A Minha Sanzala

no fim desta página

16 de abril de 2024

e tu, já sorris?

Parei no tempo. Hoje voltei atrás e parei no tempo. No dia em que eu me vi com olhos de ser gente. No dia em quem o amor saiu da obscuridade cósmica da minha inexistência como adulto. Voltei atrás, ao dia em que te vi. Se calhar teria sido melhor ter parado no último dia em que te vi. É que assim tenho muito para recordar-te. 
Foi naquele dia que passamos a ser colegas de turma das aulas da tarde. Me olhaste e me sorriste. Quantas vezes já me tinhas visto do vidro de trás do lado direito? Eu tinha sido inúmeras... tantas as vezes quantas eu percorri a cidade porque sabia que ias passar ali no tal do passeio dos tristes do fim de tarde de todos os dias da semana. No último dia que te vi só ia lembrar o NÃO que me disseste quando me ia dirigir a te cumprimentar. Ao mesmo tempo do Não deste-te as as costas e ignoraste a minha existência. E tinha acabo. Agora no primeiro dia que as nossas vozes se cruzaram ao mesmo tempo que os olhos... é obra do diabo. Com muito diabo pelo meio. É mesmo para fazer sofrer os anos de amor platónico que me querias obrigar até acabares de estudar. Longa vida de espera ia ser a minha, mas me faltou a paciência e num relâmpago mental me deste uma berrida que mudei de vida num segundo. Mas os nossos amigos continuam a ser os mesmos. 
E tu, já sorris?


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15 de abril de 2024

nos meus antigamente

Nos meus antigamentes, em que andava de calções e chinelos feitos de pneu dum carro velho, piso careca mas cómodo de andar, eu tinha manias de ser boa pessoa para toda a gente. Podia não ter para mim, mas eu dava e se não dava faz conta ficava a dever em remorso. Era tipo boa gente, não era tipo pessoa de yo-yo que sobe e desce umas vezes até que desaparece no esquecimento da brincadeira. Eu era mesmo presente no presentemente de quem queria. Eu hoje tenho saudade de não poder mais ser assim, porque tem gente que partiu antes de mim, faz de conta foi água de barragem embora e eu fiquei ali aprisionado.
Nos meus antigamentes de ser eu, era que nem agora. Mudou o cabelo e o penteado, mudaram os kilos e as formas, mudou o andar para uma pouco nada prático devido ao reumático, mudou o olhar por esforço de ver. Desmudei a forma de ser porque desconsegui ser outra pessoa, embora eu não consiga ser um consertor de pessoas como cheguei a pensar ser


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14 de abril de 2024

ter tido passado

Não é fácil ser eu. Ter de me aturar um dia inteiro e anos a fio, não tem sido tarefa fácil. Mas desconsigo fazer diferente. e para fazer diferente escrevo. Escrevo por desespero e para meu descanso. Se não fosse eu descarregar em palavras o pouco que sou eu morreria simbolicamente toda a hora e nunca teria oportunidade de dizer que valeu a pena ter o passado como tive.


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12 de abril de 2024

Era eu e o banco de jardim e mais as minhas complicações.

