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16 de abril de 2025
Programa 63 - K'arranca às Quartas
Programa de Rádio com palavras, livros e música - 16 de Abril de 2025, tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar, aos cortes ou de seguida. A opção é sua.
14 de abril de 2025
a minha cidade de tormento
9 de abril de 2025
Programa 62 - K'arranca às Quartas
Programa de Rádio com palavras, livros e música - 09 de Abril de 2025, tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar, aos cortes ou de seguida. A opção é sua.
8 de abril de 2025
O Detalhe
Era um botão. Só isso. Um botão da camisa, quase invisível, ali perto da gola. Faltava.
Ninguém percebeu - excepto eu. O detalhe. Pequeno, mínimo, mas gritava no meio da arrumação toda. A camisa era nova, tecido alinhado, meias a condizer e o sapato engraxado. Mas aquele botão ausente fazia o mundo inteiro parecer meio torto. O mundo falhou, pensei.
E é assim com os detalhes.
Há quem diga que são apenas minúcias, coisas para os obsessivos e perfeccionistas. Mas não é verdade. Os detalhes não são só partes do todo — muitas vezes, são eles que definem o todo. Aquele sorriso de canto que escapa no meio de uma conversa séria. A pausa entre duas palavras. O jeito como alguém segura uma caneca ou um copo ou como dobra um guardanapo. Um detalhe pode revelar intenções, sentimentos, histórias.
O detalhe é onde mora a realidade.
Lembro-me que o meu avô me dizia: "Quem olha só a roupa, vê a aparência. Quem olha a costura, entende a alma." Nunca vi o meu avô falhar. Ele era o detalhe. Pelo menos da família.
No amor também é assim — são os detalhes que nos capturam. O jeito como ela prende o cabelo distraída, como ele fala baixo quando está com sono. Não é sorriso enorme nem a declaração de cinema que marca, mas a lembrança de ter dividido um guarda-chuva num dia de chuva.
Vivemos numa época de exageros: gritos, flashes, sangue e sirenes. Mas é no detalhe que mora a beleza subtil, aquela que não precisa de holofotes, só de olhos atentos.
Talvez o segredo da vida boa seja esse: aprender a notar o botão que falta — e também os que estão firmemente costurados.
Tantas vezes me perdi nos detalhes da vida. A admirá-los, diga-se.
7 de abril de 2025
por mais
6 de abril de 2025
contrastes
2 de abril de 2025
Programa 61 - K'arranca às Quartas
Programa de Rádio com palavras, livros e música - 02 de Abril de 2025, tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar, aos cortes ou de seguida.
1 de abril de 2025
do ontem ao amanhã
31 de março de 2025
falta palavras
27 de março de 2025
a ver se me vejo
26 de março de 2025
Programa 60 - K'arranca às Quartas
Programa de Rádio com palavras, livros e música - 26 de Março de 2025, tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar, aos cortes ou de seguida.
25 de março de 2025
A dois amigos que partiram
24 de março de 2025
Olha bem para mim e sorri.
22 de março de 2025
Num Março de antigamente
O vento quente do deserto soprava pela marginal, levantando
finas nuvens de areia que se misturavam ao cheiro salgado do Atlântico. Ela semicerrou
os olhos contra o brilho dourado do fim de tarde e segurou os cabelos, protegendo-se da brisa
persistente.
Caminhava devagar, os pés quase não pisavam o passeio irregular.
Ao longe, os barcos de pesca balançavam no porto, as suas sombras espelhavam na
água do zulmarinho. A cidade, com suas ruas quadriculadas e prédios coloniais
de cores desbotadas pelo tempo, parecia presa no tempo, entre a memória e o
presente.
Ela sentou-se num banco próximo à praia das Miragens. De
onde estava, podia ver as dunas estirando-se para o interior, como ondas
congeladas de areia. Lembrou-se das histórias que a minha avó lhe contara,
sobre os primeiros navegadores que chegaram ali, sobre os mistérios escondidos
na terra árida e bela de Moçâmedes.
Parou. Olhou-me e disse-me:
- O deserto é um mar inerte;
- Não. O deserto pode ser a vida. Começas sem nada e se nada
fizeres, terminas como começaste.
Olhou-me e partiu sem nada me devolver
20 de março de 2025
divagação
19 de março de 2025
Programa 59 - K'arranca às Quartas
Programa de Rádio com palavras, livros e música - 19 de Março de 2025, dia do Pai tal e qual como se fez em directo para ouvir indirectamente aqui ou em qualquer outro lugar, aos cortes ou de seguida. Escolha e ouça com o pensamento. Ouça-nos com ouvidos de pensar
carta a meu pai
Carta ao Mau Pai
Querido Pai,
Escrevo-te esta carta com o
coração pesado e a mente atabalhuada. Há muito que guardo dentro de mim as
palavras que hoje te dirijo, na esperança de encontrar algum alívio e, talvez,
entendimento. Esta carta não é um ataque, mas um apelo à reflexão e à
compreensão.
