Podcasts no Spotify

Programas K'arranca às Quartas no Blog

29 de abril de 2007

Caminhar sem destino

Vamos caminhar neste caminhar sem destino directo, sem rotas, sem caderno de viagem. Caminhamos para o futuro, olhando o passado e vivendo o presente, assim num como quem não quer a coisa.
O zulmarinho e a sua maresia nos dão sensação de liberdade, o seu gingantismo nos mostra a nossa pequena existência, a areia, que lhe trava, marca os nossos passos como que a dizer que estamos aqui.
Eu falo-te de coisas de memória, palavras saídas do coração, sem filtros nem marcas que te digam que eu as disse. Falo-tas por falar e porque sei que mesmo que não me ouças tu estás aqui como se as ouvisses.
E a memória trás consigo uma chama de fogachos da vida, sinais da saudade, cumplicidades e outros simbolismos que se notam na marca de qualquer algodão que incendeia os meus passos, cinzas de recordações tristes e alegres. Um caminhar já caminhado.
Pode parecer um inferno olhar os passos já dados, gastos no número de passos que a vida tem, sem saber quantos passos ainda há para dar. Mas aqueles passos têm também a marca nostálgica dos passos dado na adolescência, na incerteza dos passos do futuro, nos caracóis do vazio abismo do futuro.
A memória leva-me, em passadas largas, para lá da linha recta que é curva, semente da minha existência, adubo de mim no hoje que o agora já foi.
Caminhos da memória que nos levam ao precipício do futuro velado da verdade.
Se eu tenho memória é porque eu dou passos em direcção ao futuro e tu me segues seguindo o teu futuro.
Olha, como é domingo, vou parar para beber uma birra loira estupidamente gelada, não para me refrescar a goela, mas só para saciar a sede de amanhã.


Sanzalando

3 comentários:

  1. Este caminhar sem destino expressa de forma bem visível um sentir da alma. Escreve com ideias sóbrias carregadas de uma emotividade surpreendente. Os passos incertos dados, a saudade de uma coisa muito significativa parece-nos estar a compartilhar consigo as situações que o envolvem e fezem parte integrante de si. Os seus olhos parecem sentir. Parecem respirar. Parecem viver. E, vivem, traduzindo com sensatez o que você é. Parabéns! Adorei.
    Abraço
    pena

    ResponderEliminar
  2. Carlos :

    Já me não surpreende o TAMANHO
    dessa tua ALMA africana !

    O que me surpreende é a CORAGEM com que expões (oferendando) as entranhas da tua profundeza !

    BEM HAJAS !

    ResponderEliminar
  3. Viva Carlos:

    Tenho a minha opinião sobre o que escreves lá no Estados Gerais.
    Boa semana.
    Um abraço,

    ResponderEliminar