Me sentei num banco da avenida da Praia do Bonfim. Essa praia que não sei onde fica deve ser mesmo de muito importância para ter aqui a avenida mais importante com o nome dela. Mas quem fez essa avenida fez bem. Tem caramanchão de buganvília, tem bancos compridos para quatro pessoas conversarem. Está mesmo agradável com aos seus canteiros ornamentados com flores coloridas e tem daqui e ali uns bustos que parece aquelas pessoas só tinham era cabeça e o corpo era de esconder. Mas eu agora  estou aqui sentado não é para apreciar a vista. é mesmo só para pensar. A esplanada da Oásis ou do Avenida está confuso porque eles estingam uns aos outros nas discussões que vão desde o futebol, às garinas e até assuntos que nem o diabo se tinha lembrado. Aqui estou sozinho e tenho vagar e calma para descascar os pensamentos até ficar só com a raiz e o fruto dele. Nesta minha adolescência eu tenho de tomar decisões importantes pois de contrário ou vou ser mais um na minha idade da minha cidade que não é mais nada que isso, mais um. 
Olho os teus olhos castanhos, a tua face sem sorriso claro e espontâneo, traduzo o brilho do rei olhar, as contrações dos músculos da tua cara e interpreto o que me dizes. Tenho de estudar mais, tenho de me afastar da vida de café e bilhar, das noites de conversa, das tertúlias de intelectuais de adolescentes armados aos cágados de gente grande.
Aqui sentado, com o pensamento nos teus olhos, com a memória na tua cara, com a gravação mental das tuas afirmações ditas tantas vezes entrelinhas, eu sinto medo. Ainda bem que estou aqui sozinho e ninguém nem vai reparar. Reflete-se na minha frente a imaginação do teu olhar e eu até que fiquei com medo de um dia dizer que te gostava ao ponto de te amar. No pensamento gaguejei de temor. O teu olhar era intenso, a tua expressão era grave. Eu tinha de mudar de vida que a minha vida fácil não me ia levar a lado nenhum. E eu sabia que sem ti é que não ia mesmo a lado algum. Estudar fora estava posto de parte que a mãe não ia ter dinheiro para mandar na capital. Eu vou ser funcionário público ou empregado bancário. Era o destino familiar. Mas eu quero mais e sei que me queres muito mais. Já fizeste que as minhas notas no liceu se mudaram para grandes notas que até a minha mãe está a pensar que eu anda a fazer batota ou a não lhe contar verdades. Mas isso não é importante. Importante é mesmo que é que eu vou fazer quando tu fores na Universidade e eu ficar aqui a fazer o mais do mesmo do resto. Mas quem sou eu que não me estou a reconhecer. Nunca tinha posto as coisas nesse campo. Era um dia de cada vez e depois logo se ia ver. Será que a trua forma crua de me ver fez mexer alguma coisa dentro de mim? Meus demónios acordaram e me tornei mais ambicioso? Queres ver eu te gosto ao ponto de não te querer perder nessa de Universidade?
Nem o sossego do banco de jardim me está a trazer ideias sólidas de pensar direito. Isto está a fazer tremer o meu esqueleto e a minha cabeça anda à roda parece entrou num carrossel. Queres ver que friamente me apaixonei e adultei desta forma de pensar o futuro. Desconcentro-me sem solução na ponta do cérebro. Os teus cabelos castanhos compridos esvoaçam na minha cabeça, me distraem e me desconcentram, os teu olhos castanhos me fixam e me trazem à minha realidade e aos meus medos. Ser adulto é ser assim? Acho melhor é eu fugir para o meu estado de ser criança e dali não sair. Os adultos que pensei uma solução para mim.
Mas entrado nesta forma não consegui me livrar. Era martelada constante no pensamento. Era tristeza permanente não encontrar solução.
Não quero amar-te, não quero ser adulto e não quero pensar mais. Me deixem estar na minha forma simples de ver a vida. 
Eu já tinha experimentado o amor e não me estava a conseguir libertar. Eu queria ter um novo futuro. Eu queria ser mais que o resto da família e eu queria te levar comigo e não era só dentro da imaginação. Eu queria te ver feliz e sorrindo mesmo que a memória não me tenha deixado nenhuma imagem dessas. 
Era eu e o banco de jardim e mais as minhas complicações.



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9 de abril de 2024

desconstruído em memória

Me deixo desconstruído na adolescência, no tempo em que tu, kota minha mãe, me criticavas por eu ser assim que nem discutir sabia. Era pela perfeição, pelo certo e errado das vossas instruções e lições, sem ter tempo de criar as minhas bases e afundar os meus alicerces no granítico solo da personalidade. Era assim como vocês diziam e eu ia discutir mais o quê? Se calhar eu devia ter sido assim mais duro com as pessoas que me rodeavam e resultaria dali algumas inimizades e desamores que nem os que eu sofri. Assim o partido foi o meu lado. 
Não, kota mãe, não me estou a queixar nem a lamentar. Só mesmo a constatar que a minha aspereza tem razão de ser e os meus sorrisos abafados estão sepultados nas infantis tristezas desse tempo faz quase um século que enterrei no quintal, de baixo da figueira onde depois plantei um feijoeiro que dava feijão que alimentava a casa inteira de bem adubado com tanta lágrima chorada. Nessa altura, kota mãe, eu não tinha essa coisa do ego nem de presunção. Era só mesmo o teu filho sorrindo e levando a vida que queria sem mais queixume ou tristeza.
É, kota mãe, o que eu tenho mesmo é saudades de tu me afagares o cabelo cortado à escovinha no sr. Olímpio e tudo o resto é memória.



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8 de abril de 2024

cidade quadriculada

Depois de eu ter percorrido todas as ruas quadriculadas da minha cidade a minha alma me pergunta: e agora?
Ganhei o direito a dizer que te conheço em todos os cantos, que acariciei a tua beleza em todo a tua extensão. Ganhei o gosto de te dizer que te gosto em cada esquina. 
E agora?
Como posso eu percorrer mais de ti sem ter repetido a minha admiração? Percorri a tua longa jornada, te amei em cada pedaço de rua, em cada esquina e em cada travessa. A minha alma ficou igual e eu mais rico porque possuo um pouco mais de ti, cidade quadriculada do meu encanto.


