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21 de maio de 2025

conto a sabor a mar

Numa manhã calma, o mar sussurrava segredos antigos à areia, que os ouvia com paciência de amante. A brisa dançava entre as palmeiras doas arcadas, carregando o cheiro salgado das ondas e o riso de um menino que corria descalço pela praia, com os bolsos cheios de conchas, que até parecia ia levantar uma joeira.

Sentada numa das arcadas, uma senhora de cabelos prateados observava o horizonte, olhos para lá do real como que à espera de alguma coisa que viesse pelo mar. Todos os dias eu a via ali, mesmo banco, mesmo olhar de esperança. Acho ela está ali desde que o seu amor partiu com promessa de voltar. Nunca mais voltou. Mas ela, uma vez que meti conversa me contou, o mar não rouba, ele guarda. E que um dia, quem escuta o mar com o coração, ouve vozes de volta.

Naquele instante, uma onda mais forte beijou os pés do menino que corria e deixou uma garrafa entre a espuma. O menino lhe pegou e veio a correr direitinho a ela. Lhe deu a garrafa que trazia dentro, um papel manchado pelo tempo: “Esperei-te em cada porto. Agora, espero aqui.”

Ela sorriu com os olhos de sabor a mar. O menino lhe ofereceu uma concha que tirou do bolso. O mar, então, pareceu respirar aliviado. Como se, finalmente, tivesse contado o seu segredo mais precioso.



Sanzalando

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