O vento do mar ainda sabia meu nome. Pelo menos eu acho que ele sabe pois lhe ouvi dizer para eu ir lá para lá do cemitério visitar o padre Vaz.
Voltei ao Forte de Santa Rita depois de tantos anos, Faz para aí uns cinquenta ou sessenta que ele partiu em direcção ao patrão dele. Fui como quem retorna a um sonho antigo, rever a velha igreja por dentro e as primeiras casas de chapa que eu vi desde que passei a frequentar o cemitério todos os domingos.
Na praia as pedras da marginal gastas pelas ondas ainda guardavam o cheiro da infância, do sal e das promessas que fiz a mim mesmo sentado no parapeito, vendo o horizonte se afogar no entardecer, quando as ouvi pedir para ir ver o Forte de Santa Rita.
As paredes acinzentadas do cimento frio a precisar de repintura, me fizeram lembrar o padre Vaz e o seu velho citroen de chapa frágil.
O forte cresceu que até vou dizer ficou maior que a cidade propriamente dita
Lá, naquele mesmo canto onde costumávamos correr as corridas de corta mato, ainda ecoava o riso da minha irmã, quando eu lhe dizia que um dia ainda eu ia ganhar uma. Acho nunca dei mais que uma volta das três programadas e ela tinha razão.
Sentei, fechei os olhos. Agora tem amigos novos nestas bandas. São poetas. São Ancestrais. Gente boa existe.
Naquele instante, compreendi: não fui ao forte apenas matar saudades. Fui para reencontrá-las. E deixar que elas me abraçassem de volta.
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