Se o clima tivesse um perfil, ele estaria classificado de como "é muito complicado".
Acordo com chuva, almoço com sol, e antes do jantar já estou de volta ao modo lareira e drama existencial. E o mais impressionante: isto é primavera. A estação que, segundo a tradição, deveria trazer flores, amores e sorrisos na cara das pessoas que circulam em ruas carregadas de gente. Vejo nos meus livros do tempo de escola que era a alegria personificada
Mas o que temos?
Chove. Faz sol. Às vezes os dois juntos, como se o céu tivesse esquecido de escolher o figurino e dissesse: “Vai tudo a monte porque ninguém vai notar”. Mas a gente nota — com o guarda-chuva numa mão e os óculos de sol na outra, equilibrando a dignidade como pode, firmeza no olhar e rugas de testa franzida como que chateados com o vida .
E ainda me dizem: “Ah, a primavera!”. Dizem com um suspiro poético, como se fosse uma estação de contos de fada. Mas a realidade é que a primavera é tipo uma aplicação em construção: promete muito, entrega cruzamentos climáticos e ainda exige que você sorria porque “é a estação das flores”.
Flores? Eu vi uma ontem. Estava murcha, ensopada, e com ar de quem também não entende o clima.
No fim das contas, a primavera é a gente seguir, entre poças e bronzeados inesperados, rindo para não molhar — quer dizer, chorar.
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