Houve um apagão. Primeiro, veio
aquele silêncio estranho das máquinas desligadas: o frigorifico sem fazer o seu
ruído, o exaustor calado no meio do cozinhado, e a luz dos relógios digitais
deixaram de dizer as horas. Por um instante, a casa parecia ter parado de respirar.
A vizinha bateu à porta e fez a pergunta: Têm Luz vizinho? Nesse momento fiquei
a saber que o bairro estava sem eletricidade. Minutos depois deste silêncio
chega uma mensagem ao telemóvel: ouça a Antena 1. Fiquei então a saber que não
era o bairro. Não era a cidade. Não era o país. Era a península ibérica que
ficara às escuras.
Mas o mais importante é que no
meio da escuridão, embora ainda fosse meio-dia, vi que algo resistia. O velho
aparelho de rádio a pilhas, esquecido numa prateleira de casa, desde o último
relato de futebol ouvido, voltava a ganhar importância. De repente o som chiado
das vozes virou companhia. A Rádio esteve em alta, não em métricas digitais mas
nos corações de quem como eu queria ser informado.
Viva a rádio e quem nela aposta. Quando tudo apagou, a
rádio brilhou!
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