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7 de abril de 2024

morrer de amor

Ai uê. Vou dizer que estou a morrer de amor? Que nada, vou só poder dizer que de amor se vive. 
Nos meus tempo de eu pensar ser adolescente, cações de pano e suspensórios, sandálias feitas no Estregildo, percorria acidade inteira a ver se a conseguia ver. Eu morria de amor. Mas era um amor assim a dar para o cansativo e muitos quilómetros depois eu arfava que nem parecia estar a sobreviver a tanto cansaço de amor. Quantas vezes eu percorri aquela cidade a pé a tentar saber onde estavas, antes de mudares de casa para aquela que eu dominava desde as ameias do meu castelo, sentado na cadeira de aduelas do meu avô?
Lembras onde moravas antes? Eu percorria várias vezes no dia esses caminhos. E quando estavas a jogar ténis no único campo que lá havia? Era um atleta de amor. Eu corria por paixão. Eu não morria. 
Portanto eu posso afirmar por formula matemática que nunca morri de amor.


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6 de abril de 2024

saudades de adolescência

Nem noite nem dia. Era assim um fim de tarde que a noite ainda não tinha chegado para passar aqui umas horas connosco. O Cacimbo ainda não tinha começado e o verão ainda não tinha mesmo ido embora de todo. Ele aparecia assim faz de contas só para dizer que agora está calor mas daqui a pouco não vai estar. Eu tinha o pulôver vestido porque com o frio não se brinca, era o que a minha mãe sempre dizia. Eu esperava vê-la hoje. Eu tinha saudades. Estas idas dela à tugália deixavam-me angustiado. O tempo parece não passava. As mapundeiras já foram embora. Os da Oásis continuam iguais ao mesmo e o bilhar continua a ser uma lotaria de perde paga. Falta aqui qualquer coisa. Os mergulhos na praia já não se dão mas não é isso que faz falta. As brincadeiras no parque infantil também estão na ordem de cada dia. Bolas que tu não podes ter ido para sempre. As tuas janelas estão abertas. Voltaste. Penso eu que ainda não te vi e ninguém a quem eu perguntei te viu ou me soube responder.
Adolescência, adolescência. Ainda vou ter saudades de ti.

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5 de abril de 2024

eras a perfeita

Às vezes, altas horas da noite ou baixas horas da madrugada, quando o mundo dorme eu me encontro junto à minha almofada a fazer revisões de conversas passadas, de velhas estórias de vida e, o silêncio ensurdecedor da noite, é a companhia que o meu coração sente. Ao recordar mil pedaços de mim parece que sinto um odor a novo, um rejuvenescer de memórias, um escalar de novos sonhos cabeça acima.
Às vezes, quando o ruído do trânsito é intenso eu me perco no meu silêncio e me deixo ir para lá da recordação e chego ao sonho, aquele desejo que não foi satisfeito e uma lágrima se perde deixando um sabor a sal. Não é tristeza, é só a total incapacidade de poder fazer tudo direitinho como uma vez, mais que uma vez, tu exigias que eu fizesse e eu fugi até num hoje qualquer. Incapacidade. Não foi porque não tentei. Foi mesmo incapacidade de ser o perfeito. 
Tu eras a perfeita, quanto mais não seja idiota, por me teres perdido.



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3 de abril de 2024

programa K'arranca às Quartas de 03 de Abril de 2024

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - 03 de Abril de 2024. 

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Krónica 5 de 03 de Abril de 2024


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Os Transparentes


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Clima agradável no quadriculado

O quadriculado até que tinha clima agradável. Não fazia aquele calor escaldante de ferver a transpiração. Fazia calor sim, mas a gente que aguentava. Não andava descalço no alcatrão se não ia parecer tampinha de cerveja enterrada nele e sem pele nos pés. Mas noites frias fazia frio mesmo de usar casaco mas era casaco que pesava pouco nos ombros. A gente tremia mas se aguentava. Quando fazia cacimbo até que parecia era cortina da casa da avó fechada na janela. Não se via nada de mesmo nada. Avó obrigava a vestir casco porque ficava muito úmido que até parecia era molhado de chuva. O mar tinha boa água menos quando fazia calema parecia era mau e a sua temperatura era assim a dar para o fresco. Quem queria quente tinha de ir no esquentador de casa.  
A minha cidade quadriculada era agradável, menos nos dias de vento. A areia picava nas pernas que parecia mar cheio de pica-pica. 
Eu sou da minha terra e vou dizer mais o quê? Te vou dizer que não sou e parecer estou a trair a minha consciência, só porque o clima dela não te agradou?


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2 de abril de 2024

eu e a música

A música é o refugio que necessitamos para deixarmos correr o tempo sobre ele mesmo. Eu sempre tive jeito para a música. Ela é que não sai nada de jeito quando feita por mim. O defeito não é meu. É mesmo das sete notas que não saem de nenhum instrumento quando eu pego nele. E se por calhar por acaso duas notas concordantes o aparelho desafina no momento certo da minha presença e sai ruído. Eu sou bom tocador de ruído. Mas gosto de estar sentado a absorver música. Assim mesmo e só .Absorver literalmente a música que passa no rádio. Se me perguntares depois que música foi eu já esqueci. Naquele instante absorvi e esqueci os fogos deste e qualquer outro mundo. tantas vezes faço de conta que aquela música que ouço é uma carta que estou a escrever de lapiseira e papel como é que era antigamente. É lindo. Ouvindo música há todo um oceano de ilusões no meu cérebro em que eu nado os múltiplos estilos faz de conta sou atleta de bem nadar. 
Eu gosto de ouvir música e ela nunca me deu o prazer de me ensinar a fazê-la. Cada um está talhado para o que é. Eu e a música só tem um sentido. Felizmente para ela eu não sou insistente. Gosto de ouvir música

