A Minha Sanzala

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2 de junho de 2013

eus

Deves estar a pensar que eu penso em ti, todas as manhãs, todas as tardes ou todas as noites. Julgas que não faço faço mais nada. Na verdade, passeando no zulmarinho, eu penso em esquecer o que já te esqueci. Já sabes que o tempo é o melhor remédio, chega uma hora e se esqueceu o que se queria esquecer e depois é necessário fazer um esforço para lembrar. O contrário de antes. Sabes também que eu sou muitos. Há uma multidão de eus dentro de mim. Tenho várias almas e vários estados de alma. Sou uma criança, sou um velho, sou um sábio, um ignorante, e tu nunca saberás qual deles tens pela frente. Tem vezes que nem eu sei bem quem sou qual.
De verdade, sabes bem, que o eu que tens pela frente sempre se entregou de corpo e alma ao seu desejo. Mas num amanhã, numas três e um quarto de um dia qualquer inexistente, desapareceste como num conto de fadas e os eus meus maus sobressaíram, tendo-me até envergonhado. Hoje já nem me lembro mais porquê, só sobrou mesmo a cicatriz para eu me lembrar disso.
Afinal que é que foi que eu esqueci? Este marulhar me ensurdece a memória.


Sanzalando

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