ou mal pensar. Mas é lindo, é florido ou borboletamente colorido. Deixo-me levar, quão fácil gente sou.
É inverno porém verão dentro de mim.


Sanzalando
recomeça o futuro sem esquecer o passado