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1 de abril de 2024

Mar e março

Levanto-me da cama, lavo a cara faz de conta e corro até na praia. É março, não está a chover e as garinas a esta hora já estão na praia. Com as festas do Mar a decorrer um gajo quase nem tem tempo para descansar. Deita-se tarde e tem de acordar cedo para lhes ver a passear na praia parece é férias de verão do nosso contentamento.
Porque é que eu acordo sempre tão tarde. Eu deito cedo, ainda é madrugada, para compensar eu devia acordar cedo antes de almoçar e dava um mergulho, limpava os olhos e vinha almoçar. Se mamãe me vê a sair a esta hora vai já começar a mandar vir porque fica tarde para o almoço. Tenho de sair antes dela voltar do serviço. É muita pressão sobre este miúdo. Assim quando for adulto vou ter consequências. Digo eu que ouvi qualquer coisa nesse sentido de trauma de infância.
Mas eu tenho mesmo que ir ver a praia e controlar ela está cheia ou não. Às vezes nem tem espaço para uma futebolada desses mais velhos que lhes falta o respeito para quem está só ali a ver as vistas
É mar e março, é festa e muitos mergulhos.

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27 de março de 2024

saudade

Me perguntam se eu sofro de saudade. Eu não sofro de saudade, eu sinto saudade dos momentos em que estive, das vidas que vivi, das correrias que corri. Eu sinto, não sofro. 
É verdade que tem momentos em que me invade a tristeza porque tenho que apanhar os fragmentos quando algo parte o meu coração ou fere o meu cérebro, tendo que os rejuntar, curar e compor as minhas responsabilidades. Mas isso não estraga as minhas saudades porque nesse momento eu aprendi qualquer coisa e quando se aprende não se magoa, revive-se. Na verdade eu tenho muitos momentos de reviver e se tenho vontade de os fazer eu faço sem sofrer, apenasmente revivo para trazer ao presente algo do meu passado. 
Não me importa o passado de outrem desde que não seja roubado do meu. Eu gosto dele e sinto saudade, porque sem ele eu hoje não seria eu, mas talvez seria uma manta de retalhos de passados alheios e aí se calhar eu ia sofrer saudade de não ter o meu passado.

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26 de março de 2024

viagem de sonhos e outras formas

Deixo-me embalar em sonhos e viajar por fantasias, visitando terras, nadando em rios ou simplesmente a ver o nascer do sol. Deixo-me ir ao sabor da imaginação, sem querer que reparem em mim, que percam tempo comigo ou ouçam as minhas mentais canções. Sou solidão na vagabundagem dos meus sonhos, na mendicidade de afectos, na alegria dos olhares encerrados, porque gosto de viajar sem me preocupar com malas, sacos e sacolas, corridas e cansaços, dores e sonos. Sou a minha própria existência, uma retrato da minha presença. 
A minha solidão e a minha saudade não doem porque voluntariamente me transformo num vazio existencial de imaginação interterritorial.


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25 de março de 2024

viver a vida

Seguindo um conselho dado nem me lembro por quem:
«Um Conselho para a vida:
Vive-a»
E assim tenho feito. Pé ante pé, dia após dia, vivendo cada um, sem estar à espera que amanhã o sol nasça. Eu sei que há pessoas que são o meu lugar favorito e com elas vou compartilhando momentos, instantes, sem pensar que o longe é distante ou o junto é encostado, sem ter formas de medir distâncias ou carinhos. Cada dia vou sendo eu nesses instantes de modo a que juntando instante a instante dê uma qualquer unidade de tempo. Imagina só que um dos lugares favoritos gosta de andar à chuva, que é que eu posso fazer se não me molhar? Molho-me e cada instante é sorrir na festa da vida porque as coisas maravilhosas têm tendência a se multiplicar. Está na nossa positiva forma de ver a coisa.
Tem coisa que desconsigo fazer: é não expressar o que sinto. É que sentimento não tem palavra nem consegue ter telepatia.
Eu não quero ter exaustão de vida na minha maneira de ser e estar.

