Sentada numa das arcadas, uma senhora de cabelos prateados observava o horizonte, olhos para lá do real como que à espera de alguma coisa que viesse pelo mar. Todos os dias eu a via ali, mesmo banco, mesmo olhar de esperança. Acho ela está ali desde que o seu amor partiu com promessa de voltar. Nunca mais voltou. Mas ela, uma vez que meti conversa me contou, o mar não rouba, ele guarda. E que um dia, quem escuta o mar com o coração, ouve vozes de volta.
Naquele instante, uma onda mais forte beijou os pés do menino que corria e deixou uma garrafa entre a espuma. O menino lhe pegou e veio a correr direitinho a ela. Lhe deu a garrafa que trazia dentro, um papel manchado pelo tempo: “Esperei-te em cada porto. Agora, espero aqui.”
Ela sorriu com os olhos de sabor a mar. O menino lhe ofereceu uma concha que tirou do bolso. O mar, então, pareceu respirar aliviado. Como se, finalmente, tivesse contado o seu segredo mais precioso.
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