Havia uma criança que caminhava sozinha por um deserto imenso, mesmo que o tamanho fosse pequeno aos olhos dos adultos. Para ela era um deserto que não tinha fim.
A areia parecia-lhe um mar dourado, e as dunas subiam e desciam como ondas paradas no tempo. Quando ela olhava para trás ela via as ondas do mar, só que essas eram azuis. Ela adorava o contraste. Ela perdia-se em contemplação, ora de um lado ora do outro.
A criança tinha coragem, muito para lá da vontade.
Enquanto caminhava, avistou uma miragem e os seus olhos se tornaram brilhantes.
Até que enfim vou poder beber água - pensou.
Mas a miragem mantinha-se sempre distante.
Anoiteceu e com a noite chegaram as estrelas e ela decidiu segui-las.
À noite, o céu escureceu e milhões de estrelas acenderam-se como lanternas.
Uma delas pareceu ter caído devagarinho, pousando na palma da mão da criança.
Era fria como a brisa e leve como poeira.
- Se me guardares no coração, nunca estarás só - sussurrou-lhe a estrela.
A criança sorriu.
Seguiu caminhando e, ao longe, encontrou um oásis escondido: palmeiras, água fresca, e pássaros cantando.
Deitou-se à sombra, agradecida, com a estrela no peito.
Quando acordou, reparou que não tinha saído do seu quarto. Tivera apenas um sonho
E desde aquele dia, ficou a dizer sabia que até no deserto mais vazio há amizade, esperança e magia.
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