E o Verão começa quando o planeamos. Os que habitam
no Algarve, começam a pensar nele quando começam a ter problemas de trânsito,
dificuldade em estacionar ou a demorar mais que os habituais 10 minutos para se
deslocarem do ponto A ao B. Insultam o Verão mas depois de entrarem na onde da
rapidez dos que chegam, aproveitam-se para engrossar as fontes de rendimento,
arranjam maneira de formigar o mais possível para aguentarem o Inverno que já
não é o que era, porque o turismo tem-se modificado e já não é tão sazonal como
já foi. Os que chegam de fora, do Alentejo ao Minho, começam a pensar no verão
mal o verão acaba. Primeiro dizem que para cá não voltam por isto e aquilo. Mas
ao longo dos meses vão limando os pensamentos e depois chegada a hora da
marcação cá estão outra vez. E vemos logo que cá chegam porque andam rápido.
Todos os segundos de férias contam e por isso não podem ser gastos em filas
quer de supermercado quer de trânsito, farmácia ou hospitais. E como se vestem
descontraidamente têm também o hábito de assim se comportarem. Estacionam
descontraidamente onde lhes apetece desde que seja à porta o sítio que querem.
Passam à frente da fila do restaurante porque conhecem bem o dono que já nem se
lembra deles dos anos anteriores porque a memória de tantos clientes não dá
para decorar. Mas respondem ao aceno porque devem ser cliente muito habitual e
há que não o perder. O turista conhece meia dúzia de restaurantes e o dono
conhece um milhar de clientes. Mas a simpatia e a necessidade são natas. O
turista chega à praia e o areal é dele. Não faz desporto ou qualquer actividade
física durante onze meses mas chegado o verão ele é jogador de bola, de ténis
ou de ring, ou simplesmente corrida na franja da água salgada, na rua, no
passeio ou até na estrada porque aqueles não abundam por cá. Ele é um expert de
qualquer assunto pela maneira alta como conversa com os amigos de anos
anteriores que só se encontram nesta altura no mesmo sítio e com os mesmos
assuntos. É assim o Verão e verão que o próximo Verão será igual ao do ano que
passou. Os turistas que nos visitam de outras paragens e com outras línguas
sabem que aqui não precisam se preocupar que o poliglota é mesmo daqui. Não há
esforço. Bom é que haja cerveja, música, desporto numa qualquer TV, Karaoke e
golf. O sol deve-lhes incomodar, principalmente à noite já que o vermelhão não
os impede de voltar à torreira do sol. Imagino uma noite dormida sobre aquela
pele… Eu gosto do verão porque como se vê a multiculturalidade desvanece-se e a
igualdade educacional é em todo semelhante. Ricos e pobres, cultos e incultos,
correm com medo que as férias se acabem e eles fiquem sem tempo para se cansar.
Por aqui vamos tendo o verão de cada um, num todo para os que cá ficam depois a
preparar o próximo verão.
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