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22 de março de 2024

agradeço ao tempo o tempo que vivi

Faz tanto tempo e eu ainda sinto tanta falta. Estás quase a fazer anos, deves estar grisalha, uma ou outra ruga. Deves manter-te esguia, costas direitas, cara fechada para não mostrares o que te vai na alma. Hoje acordei e senti falta de te olhar. Fui à varanda mas tu não estavas na tua varanda. Já não temos as nossas varadas. Já não há varandas porque não temos tempo de estar ali a saborear o amanhecer ou o pôr-do-sol. 
Na verdade tu não envelheceste nada. Mantenho-te na minha memória com os teus vinte anos pois nunca mais te vi, nem uma foto tua apareceu no meu horizonte. Por artes mágicas, neste mundo que dizer ser pequeno nunca mais nos cruzámos e eu não sei envelhecer memórias por isso tenho-te na minha cabeça tal qual a última vez te vi.
Tudo isto a propósito de que eu tenho saudades de tudo o que me marcou na vida e, embora estes anos todos tenham passado, eu não posso esquecer que foste tu que me fez ser mais do que aquilo que parecia ser o meu destino.


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21 de março de 2024

parabéns filhote

Me sento a ver o mar. Esse zulmarinho que me encanta e me leva a voar pela imaginação numa interminável viagem à volta de mim. Dou comigo de caras a me procurar mentiras quadradas e triangulações de sonhos sonhados e fico feliz porque afinal desencontro-me. Rebusco-me ratoeiras passadas para desinfestar e desencontro-me com elas. Vasculho entulhos subterrados nas profundezas da memória à procura de desencantos e outros cantos arredondados e canso-me para nada.
Sou feliz porque faz anos hoje que fui pai pela segunda vez. Como posso eu encontrar migalhas, farrapos, desperdícios e gastos pneus da vida se os meus olhos brilham alegres.
Parabéns, Filhote


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Ler, Comunicar e Arte Médica no Agora



Arrancam no próximo dia 26 de março as Tertúlias «Saud”Arte», uma iniciativa desenvolvida pelo médico Juan Rachadell e pela psicóloga Sónia Silva, integrada no Projeto Humanidades Médicas. A iniciativa tem lugar no auditório da Unidade Hospitalar de Portimão pelas 19h00.

A primeira tertúlia, sobre o tema «Ler, Comunicar e a Arte Médica no agora», vai ser proferida pelo médico João Carlos Carranca, que para além da sua carreira médica na área cirúrgica é ainda escritor, tendo simultaneamente passado pela imprensa escrita e pela radio.

O Projeto Humanidades Médicas “pretende utilizar técnicas de Medicina Narrativa para melhorar a experiência partilhada entre os prestadores de cuidados de saúde e os utentes na ULS Algarve com a intenção de dinamizar atividades em áreas que juntam a Ciência e Arte da Medicina. A Ciência não inclui apenas a prática médica, mas toda aquela equipa, multidisciplinar e interdisciplinar, que com o seu correto funcionamento zela pelo doente e ajuda a recuperar o equilíbrio num momento de fragilidade e, mais importante ainda, o faz manter a saúde. A Arte a que fazemos referência é aquela beleza que conseguimos perceber através dos nossos sentidos na Literatura, Pintura, Cinema, Arquitetura, Artes Performativas e outras disciplinas, que nos emociona e que muda a nossa visão do mundo”.

O Projeto Humanidades Médicas, fundado em 2022 por uma equipa multidisciplinar e interdisciplinar, tem como objetivo fomentar as competências da empatia e entreajuda nas diferentes classes profissionais do hospital, entre si e com a população da região, tendo como objetivo final de melhorar a experiência dos cuidados de saúde para trabalhadores e utentes da Unidade Local de Saúde (ULS), mediante estratégias humanizadoras.

Um dos meios para atingir estes objetivos serão as Tertúlias “Saud”Arte” no Auditório do Hospital de Portimão, sempre na última terça-feira de cada mês, das 19:00 as 20:00 h, com temas enquadrados na intersecção entre a Arte e a Ciência. Estas palestras são de acesso gratuito, abertas aos profissionais da ULS Algarve, bem como à comunidade e população em geral, sendo que as mesmas serão também transmitidas online.






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19 de março de 2024

Dia do Pai

Acordei e recebi o desejo de feliz dia de pai. Saboreei-o como se fosse o primeiro dia de ser pai. Eu não vou dizer que a vida é um conto de fadas e que eu sou feliz todos os dias e que pai é para a vida toda cheia de felicidade. Também não vou dizer que eu sou a pai careta, avô birrento, mão de ferro e caricia de arame farpado. Eu não sou o príncipe que salva o mundo nem o carrasco que o prende. Sou eu que nem o eu de sempre, faz muitos anos que até tenho de fazer contas para não me esquecer. Cresci cada dia desde que sou pai, amadureci cada dia que passei a pensar no meu pai, arrumei-me de aprumo cada vez que me lembro que sou o dito filho de dito. 
Quando eu era pequenino eu pensava tu eras um herói que não teve tempo de se mostrar como tal. Hoje eu ainda não cheguei lá, ainda não consegui atingir o patamar que te coloquei. Achas, meu pai, que um dia eu vou conseguir chegar lá sem ter livro de instruções?


