Antigamente eu era adolescente. É, para quem não pensa eu já fui adolescente.
Tinha o coração apressado, os sonhos grandes demais para caber no bolso e a mania de achar que o mundo me devia alguma coisa.
Ria alto, chorava fácil, e acreditava que cada pôr do sol escondia um segredo só meu.
Eu me lembro das tardes vazias que pareciam eternas, das músicas que me faziam acreditar que a vida era um filme e eu, o protagonista.
As amizades vinham e iam como as ondas do mar, mas sempre deixavam conchas: lembranças pequenas, que ainda guardo.
Depois eu cresci.
Descobri que a vida não é um filme perfeito, mas um livro em constante reescrita, em várias formas de ser lido e revisto. Às vezes apetece rasgar aquela página, mas o livro sem ela não era o livro que é.
Aprendi que o amor não é sempre fogo de artifício, às vezes é só uma chama que se inquieta e que quase se apaga numa pequena brisa e que tudo bem, continua assim.
Ainda tenho medos, ainda me perco, ainda sonho.
Mas agora sei sorrir por dentro.
Porque, no fim das contas, crescer não é deixar de ser quem fui, é carregar comigo o adolescente que acreditava em tudo, só que agora com um pouco mais de calma e sabedoria.
E mesmo depois de tanto tempo, continuo a sorrir.
Por tudo que vivi, e por tudo que ainda vem.
Se eu tivesse rasgado alguma folha, se tivesse queimado alguns capítulos, este livro que sou era só capa e contracapa, vazio de letras, de sonhos, de esperanças e fundamentalmente, era um livro triste.
Sanzalando
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