Adolescente ouvi histórias sobre a luta pela libertação e sobre os sonhos de um país livre. Hoje, ao celebrar meio século de independência, sinto que a história de Angola é também parte da minha identidade.
Angola percorreu um longo caminho — da guerra à paz, da reconstrução ao desenvolvimento. Havendo ainda muitos desafios: desigualdade, juventude desempregada, e a necessidade de fortalecer a unidade nacional.
Mas há também orgulho: os angolanos são um povo resiliente, criativo e cheio de esperança. Os 50 anos de independência são um convite a olhar para trás com gratidão e para o futuro com responsabilidade.
Dizem que o tempo passa depressa, mas cinquenta anos é tempo suficiente para nascer, crescer, errar e recomeçar — tanto para uma pessoa quanto para uma nação.
Quando ouço os mais velhos falarem, percebo que o país foi sonhado e nascido entre sacrifícios, mas percebo que quando falam de 1975 é assim como quem fala do nascer do sol depois de uma longa noite. Falam de esperança, de lutas, de promessas.
Hoje, Angola faz cinquenta anos. E eu, que sou parte dessa metade de século, carrego comigo uma mistura de orgulho e inquietação. Orgulho porque Angola resistiu, porque dança mesmo quando o chão ainda é duro e irregular, porque o riso ainda vence o cansaço e a desmotivação. Inquietação porque ainda há tanto por fazer, tanta desigualdade a corrigir, tanta juventude à espera de oportunidade.
Mas talvez ser angolano seja isso mesmo: viver entre a memória e a esperança. Saber que a liberdade não é um ponto final, mas uma frase que ainda se escreve.
Eu e Angola caminhamos juntos — ela com as suas cicatrizes, eu com as minhas dúvidas e meus medos. E, juntos, sonhamos o mesmo sonho: o de um país mais justo, mais aberto, mais nosso.
Cinquenta anos depois, continuo a acreditar. Porque acreditar, afinal, também é uma forma de amar.
Sem comentários:
Enviar um comentário