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16 de junho de 2025

Cheguei ao Porto ... 6 de não sei quantos

Também pela tristeza que sentia por ter deixado para trás tanta coisa que eu tinha gostado de paixão, estava difícil viver ali. A vontade de ser gente só existia das 6 às 17, depois entrava a escuridão e a solidão.  No silêncio do quarto nascia a vontade de voltar atrás e deixar aquele mundo, apagar aquele sonho. As primas de grau que eu desconheço, cada vez mais de cerco apertado, impediam que tomasse o meu banho diário. Hábito nascido, penso eu, no dia em que nasci. Mas no dia seguinte, quando entrava na pastelaria da Areosa eu adormecia essa tristeza e renascia ao ponto de esquecer a solidão que me cobria naquele silêncio chamado casa das primas cujo grau desconheço.

Num assim lembrado de repente, no primeiro fim de semana que lá passei, ambas me pediram para ir à pastelaria comprar uma regueifa, que seria para o almoço. Claro está que, chegado à pastelaria, nunca mais me lembrei de tal palavra que só tinha ouvido uma vez e fora logo ali naquele instante. Como sabia que o que queriam era pão, eu levei aquele que mais se parecia com o pão que sempre houve na minha casa e era comprado na Padaria em frente à papelaria Couto. Mas mal cheguei a casa, desembrulharam o cartucho e quando viram que eu trazia pão que era pão, falaram tanto e tão mal, num português vernáculo, que mais tarde vi era linguagem corrente e vulgar, agarrei em mim, voltei à pastelaria e contado o que eu se tinha passado me vendaram a tal regueifa, guardei o pão no meu quarto e recusei almoçar. As primas cujo grau desconheço tinham atingido o meu patamar de bruxas de cujos filmes me ia lembrando ao ver o velho casario.


Sanzalando

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