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18 de março de 2024

os hexágonos da marginal

Me sentei na marginal. Os hexágonos estão no seu lugar. Como é curioso que depois de tantos anos de mar em fúria a lhes bater eles não tenham fugido dali e continuem a sua função de aguentar esse mar? Devem ser assim que nem eu: gostam de mar. 
Acho que quando lhes fizeram ficar ali estáticos a levar com os dias maus desse mar tantas vezes calmo e sereno , lhes impuseram uma regra que mesmo chegado ao limite eles tinham de ali ficar. Eles, perfeito, todo este tempo ali se têm aguentado. Eles me ensinaram a ser persistente. Os hexágonos da minha marginal, onde um dia, apenas um dia, lhe fui lá pescar, me ensinaram que a persistência é a melhor das resistências. Eles resistem e eu lhes sigo. 
Tem duas saídas de esgoto, lhes imagino era futuro da época que deixou da funcionar faz mais que muitos anos. Mas até nós temos esgoto por onde deitamos no ar os pensamentos fedorentos da nossa imaginação. Não tem bela sem senão, dizia a minha avó que deve ter aprendido com a avó dela.
Mas os hexágonos estão lá e eu aqui a nos segurar o mar ou ao mar.


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17 de março de 2024

são tuas as minhas palavras

Vou por um aí degustando palavras como quem saboreia o vento num dia de calor. Com elas percorro desertos, desenho silêncios e rabisco coisas de pensar. Vou por ai pregando, com elas, aos quatros cantos dum quadrado as sabedorias que acumulei, as crenças que acreditei e as fés que tive. 
Soubesse eu mais palavras das que já gastei, em pilha de folhas que rasurei com um lápis mal afiado, e hoje eu era um palavreado de estilo e não um estilo sem palavras.
Vou por aí, ao teu lado a lado nenhum, com a minhas palavras que me dizes serem ditas por ti, braço dado, cantando e sorrindo, as palavras que soletrei para uma sebenta de capa vermelha que um dia te darei.
Sorriste. Sorri. Afinal de contas as minhas palavras são tuas, sempre!

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24-02-2016

16 de março de 2024

palavras

Deito-me na areia da praia de mil cores e deixo-me ir atrás de cada pensamento ou sonho, de cada momento ou ilusão. Vou de alma e sem corpo. Há coisas fáceis e outras difíceis de perseguir. Eu vou, porque só indo é que faz sentido. Podia ficar aqui deitado zerado mas não era a mesma coisa, não me deixo ficar no cansaço da mente. Eu vou atrás. Dum pensamento faço outro e por aí fora. Encadeando sonhos numa renda me faço vida, mesmo aqui deitado na praia das mil cores. É, amo-me sem espinhas, como dizia quando era criança e conseguia fazer algum feito notável: sem espinhas.


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15 de março de 2024

caminhando sobre palavras

Vamos caminhando nos nossos passos compassados, sincronia da palavra e ouvidos, interrompidos aqui e ali pelo marulhar mais forte de uma onda se atirando num suicídio contra a areia de mil cores. O zulmarinho nos serve de pano de fundo, fonte de inspiração, elo de ligação, corrente de afastamento, aconchego de mimos.
Lhe olho e os meus olhos enxergam a realidade e descubro que as montanhas de sal se desfazem com o vento ou com a água. Convenço-me que as palavras são como setas que uma vez disparadas não voltam ao ponto de partida. Lhe sinto nas suas lágrimas salpicadas e empurradas pela brisa que a luz me atormenta e que os risos estejam abafados.
Caminhamos no teu passo que a passagem se vai encurtando e chego quando chegar ao destino não predestinado Somente caminho no teu caminho para que tu possas ouvir as minhas palavras, os meus silêncios, os meus gritos, o meu choro, minhas gargalhadas. Tu és a razão de eu estar onde estou, mesmo que eu queira estar onde estou a pensar em estar onde não estou
Caminho deixando pegadas na areia fofa desta praia, final de zulmarinho que começa para lá da linha recta que é curva.
Caminho nas palavras porque nada é certo na certeza de ter sempre razão.

Sanzalando
01-05-2007



14 de março de 2024

Crónica 2 do K'arranca às quartas


Sanzalando

O Programa K'arranca às Quartas nº 8 - 13 Março de 2024

Programa de Rádio com palavras, livros e música - livro de hoje - O livro do Desassossego de Fernando Pessoa. 

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Crónica 2 do Programa K'arranca às Quartas

Programa de Rádio com palavras, livros e música  - Crónica de 13 de Março de 2024. 

