- És novo aqui? - perguntou-me
sem cerimónia.
- Sou. Cheguei faz mais de uma
semana, mas ainda estou aprender a pedir
café sem errar.
Ela riu. Ensinou-me que no Porto,
pedir um “cimbalino” era coisa séria. Já na Madeira era mais habitual pedir-se
uma Chinesa, que era assim como uma meia de leite, que é o mesmo que café com
leite como se bebia na minha casa ao lanche. E que o melhor café vinha
acompanhado de conversa. E de conversa em conversa eu já tinha dois grupos.
Nalgumas conversas deste segundo e novo grupo tinha altura que eu tinha de
perguntar por legendas, pois a pronuncia não me deixava adivinhar o contexto da
frase.
Éramos da mesma turma e começamos
a estudar juntos. Depois a passear. Depois também simplesmente a caminhar pela
cidade como se a cidade também fizesse parte dos conhecimentos universitários.
Aos poucos, fui conhecendo o Porto pelo cheiro do rio, do mar gelado da Foz e pelas
conversas perto da ponte D. Luiz I ou nos jardins do Palácio de Cristal. Era
uma amizade firme que nascia sem outras intensões ou quereres.
Não demorou para que Leonor fosse
mais familiar que qualquer rua, e que a cidade deixasse de me parecer
estrangeira, fria e distante. Mas a hora do recolher a casa estava a impedir-me
de conhecer outro Porto. Eu não conhecia o Porto ao pôr-do-sol e eu tinha
saudade do meu pôr-do-sol.
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