Desde a minha infância, sempre
desejei a tua presença, o teu carinho e o teu apoio. No entanto, apenas
encontrei o silêncio, porque vazio estava o teu lugar. Um pai é a primeira
figura de autoridade e de amor na vida de um filho, e eu ansiava por ser visto,
ouvido e valorizado por ti. Sempre o fiz na imaginação, pelo que via outros
pais a fazerem aos seus filhos
Recordo-me dos momentos em que me esforçava para ter uma
recordação. Cresci sentindo que me faltava qualquer coisa. A tua aprovação ou o
teu sorriso.
Pai, a tua ausência física teve
consequências além das que eu próprio percebo. Houve momentos em que precisei
desesperadamente de um conselho, de um abraço ou simplesmente de alguém que me
escutasse e me apontasse um caminho. Em vez disso, eu estava sozinho a navegar
pelos desafios da vida sem a tua orientação, que tanto desejava.
Apesar de tudo, não escrevo esta
carta para desculpar ou protestar. Escrevo para tentar encontrar um caminho
para a minha cura e para a reconciliação do eu que exigi de mim, ser gente de
letra maiúscula.
Eu gostaria de ter conhecido o
teu lado da história. Sei que o passado não pode ser alterado.
Pai, quis o destino que morresses
quando eu era criança. Quis o destino que eu fosse um sonhador que te imaginou
sempre ao meu lado, em silêncio, mas de olhos abertos a ver-me crescer.
Com carinho
JCC
18 de março de 2025
delirante vida
17 de março de 2025
inverno e chuva
14 de março de 2025
vou
13 de março de 2025
Delírio
12 de março de 2025
Programa 58 - K'arranca às Quartas
tão certa a minha incerteza
11 de março de 2025
Festas do Mar
9 de março de 2025
ensaio da aula
Imagine que a sua alma é um
vulcão e jorra enquanto tem tempos que dorme, silenciosa, mas dentro dela, continua
o fogo vivo, um calor que pulsa, que arde, que se move como um rio subterrâneo
de sentimentos e palavras.
E então, um dia, ela jorra
violenta. Explode em lava incandescente, em versos perdidos no vento, em
emoções que escorrem pelo corpo e queimam o papel do caderno. Não há contenção,
apenas a necessidade incontrolável de ser.
É lírico como magma da alma,
intensa a forma de amar, ardente forma de ser. Ele queima a rigidez das horas,
dissolve a frieza da rotina e redesenha a paisagem do sentir.
Onde antes havia pedra, nasceu
terra fértil. Onde antes havia silêncio, há agora um poeta que canta.
Ser vulcão é não temer a erupção.
Porque alma que nunca jorra, vira pedra fria e viver é incendiar-se nos fogos
da existência.
7 de março de 2025
Á tia Mariete
6 de março de 2025
gente
5 de março de 2025
Programa 57 K'arranca às Quartas
3 de março de 2025
no meu Espaço
Vou por aí, até entrar no buraco negro que é a vida que tudo absorve e tudo confunde.
Sanzalando
1 de março de 2025
divagação de mim
Deixo-me esparramar sobre o meu
espaço pessoal, que é aquele em que cada pessoa se perde nos pensamentos, em
que me creio sentir confortável e seguro. Pode ser um quarto aconchegante, uma
mesa de trabalho organizada, um cantinho para relaxar ou o vazio de quem vê o
mar. Este espaço reflete a minha personalidade bem como as necessidades essenciais
para o meu bem-estar. Respeito-o porque o espaço pessoal é fundamental em
qualquer momento. A maresia, a solidão, a brisa, eu, um mundo cheio de mim,
carregado de vida, sorrisos dispersos, lágrimas perdidas. O meu espaço no mundo,
sem fronteiras nem barreiras leva-me por tantos aís que acabo de me encontrar num
espaço urbano onde me cruzo com muita gente, onde observo as fachadas, as
árvores, os rostos fechados, os silêncios barulhentos e confusos, caóticos
momentos. Mantenho-me equilibrado na minha qualidade de observador pensante,
vagabundo de pensamentos e sem abrigo desobrigado de rotinas pelo que num
instante dou comigo num espaço cósmico, num vazio repleto de sonhos e desejos,
porque estes não ocupam lugar embora fascinem.
Vou por aí, até entrar no buraco
negro que é a vida que tudo absorve e tudo confunde.