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tem horas e momentos na vida

Quando realmente se cansa, quando honestamente chega o seu limite, quando já está seco e vazio, sem nada para dar e sem uma solução aparente que justifique tudo, é quando você aceita que já deveria ter saído há muito tempo?
Quando aquelas carícias que um dia tocaram na sua alma não te fazem mais sentir absolutamente nada além de uma certa rejeição, quando aqueles beijos pelos quais você morreu começam a tomar gosto de dor e quando naqueles olhos em que você se perdeu já não têm mais o brilho que via você começa a encontrar o mundo real.
A realidade é quando você aceita que não deveria estar ali. Nenhum conselho, nenhum exemplo ou testemunho pode fazer aceitar o que não quer.
É hora de realmente aceitar que deve partir, que deve deixar ir e começar a olhar ao seu redor com os olhos da verdade e não com os do amor que sua ilusão tanto protegeu.
Doloroso e devastador é quando chega o momento em que o seu próprio coração aceita e explica para si mesmo que chegou a hora de partir. 
A mente entende melhor, mais rápido, mas o coração demora, porque tem muitas cicatrizes  e não quer aceitar o ponto de ir embora, que não há mais nada que possa ser feito, que não tem mais forças para aguentar. ou justificar. 
É uma triste evolução da vida quando se está a acabar o inverno. É hora de mudar a página do calendário e ver se há pássaros a voar, borboletas no jardim e sorrir se ainda o souber fazer.



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13 de março de 2024

uma palavra

Eu estou certo que se disser palavras ao vento elas vão e se desfazem em letras e estas em pontos até ao micron ilegível do pensamento. E aí tenho um pensamento perdido, deitado fora ou simplesmente desistido. Se eu escrever essas palavras com a famosa tinta permanente da caneta me oferecida pelo minha família no dia em que me formei, essa palavra fica gravada para sempre num retalho de papel que se irá desfazer com a humidade depois de amarelar com o tempo e o significado ficou perdido na intencionalidade da escrita porque nenhum dia é igual a outro, nenhum momento é o mesmo momento de outro. Se eu te disser ao ouvido a palavra tu ouvirás e sentirás o sentimento que a palavra tem. Esta palavra é bem diferente das outras palavras todas que eu disse antes, embora eu só tenha uma palavra.


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12 de março de 2024

digo eu

Sigo no carreiro das palavras, silêncio nos pensamentos, ouvindo o mar como música de fundo. Não é o meu mar mas é a maresia deste mar que me liga ao mar de lá. É o silêncio que me leva aos sons de lá. É a palavra que lá que me dá a força para cá. É uma energia que chega por ondas magnéticas e outras estéticas porém às vezes de formas patéticas.
Cruzo-me com alguém que me diz:
- Você faz-me pensar...
Sorri, como sempre sorrio quando as palavras não saem, brilhei os olhos como que espantado, agradecido e massajado no ego.
Fiz cara de desentendido, tal como envergonhado
- Escreve cada coisa...
Mais surpresa para os meus ombros.
Faz horas que não escrevo porque ontem me calaram de espanto e para tanto me mostraram que eu devia ser culto porque gente culta não se escraviza. Olha-se e é-se sempre livre, até da ignorância. Gente culta tem vantagens.
Carrego palavras que digo a ti pelos cantos dum livro de poesia, prosa de encantos nos silêncios respiratórios que me fazem, como direi, pausas pensativas.
É verdade. A felicidade não se compra. Vive-se! Digo eu a olhar para uns gráficos negros que me turva o pensamento, mas acredito que não haja machado que corte a sua raiz.


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11 de março de 2024

Meus retalhos 28

Iniciada a cirurgia, era até uma cirurgia de ambulatório, assim com anestesia local. Coisa pequena de acabar e o doente ir embora. Estava a correr tudo bem, as mãos trabalhavam mas ambas as bocas não se calavam. Falava-se de futebol e deste para a política como se ambos tivessem semelhanças. Se calhar têm, eu é que nunca pensei nisso. Mas corte daqui, puxa dali, laqueia-se acolá e assim num não acredito no que vejo:
- Porra. gritei eu bem alto
- Que foi Dr.?
- Você está bem? Está tudo Tranquilo por aí?
- Aqui sinto umas dores, de você a cortar mas de resto tudo normal e a conversa até distrai.
Se o doente pudesse ver-me, através da barreira criada por panos esterilizados veria a minha palidez. Eu além de pálido devia estar transparente para além de mil vezes suado.
É que olhei para a mesa e tinha as duas seringas de anestesia completamente cheias e a gritarem-me que ainda não tinham sido utilizadas.
Eu só estava a fazer uma herniorrafia inguinal e sem anestesia. Claro que fui rapidamente corrigir o meu erro e tudo correu bem, até que o doente me disse:
- Depois do seu porra deixou de me doer.


Sanzalando

9 de março de 2024

Canção de uma noite de insónia

Faz conta eu sou Minas, Baía ou Bento, família de músicos e subi no palco e cantei

Eu era imagens e palavras não delineadas.
As noites sem dormir acumuladas.
Memória de desejo não realizado
Eu era amor não entregue,
o não correspondido
O tempo expirou e o tempo não foi utilizado.

