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6 de novembro de 2025

Castelos de Sonhos

Era uma manhã daquelas quentes, que só África sabe ter, e o sol refletia no mar como dedos de luz. Eu corria pela praia com um balde azul balançando na mão. A areia molhada não queimava os pés e deixava brincar como se fosse uma aventura.

Sentei-me perto de onde as ondas podiam chegar e comecei a construir o meu castelo. Cada montinho de areia era um pedacinho de sonho: uma torre para os desejos, um fosso para os medos, uma ponte para os pensamentos que ainda não tinham nome.

A brisa que vinha do mar soprava histórias antigas, e eu ouvia como quem escuta o mar a falar. Me dizia o mar, que cada grão de areia guarda uma lembrança de quem já passou por ali — pescadores, sereias, viajantes, poetas, namorados e náufragos.

Enquanto moldava as torres com cuidado, imaginava eu que dentro do castelo viviam os meus sonhos, um barco que podia voar, uma estrela que a ensinava a dançar, e um sol que nunca se punha, um amor que nunca acabava e uma vida sem fim.

Mas quando a maré subiu, as ondas vieram e levaram o castelo embora embora, grão por grão. Nem ruína ficou. Sobrou cicatriz na minha alma e sorri. Sabia que os meus sonhos agora navegavam com o mar, livres, como sonhava eu ser.

E naquela tarde, de olhos fechados, ouvindo o mar, sonhei outra vez em ser eterno enquanto gostar de mim.



Sanzalando

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