Eu era a efemeridade de um suspiro,
eu era o sentimento reprimido.
Vivi no exílio do amor, do tempo e da paixão.
Mas minha vida abriu um precedente,
Isso aconteceu de repente.
Todos os medos e vazios que eu possuía,
Eles fugiram aterrorizados,
vendo que o amor me correspondia.


Sanzalando

8 de março de 2024

meus retalhos 27

Pouco passava das 23 horas quando sou chamado ao Serviço de Urgência. 
- Dr. chamámos como chefe de Equipe porque temos aqui um caso demasiado invulgar e que eu não sei  como resolver.
- Dr., diga lá o caso para ver se eu o posso ajudar nalguma coisa.
- O Senhor X está em quase coma com uma sepsis e exige antes de morrer casar com a companheira dos últimos anos. Como é que eu posso resolver isto agora. Eu não sei se ele chega a amanhã...
Silêncio enquanto meti a minha cara de pensador e rebusquei alguma coisa parecida no meu passado. Nada. Zero.
- E mais Dr. está ali fora a companheira dele, bem como familiares directos dele.
Mais pensativo fiquei. 
- Deem-me dois segundos que eu vou tentar ler alguma coisa. Entretanto liguei para o Director Clínico que disse que não sabia como resolver a situação. Liguei para um advogado amigo que me aconselhou procurar a Conservadora do Registo Civil da região e em último caso tinha de ser eu a fazer a cerimónia e no dia seguinte oficializar o registo na Conservatória. Lá me ditou uma minuta que eu imprimi no computador do meu gabinete e lá desci. Eu ia celebrar um casamento... 
Desci, fui à Unidade de Intermédios onde estava o paciente, já sem capacidade para responder às minhas questões para lá de um sim ou não. Chamei todos, companheira e familiares, li o documento que havia imprimido e no momento de assinar chegou a Conservadora que me substituiu na cerimónia e utilizou o meu impresso que eu também assinei como testemunha.


(felizamnete depois de longo período o paciente teve alta, casado oficialmente)


Sanzalando

Dia da Mulher


São 8 de um Março e apesar de no lado sul estar céu azul e um abrasador calor, do lado norte parece vem por aí trovoada e um frio gélido. Aqui brilha o sol, ainda. Faz frio, ainda. Mas a luz está optima para uma fotografia. Pena é que não tenho aqui à mão uma paisagem como a dos postais ilustrados, sem moscas e mosquitos e sem o perfume do lixo, o sabor de fumo e pó. As estão ruas desertas por uma doença misteriosa que vai derrubando árvore a árvore num silencio cor de cimento. É por essas e por outras que junto o meu silêncio, atrás da minha janela a ver o mundo mundar num novo caminho que ninguém ainda sabe qual é. 
O dia continua a ter 24 horas, ainda. A noite ainda tem a lua, quando as nuvens deixam-me vê-la a mudar os seus quartos no ciclo que aprendi na escola, com a frase que ela aqui é mentirosa. Faz conta o novo mundo vai ter tudo direitinho, não vai ter polícias e ladrões, assaltos e assaltantes, homens e mulheres, grandes e pequenos. Faz conta o mundo vai ser diferente, mais igual para todos. Faz conta o lixo vai ser todinho reciclado, até aquele que ainda não foi feito mas apenas pensado por qualquer mente que não compreende que o mundo se mudou para outro lugar de paraíso. Faz de conta que não é preciso haver o dia disto e daquilo porque a perfeição se chamou normalidade. 
Hoje, canta-se o Hino à Mulher, compram-se rosas que um qualquer imigrante ilegal e maltratado regou, reforçam-se as mentiras ditas nas calorosas noites escaldantes, esquecem-se os pensamentos e actos violentos de cada dia. 
Hoje é o dia em que a igualdade impera e a véspera do que se esquece. Hoje é véspera do dia em que mundo se normaliza no anormal quotidiano, em que o mundo desigual se desiguala cada vez mais e em que há Mulheres que não têm nenhum Direito a não ser o de sofrer por o serem.


Sanzalando




7 de março de 2024

Crónica de 06 Março de 2024


Sanzalando

amor dá que pensar

Sigo veloz, à velocidade do pensamento. Salto de um para outro, sem rede ou qualquer protecção que me defenda dum errado pensamento. Sigo veloz porque tenho muito para pensar e não quero deixar nada ao acaso, nada desfeito numa falha mental. Não me perco quando me machuco, quando erro ou falho por não ter pensado. Chateio-me sim por não ter pensado. Me perco quando cometo o erro ou falha duas vezes. Me machuco quando insisto na segunda chance da mesma forma que na primeira. 
Não me perco por amar, nem deixo de morrer por amor. Amo por pensar porque só amar não é bom. Amor dá que pensar e eu tenho ainda tanto para ambos.


Sanzalando

Programa K'arranca às Quartas 06-03-2024 - nº 7

Programa de Rádio com palavras, livros e música o livro de hoje - Confissão de Lúcio de Mário Sá Carneiro. 

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